Gabriel Casonato: Walmart faz bem em se afastar do Brasil
💥️Por Gabriel Casonato, Editor do Agora Financial
Caro leitor,
Desde sexta-feira passada (10), o cliente brasileiro que costumava fazer compras online no Walmart (NYSE: WMT) não encontra mais a plataforma disponível na internet.
A empresa decidiu encerrar a operação na grande rede por corresponder a uma “parcela mínima das vendas totais da companhia”.
Em vez disso, vai se concentrar em suas 400 lojas físicas de atacado e varejo no país, na contramão da tendência observada no setor.
Quem tenta acessar o site da empresa encontra o seguinte comunicado:
Segundo a direção, tratam-se dos primeiros passos da empresa na reformulação da sua estratégia digital.
O Walmart ainda não revela qual será essa estratégia, mas diz que seu foco estará no atacado, clube de compras e varejo físico devido ao “enorme potencial de crescimento”.
No ano passado, 80% das operações da companhia no Brasil passaram para as mãos da Advent International, firma de private equity com sede nos EUA.
Os 20% restantes continuam com a Walmart americana, que registrou um prejuízo de US$ 4,8 bilhões gerado por essa venda. A empresa chegou ao Brasil em 1995, mas não conseguiu vencer concorrentes mais estabelecidos como o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour.
Ela nunca detalhou seus resultados, mas acredita-se que a operação brasileira nunca gerou lucro para a matriz.
Além disso, depois que a Amazon (NASDAQ: AMZN) acirrou a concorrência no varejo americano com a compra da rede Whole Foods, o Walmart acabou voltando sua atenção para os EUA.
Para reerguer a empresa no Brasil, a Advent está se concentrando em lojas físicas no formato “atacarejo” – mistura de atacado e varejo. O Walmart Brasil é dono de marcas como Sam’s Club, Maxxi e Hipermercado Big.
Se no Brasil as coisas não saíram como o esperado para o Walmart, das operações aqui nos EUA os acionistas não têm como reclamar.
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Em meio a preocupações com o ritmo do varejo americano, a empresa vem apresentando um sólido histórico de resultados.
No quarto trimestre de 2018, por exemplo, ela reportou um avanço de 70% do lucro líquido na comparação anual, para 3,69 bilhões de dólares.
Mais um balanço que superou as estimativas – foi assim em oito dos últimos nove trimestres –, mostrando que ela tem conseguido fazer frente à gigante Amazon.
Por aqui, a estratégia de utilizar as lojas como ponto de troca dos produtos comercializados online tem tido excelente aceitação do público.
A companhia também passou a usar suas lojas como mini armazéns, reduzindo a distância que as mercadorias têm de percorrer para chegar até os clientes.
Para 2023, embora a previsão seja de abrir apenas cinco novas lojas nos EUA, o Walmart vai investir pesado na remodelação das mais de 500 já existentes.
Serão mais de mil pontos modernizados em dois anos, com os departamentos de produtos eletrônicos e farmácia recebendo atenção especial.
O Walmart gastou cerca de US$ 2,2 bilhões em 500 remodelações no ano passado, mais de um quinto dos seus investimentos totais, de US$ 10,3 bilhões.
A empresa não revelou quanto ira destinar às reformas neste ano, mas prevê um total de US$ 11 bilhões em investimentos no período.
Embora a iniciativa tenha por objetivo tornar a experiência de ir à loja mais agradável, ela também visa integrar melhor a operação física com a online. É uma reação clara à estratégia da Amazon, que de algum tempo para cá passou a fazer incursões no varejo físico.
A varejista de Jeff Bezos, que recentemente chegou a ter um valor de mercado de 1 trilhão de dólares, tem investido cada vez mais no varejo tradicional, com mercados e livrarias físicos. O Walmart, por sua vez, vem investindo pesado para tirar a vantagem da Amazon na internet.
Em 2018, gastou 20 bilhões de dólares para comprar 12 varejistas digitais, assumindo a terceira posição no ranking dos maiores varejistas online dos EUA.
A briga promete ser boa, e ambas estão no caminho para continuar crescendo e gerando valor aos seus acionistas. Melhor para quem possui as ações de ambas em sua carteira.
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