Via (VIIA3), Gol (GOLL4), Azul (AZUL4)… É hora de você lucrar emprestando dinheiro para empresas endividadas?
“Se não parece que teremos contaminação, será que estamos diante de uma oportunidade clara de💥️ investimento no segmento?”, pergunta Fernando Ferrer (Imagem: Pixabay/ 1820796)
Reestruturação de 💥️dívidas de empresas pode superar R$ 260 bilhões. Esta é a manchete de uma matéria recente divulgada pelo jornal 💥️Valor Econômico.
Após o caso Americanas (💥️AMER3) vir à tona, com um rombo da ordem de R$ 20 bilhões e um endividamento de R$ 48 bilhões, que inclusive motivou o seu pedido de 💥️recuperação judicial, outras empresas têm se mostrado mais frágeis do que pareciam anteriormente.
Como eu havia comentado em uma das minhas últimas colunas, nas últimas semanas, foram noticiados o novo pedido de recuperação judicial da 💥️Oi (💥️OIBR3), as dificuldades da 💥️Light (💥️LIGT3) e da 💥️Marisa (💥️AMER3), a quebra de algumas financeiras e o não pagamento do aluguel do centro de distribuição da 💥️Vinci Logística (💥️VILG11) pela 💥️Tok&Stok.
Dado o crescente número de casos de empresas em situação de dificuldade, buscamos entender dois aspectos importantes: (1) trata-se de um problema com potencial de 💥️contaminação no mercado? (2) como fazer para evitar investir em uma empresa que esteja potencialmente em uma 💥️situação de alerta, como as citadas acima?
O caso Americanas me parece ser pontual, ou seja, depois de muito estudo e diversas conversas com outros analistas e players de mercado, ainda não encontrei empresas que classificavam e reportavam o risco sacado da mesma forma que a companhia e, portanto, não me parece que passaremos por uma situação de contaminação do 💥️varejo, sendo um problema pontual da empresa do 💥️Grupo 3G.
Por outro lado, a sequência de notícias ruins vindas de grandes empresas fez com que houvesse uma grande abertura de💥️ spreads de crédito. A natureza dos eventos e os elevados ratings externos de crédito exerceram um amplo efeito negativo sobre a confiança, resultando no aperto das condições para oferta de crédito e na elevação dos spreads praticados.
Crédito privado vive terceiro ciclo de alta dos spreads
No gráfico abaixo, elaborado pela gestora 💥️JGP, é possível perceber que, mesmo excluindo Americanas e Light, houve uma forte evolução nos spreads em poucos dias. Vale pontuar que, desde o lançamento da pesquisa, esse é o terceiro ciclo de alta dos spreads.
Fonte: JGP
O gráfico abaixo, também elaborado pela mesma gestora, dá uma ideia da magnitude do aumento da volatilidade média e da queda de retorno do mercado.
Fonte: JGP
Se não parece que teremos contaminação, será que estamos diante de uma oportunidade clara de💥️ investimento no segmento?
Acredito que não. Embora existam oportunidades quando pensamos em 💥️crédito privado, o forte aumento de 💥️juros que o 💥️Banco Central promoveu ao elevar a 💥️Selic de 2% para 13,75% (e manter nesse patamar por muito tempo) fez com que o custo de financiamento para as empresas subisse e a necessidade de reperfilamento de dívida aumentasse.
Já é possível inclusive ver companhias vendendo parte de suas operações para honrar com os seus compromissos. Nesse cenário, investir em 💥️títulos sem a proteção do FGC e sem a devida diligência pode acabar sendo bastante 💥️danoso para o investidor.
De volta para a matéria do Valor, de acordo com levantamento da 💥️Virtus BR, o momento atual de reestruturação só não é mais grave que o da crise de 2015, quando a atividade econômica fraca e a queda de grandes empresas envolvidas na 💥️Lava-Jato contribuíram para o colapso de nossa economia e na necessidade de adequação de quase R$ 500 bilhões em dívidas.
Pensando na pergunta 2 que fiz no início desse texto, sobre como evitar investir em uma empresa que esteja potencialmente em uma situação de 💥️endividamento delicada, realizei um estudo com dois critérios para todas as companhias listadas na 💥️B3.
As empresas com mais necessidade de caixa listadas na Bolsa
O primeiro parâmetro era medir o percentual do caixa + contas a receber de clientes sobre o endividamento de curto prazo e, o segundo, a mensuração da dívida líquida sobre o ebitda. Com isso, conseguimos medir quais companhias terão uma maior necessidade para acessar o mercado de dívida no curto prazo. O ranking está organizado pelas companhias que estão em uma situação de caixa potencialmente mais urgente.
Fonte: Empiricus e Bloomberg
Embora sejam números frios, servem como uma análise preliminar para entender a situação das empresas. No topo da lista, nomes como 💥️Paranapanema, 💥️OSX, 💥️Rossi, 💥️PDG, 💥️Viver e 💥️Restoque, não surpreendem. Todas estão passando ou passaram por problemas financeiros (algumas seguem em RJ) e possuem uma relação dívida sobre caixa + contas a receber acima de 100%, o que levanta uma bandeira vermelha.
Ainda que não estejam em um cenário tão crítico quanto as citadas acima, a 💥️Via, 💥️Gol e a 💥️Azul também precisarão acessar o mercado neste ano. E, dado o cenário macro desafiador, deverão encontrar dificuldade. Recentemente, ambas aéreas tiveram suas classificações de crédito rebaixadas.
Resumo da ópera: cuidado com o canto da sereia e as aparentes boas oportunidades de investimento. O cenário para crédito está desafiador e é possível que vejamos mais grandes empresas com dificuldades.
✅Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA de Finanças pela mesma instituição, 💥️Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa. Colunista da newsletter Day One, Fernando passou a integrar o time de colunistas do Money Times com sua série semanal Entre Altas e Baixas.
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