Mato Grosso já perde investimentos no agro com aumento das taxas estaduais
Mato Grosso, do governador Mauro Mendes, já perde investimentos com taxas estaduais
Circula em grupos de aplicativos de mensagens entre produtores rurais do Mato Grosso a foto do governador Mauro Mendes com a seguinte mensagem: “Bom dia, como posso te atrapalhar hoje?” Para 100% dos empresários, ele já começou a atrapalhar, tanto taxando mais a produção (e ainda quer mais) quanto já espantando investidores.
A história começou em janeiro, quando o governo declarou estado de calamidade financeira, e lançou um pacote de medidas, entre as quais aumentando as alíquotas dos produtos agropecuários que incidem sobre o valor da Unidade Padrão Fiscal (UPF). O Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), que só o estado possui, vai mais fundo agora no bolso.
Se no caso da pecuária de corte a mão do governo toma R$ 40,00 por cabeça na comercialização, para interessados em investir no Mato Grosso essa conta não fecha se somado ao valor das terras. O Pará está começando a se beneficiar, assim como Goiás se prepara para abocanhar alguma coisa.
O pecuarista Marcos Jacinto, diretor da região Leste da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), comenta que a sua região do Vale do Araguaia perdeu investimentos de R$ 300 milhões há poucos dias. “Arrumamos terras para um investidor, que depois cancelou a encomenda dizendo ter optado pelo Pará”, afirma.
Certamente ajudou a assustar a última proposta de Mauro Mendes, de acabar com a isenção do ICMS nas operações internas e elevar nas operações interestaduais. A proposta original era de 7% dentro do estado, mas a gritaria de todos os setores produtivos fez com que o governo baixasse para 3%, mantendo ainda os 3% na circulação para fora das fronteiras.
Prejuízos distribuídos
Em um estado eminentemente voltado para o agronegócio, onde o escoamento da produção deprecia o ganho do produtor com a sofrível situação das rodovias e, no caso da pecuária, com uma grande concentração de frigoríficos sob um mesmo CNPJ, o agravamento é maior.
Walmir Coco, presidente do Sindicato Rural de Alta Floresta, no nortão, argumenta que os R$ 40,00 do Fethab sobre um boi razoavelmente bem acabado, valendo entre R$ 2,5 e R$ 2,8 mil, pode parecer pouco, mas diante de um lucro líquido que ele avalia de R$ 200,00 a R$ 300,00 a conversa é outra. Naturalmente que esses valores sofrem da variação de cada processo produtivo, bem como do valor da terra, entre outros.
A região da Alta Floresta também amplia a integração pecuária-lavoura, com os grãos subindo cada vez mais e pecuaristas dividindo a fazenda para produzir o próprio alimento para os animais.
“Com o impacto da taxa distribuído para outros produtos, a situação fica mais delicada”, acentua Coco. Afinal, ninguém faz um investimento em diversificação produtiva, com alto custo de implantação, que seja apenas para alimentar seu próprio gado. Olha-se também a comercialização – no caso do milho, por exemplo, os projetos em etanol.
Esse caso da integração produtiva entre boi e grãos foi o investimento perdido na região de Gaúcha do Norte, base de Marcos Jacinto. “Estamos transferindo investimentos e tirando os pequenos dos negócios, já que os grupos grandes já instalados na região vão aumentando os arrendamentos”
Quem ficar na terra e não tiver colchão financeiro, quebra.
Jacinto produz nelore de boa genética na faixa de 21 @s (em torno de 560 kgs), com um valor de mercado atualmente de R$ 145,00/@, com um valor nominal de venda de R$ 3,045 a cabeça. Mas ele tem um custo elevado para fazer um animal assim. “Eu estou no negócio porque gosto, mas mais ainda para ganhar dinheiro, e agora além de me preocupar com clima e mercado, tenho que pagar o governo para trabalhar”, lamenta.
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