Datagro vê aumento de área de soja e milho no Brasil em 1920 e novos recordes
Para a obtenção desses recordes, lembrou o chefe de grãos da Datagro, Flávio França Jr., agricultores vão depender do clima (Imagem: REUTERS/Inae Riveras)
O Brasil poderá ter novas colheitas recordes na safra 2023/20, se o clima colaborar, já que os produtores brasileiros deverão ampliar a área plantada na temporada que começa a ser semeada entre setembro e outubro, avaliou nesta quarta-feira Datagro Consultoria.
O plantio de soja do Brasil, maior exportador global da oleaginosa, que pode se firmar também como o maior produtor em 2023/20, deverá crescer apenas 2%, para 36,8 milhões de hectares, mas ainda assim registrar uma máxima histórica, uma vez que agricultores ainda contam com renda positiva em 2023, apesar de preços mais baixos.
Esse plantio poderia resultar, segundo a Datagro, em uma produção de 125 milhões a 126 milhões de toneladas do país, ante 116,76 milhões da última colheita afetada por seca em algumas áreas, o que permitiria ao Brasil superar os Estados Unidos na produção, uma vez que norte-americanos enfrentam incertezas após um atraso no plantio por enchentes.
Já o plantio de milho em 2023/20 deverá atingir 18,1 milhões de hectares, alta de 4 por cento ante a temporada anterior, com crescimento esperado nas safras de verão e inverno, o que resultaria em colheita total de 104,28 milhões de toneladas, ante 100,02 milhões em 2018/19, que está entrando na reta final.
Para a obtenção desses recordes, lembrou o chefe de grãos da Datagro, Flávio França Jr., agricultores vão depender do clima, que até o momento aponta novamente para uma tendência de neutralidade, o que deixa meteorologistas cautelosos nas previsões.
“Nos últimos três anos tivemos um clima mais para neutro do que para outra coisa, El Niño fraco ou La Niña fraca, e tivemos dois anos bons e este ano foi ruim. Não dá para antever com precisão, o fato é que tudo caminha para termos clima neutro na safra sul-americana”, afirmou França Jr., em entrevista a jornalistas.
Mas ele alertou que aquelas chuvas que vieram mais cedo no ano passado, e que favoreceram o plantio precoce da soja em 2018/19, talvez não aconteçam em volume suficiente este ano.
O plantio prematuro permite posteriormente uma boa janela climática para o milho segunda safra, deixando as lavouras do cereal menos expostas a problemas climáticos como seca e geadas.
Segundo o analista, a soja poderia ter um crescimento maior de área não fosse a concorrência com milho e algodão.
“Temos áreas para aumentar mais (a soja), mas tem limitações… a situação também é remuneradora de produtos alternativos, como o milho e algodão, é provável que a área de verão também aumente nessas duas culturas, o que limita o aumento da soja”, disse França Jr., citando também preocupações com o financiamento privado, devido a uma “inadimplência pesada”, e com o tabelamento dos fretes rodoviários.
O analista comentou que o mercado de soja está na defensiva, diante de incertezas sobre acordo comercial entre EUA e China, além da própria questão da safra norte-americana, que seguirá indefinida até setembro, por conta do atraso no plantio.
A consultoria também estimou a exportação de soja do Brasil 2023/20 em 78 milhões de toneladas, ante 71,7 milhões em 18/19 e um recorde de 84,45 milhões em 17/18.
Sobre o milho, o analista vê exportação recorde de 40 milhões de toneladas pelo Brasil em 2023, ante 25 milhões em 2018.
“A exportação de milho está fluindo e os preços estão muito próximos da paridade durante a temporada”, comentou, apontando uma queda nos embarques do cereal para 35 milhões em 2023.
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