EUA: boi da Marfrig (MRFG3) X boi da JBS (JBSS3). O ‘diabo pode morar’ nos detalhes

Na comparação com JBS, se verá se a National Beef, da Marfrig, pagou mais ou menos pelo boi nos Estados Unidos

Quando saírem os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) da JBS (JBSS3), nos detalhes poderá se ver qual tem mais ficha com o dono de boi no mercado americano, na comparação com a Marfrig (MRFG3).

Esta reportou o balanço do período na quarta, elencando que boa parte dos resultados mais fracos deveram-se ao aumento dos custos. Apresentou prejuízo de R$ 628 (R$ 650 milhões de outubro a dezembro de 2023) e Ebitda ajustado de R$ 2,22 bilhões, que decresceu 46,8%.

Boi na ponta, em ciclo mais curto de oferta, como já vinha desde a virada do meio do ano passado, foi determinante, até mais que a queda média dos valores de carnes comercializados.

Conforme o 4T22 da Marfrig, a sua National Beef gastou US$ 2.811 milhões, alta de 16,9%, sobre o 4T21, “explicado principalmente pelo aumento no preço médio de compra de gado”.

O preço médio utilizado do USDA KS Steer, indicador base do Kansas, foi de US$ 151,01 cwt (centum weight), unidade de peso cujo valor cresceu 14,9% na comparação anual.

Não foi informado o volume de gado adquirido pelo grupo nos Estados Unidos, em operações que participaram com R$ 16,057 milhões (-10,3%) das receitas líquidas consolidadas de R$ 37,389 milhões. A América do Sul representou R$ 6,610 milhões.

Mesmo que haja alguma discrepância com a JBS, em razão da diferença, para maior deste, do volume de boi comprados, que em tese propicia negociações mais vantajosas com os fornecedores, ainda assim poderá ser um sinalizador da situação de ambos os frigoríficos.

Não se espera reversão do cenário de oferta restrita de animais ainda em 2023. Ao contrário.

Em paralelo à disparada dos preços da matéria-prima de outubro a dezembro, o valor de comercialização caiu, pela pressão inflacionária. O grupo comandado por Marcos Molina vendeu 559 mil/t, 7,6% a mais creditado ao calendário do período com uma semana a mais (13 no 4T21), e informou redução de 11,5% no preço da carne, em cerca de US$ 5,4 mil/t.

Como a participação das exportações das operações americanas somou 13%, o consumo doméstico pesou.

JBS deverá ter números de vendas mais encorpados, pelo seu tamanho em proteína bovina, rivalizando diretamente com o maior frigorífico 100% americano, o Tyson Foods, mas pelas características do sistema distribuição-varejo, o que também pode influir residualmente nos valores.

O 4T22 da companhia será divulgado dia 21 de março.

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