Governadores cobram inclusão de estados na reforma da Previdência no Senado
Wellington Dias considera que as medidas previstas no texto da reforma terão efeito reduzido devido ao deficit previdenciário dos estados, que no Piauí vai atingir R$ 27 bilhões em 2044. “O fato de continuar com deficit não permite que se faça acumulação de poupança, o que é uma premissa da Previdência. O resultado é que o próximo presidente da República vai ter que tratar de uma nova reforma da Previdência, como foi com FHC, Lula, Dilma e Temer”, afirmou. O governador do Piauí defendeu a incorporação de novas fontes de receita como forma de equilibrar as contas da Previdência, como o combate à sonegação, a regulamentação de lucros e dividendos. “O Brasil errou no passado. A Previdência no setor público no Brasil nasceu sustentada nas tetas do governo. Precisa encontrar uma forma de largar as tetas. É preciso compreender que a Previdência não é do povo, é de algumas pessoas. Há necessidade de ela se sustentar sozinha, com contribuição de patrão e empregado. Esse é o caminho. O que no Brasil se entende como normal, a União completar [o custo da aposentadoria] não é normal em lugar nenhum. Todos os erros do passado geraram passivo, através das decisões dos governos, e têm que ter solução. A Lei de Responsabilidade Fiscal não teve o cuidado de gerar investimento, enquanto coloca obrigação para muitas coisas “, afirmou. Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite disse que a reforma da Previdência que vier a ser aprovada precisa resgatar a confiança dos investidores na economia brasileira. Ele afirmou ainda que a escalada de deficit previdenciário consome orçamentos públicos e gera perspectiva negativa de futuro. — Resolver [questões] da União sem os estados e municípios é meio serviço feito. Alguns estados e municípios farão suas reformas, outros, não. Acabam pagando a conta daquele ente federativo que não tenha tido condição de fazer a sua reforma. Eduardo Leite disse que o deficit previdenciário do Rio Grande do Sul “é o pior do país”, de mais de R$ 12 bilhões em 2023, equivalente à metade da receita líquida de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado, o que precariza a oferta de serviços públicos. O governador disse ainda que R$ 99 bilhões já deixaram de ser investidos no estado em função do deficit previdenciário, e que o crescimento do volume de vínculos e gastos com inativos comprime a capacidade de reposição de servidores. O governador do Rio Grande do Sul — estado com maior proporção de servidores inativos para servidores em atividade no Brasil — disse ainda que a opção por aposentadorias precoces exigirá a manutenção de altas alíquotas, devido à existência de aposentados com capacidade laboral, o que acaba desfigurando o conceito original de Previdência social. Eduardo Leite defendeu alterações nos artigos 22 e 149 do projeto da reforma da Previdência, que tratam das normas de inatividade, pensões de bombeiros e policiais e estabelecimento de alíquotas de contribuição. “A reforma não inclui o estado e veda os estados de grandes mudanças, quando estabelece que a União terá competência privativa para legislar sobre normas gerais a respeito de inatividade e das pensões na área de segurança. A reforma reserva a possibilidade de contribuições extras em caso de desequilíbrio apenas à União. Veda aos estados e municípios em dificuldade a possibilidade de instituírem essas alíquotas extraordinárias”, afirmou. O governador do Rio Grande do Sul disse que questões políticas impediram a inclusão dos estados e municípios no texto da reforma da Previdência. “Há problemas políticos, muitos deputados são a favor, mas não incluem devido à política regional. Porém, não faz sentido vedar. O texto da reforma avoca para a União competências dos estados, que pagam a conta no final. Não há compreensão definida de normas gerais”, afirmou. Eduardo Leite avaliou ainda que o fatiamento de dispositivos da reforma não terá condições de prosperar, tendo em vista a ocorrência de eleições municipais em 2023, quando os candidatos não vão querer desagradar eventuais eleitores que poderiam ser prejudicados pelas novas regras da Previdência. Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior disse que o deficit previdenciário do Paraná é de R$ 8,4 bilhões, e defendeu a inclusão dos estados e municípios no texto a ser votado no Senado, “já que na Câmara não vemos avanço nesse sentido”. “Caso contrário, serão criados 27 problemas [referindo-se às unidades da Federação]. Ano que vem é eleição e vai ter dificuldade de fazer [mudanças]. Temos que fazer uma reforma geral, não por partes”, afirmou. Relator da comissão especial, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também defendeu a inclusão de estados e municípios no texto da reforma da Previdência que for votado na Câmara. “Tenho a convicção de que a grande batalha em que vamos ter que nos envolver a partir do projeto que chegar da Câmara é a inclusão ou não de estados e municípios. Parece-me que essa é também a posição da maioria dos senadores, embora haja focos de resistência”, afirmou Tasso, citando ainda demandas de professores, policiais e bombeiros como “questões que estão a rondar”. No entender da presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senadora Simone Tebet (MDB-MS), a discussão sobre a reforma da Previdência não pode paralisar o Brasil. Ela lembrou que há também a reforma tributária, a desburocratização e o pacto federativo, entre outras medidas indispensáveis ao crescimento do país. O senador Esperidião Amin (PP-SC), por sua vez, considerou “insensato” não incluir estados e municípios no texto da reforma da Previdência. “A marcha da insensatez é uma coisa psicopática no Brasil e no mundo. Há duas tentativas que vislumbro se a Câmara não aprovar a inclusão. Na primeira, incluímos estados e municípios no texto. Na segunda, é facultada a estados e municípios a adesão à reforma em um prazo de 180 dias mediante lei complementar”, sugeriu. A inclusão dos estados e municípios na reforma da Previdência também foi defendida pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) e pelos senadores Roberto Rocha (PSDB-MA), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Major Olímpio (PSL-SP).💥️“Efeito reduzido”
💥️Confiança dos investidores
💥️Estados e municípios
O que você está lendo é [Governadores cobram inclusão de estados na reforma da Previdência no Senado].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments