No coração de Madri, Dragões usam futebol para ensinar sobre antirracismo

Entre as virtudes que propaga o futebol, comenta a presidente, estão companheirismo, empatia e senso de comunidade, além da diversão aliada a uma atividade saudável que nem sempre foi acessível para as crianças de Lavapiés.

1 - Natália de Oliveira Ramos/ysoke - Natália de Oliveira Ramos/UOL Crianças seguram faixa com a frase: "A bola de futebol não tem gênero" - Divulgação - Divulgação Futebol pela Inclusão de Refugiados na Europa" (Fire, pela sigla em inglês), financiada pela União Europeia. Apesar da premiação em dinheiro ajudar a tocar o projeto em Lavapiés, a presidente do Dragones lamenta: "Nos destacamos na Europa, mas não conseguimos colaboração do poder público dentro do nosso próprio país".

Mães de Dragões

As mães das crianças também estabeleceram relações que foram além das conversas na hora de buscar seus filhos. Há quase cinco anos, as brasileiras Tania dos Santos, de 44 anos, e Michelle Rosa, 46, são uma das "Dragonas" - o time feminino, talvez o mais diverso, no qual muçulmanas e integrantes da comunidade queer dividem a quadra.

Por volta das 20 horas de uma quinta-feira, a garoa fina interrompia a trégua que a chuva tinha dado numa semana chuvosa em Madri, quando o time de meninas adolescentes acabava de treinar e mulheres adultas entravam em campo.

Jogadora com a camisa do time feminino do Dragones de Lavapiés - Divulgação - Divulgação racismo contra o jogador brasileiro Vinicius Junior deixou os meninos "estarrecidos", por exemplo. Ver o atacante do Real Madrid chorar ao ser chamado de macaco pela torcida adversária foi motivo de conversa em casa. Dos Santos, por exemplo, conta que o filho de 12 anos teve dificuldade para entender o comportamento racista. "Foi como se estivessem xingando algum amigo dele, alguém próximo", relembra a mãe.

Rosa complementa: "[Lavapiés] é um bairro abandonado, maltratado. Mas no Dragones a gente sente que faz parte de algo maior".

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