Gabriel Casonato: As criptomoedas vieram para ficar. O bitcoin não
💥️Por Gabriel Casonato, editor da Agora Financial
Caro leitor,
O bitcoin está de volta! Em um retorno notável desde o “estouro” da bolha no final do ano passado, a mais famosa das criptmoedas já acumula uma alta de 140% em 2023.
Deste total, 60% da valorização foi conquistada apenas em maio, no mais forte rali desde quando foi atingido o pico histórico de quase US$ 20 mil em dezembro de 2017.
As perguntas que ficam para os investidores são o que causou essa recuperação e, principalmente, se ela vai durar. Seria este apenas o começo de um novo mega rali ou apenas uma alta decorrente da manipulação de preços?Alguma coisa fundamental mudou?
Se você está começando a suspeitar que essas são perguntas importantes, você está certo.
É claro que os analistas técnicos de bitcoin estão a todo vapor explicando como a média móvel de 100 dias cruzou a média móvel de 200 dias, num sinal inequívoco de alta.
Eles também são rápidos em acrescentar que a média móvel de 30 dias está ganhando força, outro sinal de uma tendência altista.
Minha opinião é que a análise técnica aplicada ao bitcoin é um absurdo. E aponto duas razões para isso. A primeira é que não há nada para analisar, exceto o próprio preço.
Quando você olha para análises técnicas aplicadas a ações, títulos, commodities ou moedas, há um ativo subjacente ou uma história embutida no preço.
Por exemplo, os preços do petróleo podem mover-se por temores geopolíticos relacionados ao Irã…. Enquanto os preços dos títulos podem mover-se por temores de desinflação relacionados à demografia. Em ambos os casos (e muitos outros), o preço reflete fatores do mundo real.
A análise técnica é simplesmente um esforço para digerir os movimentos de preços em análises preditivas compreensíveis. Com o bitcoin, isso não existe, pois estamos falando de algo 100% digital – alguns argumentam que o bitcoin é dinheiro, mas ele não cumpre as funções básicas para isso.
O bitcoin não reflete a força da economia, os termos de troca entre moedas, a demanda de energia ou qualquer um dos inúmeros fatores pelos quais outros preços de ativos são julgados.
A análise técnica não tem sentido quando o preço em si não tem sentido em relação a quaisquer bens, serviços, ativos ou outras reivindicações.
Minha outra razão para rejeitar a utilidade da análise técnica é que ela tem baixo valor preditivo quando aplicada a ativos substanciais e nenhum valor preditivo quando aplicada ao bitcoin.
Se você seguir os grafistas, verá que todas as previsões incorretas são seguidas imediatamente por uma nova análise na qual um “topo duplo” apenas indica um “topo triplo” e assim por diante.
A análise técnica pode ajudar a esclarecer a faixa onde o preço tem oscilado e ajudar na análise de valor relativo, mas seu valor analítico preditivo é baixo.
(Imagem: Pixabay)
Dito isso, que conclusão podemos tirar do recente aumento do preço do bitcoin, deixando de lado a empolgação dos grafistas no momento?
O primeiro fato relevante aqui é que ninguém sabe por que essa disparada recente do bitcoin aconteceu.
Não houve novo avanço tecnológico na sua mineração, nenhum dos desafios de escalabilidade e sustentabilidade foi resolvido e fraudes e hackers continuam a ser revelados quase diariamente.
Em suma, tudo continua normal no espaço do bitcoin, sem novas razões para otimismo ou pessimismo.
O segundo fato relevante é que o preço do bitcoin tem sido alvo de uma manipulação desenfreada por mineradores nos últimos anos.
As mineradoras de bitcoin têm custos crescentes de produção devido à crescente complexidade dos problemas de matemática que devem ser resolvidos para validar um novo bloco no blockchain.
Elas também têm grandes estoques de moedas extraídas no passado que não foram liberadas no mercado por meio de trocas ou de outra forma.
Como resultado, as mineradoras têm grandes incentivos para inflar os preços, seja para cobrir os custos de produção como para criar demanda por moedas não distribuídas.
Existem fortes evidências de que isso ocorreu no passado recente e não há razão para acreditar que isso não está ocorrendo agora.
Como nada de fundamental mudou sobre o bitcoin, uma combinação entre manipulação das mineradoras e um movimento especulativo é a explicação mais provável para a disparada nas últimas semanas.
Um caso de uso para o bitcoin ainda precisa surgir – e nada indica que isso acontecerá tão cedo.
O bitcoin ainda é inadequado como investimento, embora possa funcionar bem para aqueles que simplesmente gostam de jogar os dados. Não é o meu caso.
Por outro lado, uma segunda onda ou nova geração de criptomoedas está surgindo com melhores modelos de governança, mais segurança e maior facilidade de uso.
Além de possuírem um potencial muito maior para interromper e desintermediar os sistemas de pagamentos estabelecidos e os intermediários financeiros, como bancos, corretoras e bolsas de valores. São diferenças relevantes para as criptos mais maduras, como o ripple, o ethereum e o próprio bitcoin.
Todas elas estão mostrando suas limitações inerentes e não-sustentabilidade, além de grandes falhas em termos de segurança para o investidor e facilidade de uso.
Já as criptomoedas de segunda geração têm uma chance muito maior de competir com sucesso com os canais de pagamento existentes, como Visa, MasterCard, PayPal e o sistema bancário tradicional. O valor potencial dessas novos criptos pode ser estimado pelo atual valor das instituições que serão afetadas por elas.
Se essas moedas criptografadas desintermediarem gigantes financeiros centralizados como o Citibank e a NYSE, seu valor pode ser medido em trilhões de dólares. Portanto, as verdadeiras oportunidades neste universo não estão no bitcoin…
Está na tecnologia por trás dele, o blockchain, com novos tokens e casos de uso surgindo sem parar, sustentando o crescimento da rede.
Essas novas oportunidades estão dentro de grandes instituições, como o token do JPMorgan e o dinheiro mundial sintético proposto pelo FMI.
Isso significa que as empresas que mais se beneficiarão com a ascensão de novas criptomoedas não são as startups de garagem….
Mas sim as gigantes de tecnologia como IBM, Intel e Nvidia, além de gigantes financeiros como o próprio JPMorgan e o Citibank. O blockchain possui um futuro brilhante. O bitcoin não.
O que você está lendo é [Gabriel Casonato: As criptomoedas vieram para ficar. O bitcoin não].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments