Com ou sem tarifas, milho dos EUA pode ser muito caro para China
As negociações aconteceram no contexto de uma nova explosão de tuítes do presidente dos EUA, Donald Trump, que deixou escapar a má vontade da China em comprar produtos agrícolas americanos (Imagem: Waldo Swiegers/Bloomberg)
Com ou sem tarifas de retaliação, empresas chinesas provavelmente terão pouco interesse em comprar milho dos Estados Unidos. O salto dos preços de referência no mercado de futuros de Chicago desde maio eliminou a vantagem em relação à oferta doméstica, segundo a Yigu Info Consulting.
As tradings não devem fazer encomendas, já que “não ganham com a importação de milho dos EUA”, disse Feng Lichen, analista-chefe da consultoria. O governo também não tem interesse em comprar milho americano para os estoques devido à valorização dos preços, puxada pelas fortes chuvas e inundações que atrasaram o plantio dos EUA, segundo Feng.
EUA e China concluíram mais uma rodada de negociações comerciais em Xangai na quarta-feira, após um hiato de quase três meses, com pouca evidência imediata de progresso. A China disse que continuará a comprar produtos agrícolas americanos, como o milho, e suspendeu tarifas de retaliação sobre algumas importações, mas não há sinais de novas compras significativas.
As negociações aconteceram no contexto de uma nova explosão de tuítes do presidente dos EUA, Donald Trump, que deixou escapar a má vontade da China em comprar produtos agrícolas americanos.
O milho americano, sem as tarifas retaliatórias de 25%, era apenas 50 iuanes por tonelada mais barato do que a oferta local na província de Guangdong, grande consumidora de milho, uma diferença que desperta pouco interesse entre compradores locais, ao contrário do início do ano, disse Yan Zhang, analista da Shanghai JC Intelligence.
Embora o clima mais chuvoso tenha impulsionado o mercado de futuros nos EUA este ano, os preços na China foram pressionados pela redução da demanda por alimentos, já que a peste suína africana encolheu o número de suínos. Os plantéis de suínos do país diminuíram em junho no maior ritmo em pelo menos um ano. Os produtores ainda relutam em criar mais porcos enquanto o vírus se espalha pelo país, segundo o governo.
Em termos de soja, o governo chinês aprovou cinco empresas para comprar a oleaginosa livre de tarifas de retaliação, como um gesto de boa vontade nas negociações comerciais. Ainda assim, alguns traders se mostram céticos em relação a grandes compras, uma vez que as margens de esmagamento permanecem baixas por causa da peste suína e da concorrência da América do Sul.
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