Competição no gargalo: Haddad vende gato por lebre ao setor de etanol e a Petrobras (PETR4) fez o resto

Indústria de etanol

Usinas de etanol certamente refazem as contas da competitividade com a volta dos impostos (Imagem: Saulo Cruz/Agência Câmara de Notícias)

O arranjo final que o governo deu para a volta das taxas sobre os combustíveis não foi o esperado pelo setor de etanol. E com a redução que a Petrobras (PETR4) forneceu à gasolina, de 3,9% (menos R$ 0,13 por litro) sobraram mais preocupações sobre a manutenção da competitividade.

Sim, a competividade voltou, porque a gasolina vai ser mais impactada, mas as contas dos especialistas são outras e não aquelas que o ministro Fernando Haddad anunciou.

A gasolina que subirá R$ 0,47 por litro é a A, aquela oferecida pela estatal às distribuidoras, sem adição de etanol.

Na C, a que baterá de frente com o hidratado nas bombas, será de R$ 0,3334, levando em consideração os 27% de mistura de anidro realizada nas distribuidoras.

Em equação de Martinho Ono, CEO da SCA Trading, lembra-se que em 15 de maio de 2022 a diferença de taxas para o combustível concorrente, o C, era de R$ 0,69. Era o esperado agora.

Na mesma data, a gasolina que saia da Petrobras estava em R$ 0,89 a mais.

A Lei Complementar 123, inclusive, dá respaldo para essas margens maiores favorecendo o biocombustível nacional.

O aumento de R$ 0,02 para o etanol foi simbólico, porém a margem de benefício marcado em lei foi encurtada nos 90 dias nos quais a medida valerá até que o PIS/Cofins retornem aos 100%. A Cide zerada será mantida este ano.

Para Edmundo Barbosa, presidente do Sindalcool, que representa as usinas da Paraíba, essa distorção deverá ser corrigida “nos bastidores”.

Por ora, há que se comemorar a melhor capacidade de consumo para o biocombustível, em paralelo a menor emissão de poluentes em caso de a gasolina perder a concorrência, além do que ele vê “liderança [de Haddad] na responsabilidade fiscal para a redução dos juros e menor inflação com etanol”.

Como Barbosa, Martinho Ono e outro trader, Paulo Strini, do Grupo Triex, pensam que a racionalidade precisa ser buscada na cadeia do etanol.

Os aumentos de oportunidade pura e simplesmente podem deixar a paridade, que ainda não está no ideal, acima dos 70% na relação de preços com a gasolina, especialmente porque a Petrobras fez seu papel de apresentar uma resposta política aos críticos da volta dos impostos.

E mostrou que sempre o fará cortes nos derivados de petróleo enquanto não houver uma definição de como será seu novo programa de preços, que certamente não será mais o de reajuste com base nos preços internacionais de modo quase automático.

E, ainda, a safra 23/24 do Centro-Sul está para começar e a “produção vai bombar”, complementa Strini.

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