Menor diferencial de juros não deve desvalorizar o real, avaliam economistas

Quarta -feira de decisões de política monetária nos EUA e no Brasil traz avaliações sobre as projeções de preço do 

“Não há pressão altista para o câmbio [até o fim do ano]”, diz Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset, que explica a preponderância de eventos externos na formação da taxa de câmbio. Para Cardoso, que precifica o dólar a R$ 3,65 no fim do ano, a redução do risco-país como efeito da confirmação do cenário de aprovação da reforma da Previdência compensa a provável queda do diferencial de juros.

Além disso, o economista do Daycoval Asset ressalta outros fatores externos que devem contrabalançar o menor diferencial de juros. Na última reunião de política monetária do Banco Central Europeu, o presidente da instituição Mario Draghi sinalizou que pode iniciar, na próxima reunião em setembro, o programa de compra de ativos para estimular a fraca economia da zona do euro.

“O Fed vai, além da queda de juros, encerrar o programa de redução do balanço”, afirma Cardoso, a respeito do fim da reversão dos estímulos criados durante a crise financeira de 2008. O fim da redução do balanço do Fed é outra sinalização “dovish” da política monetária nos EUA.

Já para Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV, o risco de desvalorização do real está mais atrelado a um eventual choque externo que impacte os países emergentes do que propriamente a queda de diferencial. No entanto, o cenário-base do Ibre não prevê este eventual ambiente de aversão ao risco e projeta o dólar a R$ 3,65 no fim de 2023 com os principais bancos centrais no exterior também reduzindo os juros. “Mas R$ 4,50 é fácil [de acontecer] também”, afirma, sobre eventual choque externo ou uma frustração com a reforma da Previdência e outros ajustes econômicos.

“Câmbio não é somente diferencial de juros”, diz Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas Investimentos, que também avalia impacto limitado da possível queda do diferencial de juros. A economista aponta que a formação do preço do dólar em real está condicionada atualmente à perspectiva favorável de aprovação da reforma da Previdência, a liquidez mundial – ainda mais com perspectiva de novo programa de títulos pelo BCE – e queda da taxa de juros nos principais Bancos Centrais, além do Fed. Rocha prevê a moeda americana em R$ 3,80 no fim do ano, mantendo o patamar atual.

Já Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria, prevê que o real terá uma trajetória de desvalorização no segundo semestre, mas não é por causa da provável queda do diferencial de juros. “A aprovação da reforma da Previdência virá com um texto final mais diluído”, explica Lavieri, que projeta uma economia fiscal em 10 anos menor que os R$ 900 bilhões aprovado no primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados durante a tramitação do texto no Senado. O economista projeta um câmbio a R$ 4,00 no fim do ano.

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