Patamar do dólar pode anular alta dos preços da soja com possível volta chinesa às compras

Soja Agronegócio

Câmbio desfavorável na troca por reais já penaliza abaixo do custo de produção (Imagem: Pixabay)

A valorização do real frente ao dólar tem alertado o mercado da soja quanto ao risco de ser anulada a retomada da demanda mais forte pela China, neste segundo semestre, com os ganhos que o movimento comprador possa trazer. A despeito de duas altas seguidas do dólar e mesmo novos ajustes para cima que venham a ocorrer (nesta quarta/17, ao redor as 14h38, perdia 0,26%, a R$ 3,76), a tendência é de queda ou estabilidade no patamar atual, ao menos pelo fundamento Brasil, com a aprovação da reforma previdenciária também em segundo turno na Câmara e cerca de dois meses depois no Senado.

Com o dólar a R$ 3,76/3,75, o produtor de soja já rompeu para baixo seu custo de produção, pelas contas de Marlos Correa, da InSoy Commoditires.  A maior parte dos insumos comprados para a safra futura, a ser plantada a partir de setembro, foi adquirido na faixa dos R$ 3,80/3,90.

“Em torno de 70% a 80% dos insumos, portanto, já foram rodados”, avalia Correa. Nessa estatística está o principal, o fertilizante.

E mesmo que as compras de insumos de agora em diante venham com preços em dólar mais amigáveis, o reflexo será para seis meses à frente ou mais.

Por enquanto, os exportadores estão recuados das vendas, enquanto aguardam – como também os chineses – um desenho mais definitivo da situação do plantio nos Estados Unidos, prejudicado pelas chuvas semanas atrás.

Mas a China terá que voltar às compras, acredita ele, e trará os preços para cima – nesta quarta, a soja em Chicago (CBOT) está pouco abaixo da linha d’água, após várias quedas fortes. Às 14h38, perdia 50 pontos, cotada a US$ 8,86 o bushel, quando o ideal de remuneração está de US$ 9,50 para cima.

Há também o compasso de espera a respeito das negociações comerciais sino-americanas, que Donald Trump ainda não enxerga uma resolução a curto prazo – conforme despachos de algumas agências – e que pode deslocar mais compras sobre o mercado produtor do Brasil.

Travas

Apesar do setor de soja ser dos mais profissionalizados, o analista da InSoy, de Cascavel (PR), não observa operações de hedge arbitradas entre mercado futuro e mercado de opções.

Algumas tradings fazem travas, se protegendo com a CBOT, mas é um “mercado muito preso ao físico, muito volumoso e muito aberto”. E é cercado de muitas variáveis.

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