Felipe Miranda: Sangue novo na Empiricus, Dogville e a diferenciação no pós-história

💥️Por Felipe Miranda, CEO da Empiricus Research

“Parem as máquinas!” Roberto Avallone marcou infância. Suas discussões com Chico Lang eram verdadeiros dérbis. Depois daquela final do Campeonato Paulista de 1993, me fez chorar quando, com sorriso estampado no rosto, contou Palmeiras 1,2,3,4… Corinthians, 0. Ah, se o Edmundo tivesse sido expulso, seria bem diferente – até o Luxemburgo assumiu depois.

Alguns jornalistas ficam na memória. Estão cada vez mais raros, mas ainda existem.

Emocionado com a sua morte, uso hoje um de seus maiores bordões para comemorar o anúncio de um reforço de peso à Empiricus.

A partir de março, a brilhante jornalista Angela Bittencourt, uma das almas mais jovens que eu já conheci, passará a contribuir com as nossas publicações. Para mim, em particular, é uma grande honra poder contar com a Angela entre nós. Cresci lendo e aprendendo com seus textos – estou motivado em continuar aprendendo agora, dessa vez podendo ver o processo de perto.

São poucos os jornalistas com tamanho conhecimento, profundidade intelectual, acesso às melhores fontes e propriedade no que se fala – ah, ela escreve assustadoramente bem também.

É um enorme prazer poder enriquecer nosso conteúdo editorial e levar aos nossos assinantes as melhores informações possíveis sobre investimentos – demonstração inequívoca do compromisso com a perseguição implacável da evolução contínua em prol da melhor orientação e educação financeira. Ela vai contribuir com colunas aqui no Day One, com uma publicação quinzenal na série Palavra do Estrategista e com podcasts especiais, contando com participações de convidados ilustres.

Angela, seja muito bem-vinda! Estávamos mesmo precisando de sangue novo.

Enquanto não chegam as águas de março, voltemos a fevereiro e às suas questões mais imediatas.

Abro hoje o Valor e me deparo com uma entrevista de Joaquim Levy. Imediatamente, com movimentos musculares não deliberados, fui levado à lembrança de uma palestra que ouvi há uns seis ou sete anos. Estava na plateia quando fui sugado pelo genial showman no palco:

“O BNDES está uma coisa pequenininha hoje, viu? Nosso banco de fomento tem agora um tamanho equivalente a quatro vezes o Banco Mundial. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que tem alguma coisa errada aqui. O banco ficou tão grande que até o Pobre Juan virou Rico Juan.”

Era uma piada com a linha de crédito à época concedida pelo BNDES ao restaurante – nada contra o Pobre Juan; aliás, ao contrário. Prefiro o Rodeio do Iguatemi, confesso, mas já comi bastante bem na churrascaria do Cidade Jardim também.

Passa um tempo e o tal palestrante recebe uma ligação.

“O presidente do BNDES está na linha. O senhor pode atendê-lo?”

“Tenho que atender, né? Pode passar.”

“Oi, tudo bem?”

“Tudo e você? Me desculpa ligar, mas soube de sua palestra. Queria te tranquilizar sobre o tamanho do banco. Já estamos ajustando aqui. Passamos um pouquinho do ponto mesmo.”

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“Ah, que bom. Fico feliz em saber. E grato por ter ligado. Me sinto honrado.”

“Pois é. Só em relação àquela piada… se pudesse evitar… pega um pouco mal pra gente. Inclusive mandei fechar a tal linha do restaurante.”

“Ah, claro. Perfeito. Foi só uma brincadeira. Espero que entenda.”

“Entendo, sim. Claro. Mas já fechamos. Não se preocupe. Agora vamos soltar uma linha bacana para a Vale e para as Lojas Americanas.”

“Jura? Nossa, para tudo. Interrompe isso. Volta com o empréstimo pro Pobre Juan, pelo amor de Deus.”

A Vale não precisa de ajuda do BNDES. E o Jorge Paulo pode ter um probleminha aqui e ali com o ketchup, mas suspeito que ainda consiga pagar o IPVA.

As duas manchetes lidas hoje no Valor me deixaram animado. “Grandes empresas perdem espaço com o ‘novo’ BNDES” e “Foco do BNDES será em infraestrutura”.

Além da discussão toda em torno da Previdência, que é obviamente fundamental e a coisa mais importante de todas, há uma agenda micro muito interessante sendo tocada. Há um esquadrão compondo o quadro técnico do governo e Joaquim Levy é parte dele, joga sem querer aparecer mais do que os outros e, sabe, é o Joaquim Levy, manja? Ele está ali apenas cumprindo a parte dele, dando racionalidade econômica à coisa.

Eu pensei nisso quando assisti à peça “Dogville” na sexta-feira passada. Fábio Assunção está ali jogando no time, remando como outro qualquer, sem querer puxar para si protagonismo demasiado ou fora de tom. O importante é a equipe toda. Tocar na banda, e não querer aparecer sozinho ou fundar uma nova banda. Cara, é o Fábio Assunção, sabe? Ele está ali como qualquer outro ator. Paguei um pau.

Volto da breve digressão. Para o caso aqui em questão, temos o Salim, o Mansueto, o Sachsida, o Troyjo, e tantos outros. Nas estatais, até não gosto tanto. O BB roda meio que sozinho, mas Petrobras e Caixa poderiam contar com nomes mais de peso. Seja como for, a banda toda está orquestrada e vai fazer o país voltar a crescer.

Durante anos, gestores e investidores perseguiram a geração de alfa, enquanto o PT destruiu o beta. Agora, Bolsonaro, Paulo Guedes e equipe vão devolver o beta para todos acharem que geraram alfa.

Evidentemente, a agenda micro não sobrepuja a imperiosa necessidade de aprovação da reforma da Previdência. Mas tenho convicção de que, após tiro, porrada e bomba (óbvio que vai ser difícil; se fosse fácil, já estaria aprovada), a reforma será aprovada. Então, essa agenda micro fará grande diferença.

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Essa lição de casa na direção de uma agenda reformista e liberal, com endereçamento de nossos problemas fiscais e grande aceleração do crescimento na margem, vai preparar o Brasil para se diferenciar frente a outros mercados emergentes na atração do fluxo de capital estrangeiro.

Tenho afirmado que, entre outras coisas, o dinheiro gringo não veio ainda pelas próprias mazelas gringas. Primeiro, era a preocupação com uma possível subida muito rápida do juro nos EUA. Depois, veio o temor de uma iminente recessão norte-americana. Além disso, tínhamos a preocupação com a guerra comercial entre EUA e China.

Conforme fique claro que os juros não devem subir tanto lá fora (já está um pouco claro), que as chances de recessão iminente não são tão grandes (não está claro ainda) e que haverá um final razoável para as discussões comerciais entre EUA e China (parece bem mais claro nessa semana), os problemas maiores do estrangeiro terão sido superados. Então, vão poder olhar de novo para mercados emergentes.

Neste momento, será fundamental estar bem posicionado. Adaptei o conceito de Fim do Fim da História cunhado pelo brilhante amigo Marcos Troyjo na Folha para a ideia do Pós-História, quando finalmente volta-se a ter uma antítese à tese da democracia liberal e aos valores canônicos ocidentais. Neste contexto de maior instabilidade, constante incerteza e alguma clima de perene ameaça geopolítica, haverá maior diferenciação entre os diferentes mercados emergentes. No meio do pânico ou dos problemas mais profundos, não há muita diferenciação. Essa ocorre no pós-pânico e na superação dos problemas. Está chegando a hora. Aproveite. Como diz a personagem Grace em “Dogville”: “Algumas coisas você precisa fazer por você mesmo”.

O que você está lendo é [Felipe Miranda: Sangue novo na Empiricus, Dogville e a diferenciação no pós-história].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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