Sucesso do barter no café faz Coopercitrus expandir originação em grãos
Fernando Degobbi,, presidente da Coopercitrus, apostando na diversificação (Imagem:Coopercitrus)
Até mais ou menos em 2015, o balanço de oferta e demanda de milho em São Paulo estava equilibrado. Atualmente, o déficit está em cerca de 4 milhões de toneladas. Na soja, o descasamento também é grande, embora, ao contrário do cereal, mais demandado para ficar internamente no estado, a oleaginosa cresce seguindo mais o rumo do porto de Santos. Com esse cenário e mais o barter, a Coopercitrus resolveu investir cada vez mais na originação.
A maior cooperativa brasileira em número de cooperados, mais de 35 mil, de mais focada em comércio (lojas de máquinas a sementes, por exemplo), serviços e fábrica de ração, amplia a captação de grãos, para consumo próprio e comercialização, na esteira do que já faz com o café. Diversifica sobre sua base produtiva.
E a experiência do barter – venda de insumos (fertilizantes e agroquímicos) pagos em produtos na pós-colheita, sem intermediação monetária -, umas das principais modalidades de financiamento de safras e muito operado pelas tradings, ajuda a ampliar essa experiência, segundo Fernando Degobbi, presidente executivo da cooperativa sediada em Bebedouro (SP).
Nem toda a expertise com o café pode ser replicada para soja e milho, devido às dinâmicas particulares, especialmente porque o primeiro tem ciclo de um ano e os outros são de ciclo curto. Outro ponto também é que no café, explica Degobbi, 80% da carteira é de pequenos e médios, enquanto que em grãos os produtores já têm porte maior, notadamente nas bases de originação de Minas e Goiás.
Crescimento nos grãos
De todo modo, é um caminho a ser mais aberto. “Os cooperados do café têm até três anos para amortizarem os insumos adquiridos, o que ajuda a diluir seus gastos”, diz, acentuando que a Coopercitrus movimentou do ano passado até agora 1,750 milhão de sacas e na safa atual vai chegar a 1,350 milhão/s.
Com a soja crescendo em São Paulo, onde estão mais da metade das 64 filiais, sobretudo na renovação dos canaviais (rivalizando com o mais tradicional amendoim na rotação de culturas), a Coopercitrus dará conta de 205 mil toneladas. E no milho, serão cerca de 75 mil também em 2023. Com estatura de expansão com o crescimento em terras paulistas, mas mais ainda com a recente abertura de uma unidade em Itumbiara, Sul de Goiás.
Juntando com as unidades mineiras, onde a dobradinha soja-milho, em rotação, é mais encorpada, a Coopercitrus vai crescer exponencialmente. E aqui entram também outras características da cooperativa.
Embora possua silagem, a empresa está fazendo parcerias diretas com armazéns e até esmagadoras (quando o grão originada nem vai para armazenagem e, sim, diretamente para o comprador). Outra particularidade é que 100% do milho estão indo para a quatro fábricas próprias de rações, atendendo a uma demanda forte na maior parte da presença física de Coopercitrus, o Norte paulista, onde é importante a presença de confinamento de gado.
A tendência de maior originação é o milho sair também para o mercado, como parte da soja. “Estamos dando suporte técnico e produtos, como sistemas de irrigação, para que expansão de áreas produtivas promova o aumento da produção a ser entregue à cooperativa”, afirma.
Essas parcerias mencionadas pelo executivo são importantes na estratégia de evitar a alavancagem com investimentos pesados, mantendo o risco sob controle. Como é feito no hedge operado, quando “ganhamos menos, mas não corremos riscos”, dentro de um faturamento de R$ 4,1 bilhões em 2018 e mais 15% projetados até dezembro.
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