Selic em 2023? Goldman, BTG Pacutal e Fator apresentam projeções diversas
Copom decide por manter política monetária atual (Imagem: Copom)
O Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou nesta terça-feira (25) a ata de sua última reunião, na qual o colegiado optou por não alterar o compasso da política monetária atual, ao manter a taxa básica de juro em 6,5% ao ano.
Diante da decisão unânime tomada por Roberto Campos Neto e os demais participantes, BTG Pactual, Goldman Sachs e Banco Fator apresentaram suas análises sobre a manutenção da política monetária vigente, cujo objetivo é perseguir a meta de inflação, de centro de 4,5% ao ano.
Flexibilização em setembro ou julho?
“Flexibilização a frente, com foco nas notícias sobre reformas”. É com esta afirmação que a equipe de análise macroeconômica do BTG Pactual inicia relatório, no qual destaca, de imediato, a percepção da “evidente interrupção do processo de recuperação econômica e cenário externo menos adverso”, além do aprimoramento do balanço de riscos.
Para o BTG, “o balanço de riscos para o horizonte inflacionário evoluiu favoravelmente”, com a autoridade monetária acreditando que, em 2023, o IPCA convergirá para o centro da meta, podendo ficar ligeriramente abaixo inclusive. No entanto, “o risco associado com possível desapontamento diante da continuidade das reformas ainda prevalece”.
BTG projeta Selic em 5,75% no final de 2023 (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)
“Esperamos ciclo de flexibilização monetária a frente, com a taxa Selic finalizando 2023 em 5,75% ao ano”, afirma o BTG, projetando início do afrouxamento na reunião de setembro. “Contudo a aprovação mais rápida da Reforma da Previdência na Câmara, já no primeiro semestre deste ano, pode antecipar o início do ciclo de afrouxamento para julho”, avaliam Claudio Ferraz e Priscila Burity.
Em relação a expectativa de crescimento econômico no segundo trimestre, o BTG Pactual pondera que o Copom já avalia variação nula no nível de produto. “É esperado que o PIB fique relativamente estável no segundo semestre”, afirmam os analistas, destacando ainda a expectativa positiva da autoridade monetária de resumo da retomada econômica a frente.
Expectativas em foco
O Goldman Sachs acredita que o Copom deverá adentrar em ciclo de corte da Selic, ainda mais vertiginoso caso haja aprovação de reformas-chave, particularmente a previdenciária. “A minuta não adicionou muitas informações novas em relação ao comunicado divulgado após a reunião”, avalia o banco norte-americano, destacando a comunicação linear do Copom.
O banco norte-americano avalia que, diante da união entre persistência do fraco ritmo da atividade econômica abaixo da tendência histórica, deterioração de indicadores de confiança do empresariado e do consumidor, dinâmica inflacionária mais confortável, declínio nas expectativas do IPCA no curto prazo e tom mais abrandado dos horizontes dos principais bancos centrais ao redor do mundo, especialmente Fed e BCE, a Selic deverá cair para 5,5% ao ano no final de dezembro, com cortes de 25 pontos-base em setembro, 0,50 ponto percentual em outubro e, novamente, 25 pontos-base em dezembro.
Dinâmica inflacionária mais confortável é destacada por Goldman Sachs (Imagem: Money Times)
“Não descartamos um corte inicial maior, de 0,5 ponto percentual e um corte da Selic já na reunião de 31 de julho”, diz Alberto Ramos, destacando também o avanço da Reforma da Previdência antes do recesso de 17 de julho e a não desidratação de seu conteúdo como incentivos para manter “os mercados financeiros bem ancorados”.
Incertezas pesam
Por sua vez, o Banco Fator destaca a relação apontada pelo Copom em sua ata de reformas, expectativas e projeções macroeconômicas, no qual conclui que são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação.
“O argumento por trás da conclusão é que os juros já estão em patamar estimulativo e a economia não cresce porque há muita incerteza sobre a trajetória fiscal, o que se deve ao andamento das reformas. Isto é, reforça a ata, há vários determinantes da atividade econômica além dos juros”, avalia José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Fator.
“O esforço do Copom não altera nossa expectativa de Selic a 5,25% em dezembro”, avalia a instituição financeira.
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