Barbie médica: qual é o recado?
Mesmo não tendo amores pela Barbie, não sou idiota de não saber que a boneca é uma referência para muitas crianças, inclusive crianças "viadas" e mesmo crianças trans (sim, elas existem, não são invenção). Pode não ser a referência da mulher empoderada que a militância tanto valoriza, mas ainda assim uma referência de feminilidade.
Há muitas polêmicas envolvendo a figura de Barbie, desde a discussão sobre os padrões de beleza, afinal, ela é uma boneca branca, loira e magra, e mesmo sobre o seu papel na sociedade capitalista, afinal, o que faz mesmo a Barbie para ter sua vidinha para muitos fútil?
E eis que entra a questão da Barbie médica. Uma profissão de prestígio em forma de boneca. E chamam uma pessoa trans para interpretá-la no ✅live action! Qual o recado que pretende ser dado aqui? Talvez o de que só precisamos de um empurrãozinho para sermos o que quisermos?
A Barbie médica infelizmente me traz muitos gatilhos, porque lembra de minha relação conflituosa com a classe médica, que salvo belas e cada vez menos raras exceções, destrata, desumaniza e humilha as pessoas trans sob o manto da ciência, ou melhor, do cientificismo.
Talvez uma Barbie médica trans possa servir de exemplo para as "Barbies médicas" da vida real, que sofrem em cursos de medicina ainda despreparados para a realidade trans, ou mesmo para toda a realidade da vida humana. Tendo um referencial mais próximo de si, talvez a trajetória dessas pessoas seja mais cor-de-rosa.
A propósito, estou adorando as reações ao filme das pessoas conservadoras, que estão falando absurdos. Quando elas estão incomodadas, é sinal de que o filme atingiu seu objetivo: fazer pensar e fazer incomodar.
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