Aversão ao risco domina mercados; no Brasil, destaques são balanços, pós-Copom e vendas no varejo

Mercados

Trump escalou o tom horas depois de ter acusado os chineses de terem dado para trás no acordo (Imagem: Pixabay)

💥️Por TradersClub

O apetite por risco está de novo em queda livre, e a fonte dos temores foi, mais uma vez, uma declaração claramente eleitoreira do presidente americano Donald Trump. Ele afirmou ontem, ante uma plateia de apoiadores no estado da Flórida, que a China quebrou os compromissos assumidos ao longo de cinco meses de trégua comercial e que “irá pagar por isso.”

Trump escalou o tom horas depois de ter acusado os chineses de terem dado para trás no acordo – cujo texto-base estava a ponto de ser avalizado pelas partes esta semana & por interesse em negociar com o Partido Democrata. Os Estados Unidos elegem um novo presidente no ano que vem.

O movimento de aversão a risco de hoje envolve recuos nas bolsas asiáticas e europeias, assim como nos futuros dos índices acionários americanos, perdas nos preços das commodities de energia e metálicas, um avanço do ouro, do preço dos títulos de dívida dos países mais ricos, do dólar americano e, consequentemente, mais saída dos investidores de ativos em países emergentes. O investidor precisa ficar atento à visita do vice-premiê da China, Liu He, a Washington para recolocar o acordo comercial nos trilhos, assim como o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Bolsonaro

Na esteira dessa estratégia, Bolsonaro deve se reunir com governadores dos estados do Nordeste brasileiro hoje (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

No Brasil, o noticiário em torno da reforma da Previdência e da articulação política do governo do presidente Jair Bolsonaro continua mostrando sinais de progresso, o que contribuiu para que o mercado local tivesse desempenho superior ao do global no pregão da véspera. O investidor gostou da iniciativa de Bolsonaro de sinalizar que negociará, dentro de certos limites: as chances dela ser aprovada dentro do calendário esperado e sensivelmente menos desidratada estão crescendo.

Na esteira dessa estratégia, Bolsonaro deve se reunir com governadores dos estados do Nordeste brasileiro hoje. Isso não quer dizer que não haverá contratempos: tanto a oposição como os partidos que conformam o Centrão vão sempre estar na busca de oportunidades para demorar ou sabotar a agenda legislativa do governo.

Assim, fique de olho em sinais relacionados a algum derretimento do projeto de segurança do ministro da Justiça, Sérgio Moro, por exemplo. Com o governo focado quase que exclusivamente na Previdência, algumas outras iniciativas sofrem: ontem as ações da Oi despencaram, em parte com temores de demoras na aprovação do novo marco regulatório para o setor das telecomunicações.

Mais de duas dúzias de companhias divulgam balanços do primeiro trimestre nesta quinta-feira. Agora de manhã, o Banco do Brasil e a Telefônica Brasil/Vivo mostraram números que bateram o consenso, em mais uma prova de que o foco em eficiência operacional pode impermeabilizar as empresas do impacto de uma retomada econômica lenta ou do clima de incerteza reinante no país.

💥️Veja aqui os resultados do 1º trimestre

Entre os indicadores, os dados das vendas no varejo de março devem trazer ainda mais evidência da fraqueza da atividade, precisamente após a decisão da taxa de juros do Banco Central que, mesmo reafirmando que a política monetária será conduzida com paciência e perseverança e que o quadro atual não deixa espaço para mudanças no viés, trouxe uma mensagem levemente mais dócil. Não perca de vista os dados de pedidos de seguro-desemprego, do índice preços ao produtor e de balança comercial nos EUA.

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