Vários milagres acontecem: As lembranças ao som do piseiro
Tem o milho, a bala de jenipapo (não esqueço do licor), a pamonha e também os mega-shows. Tem o que já veio e também o presente, vislumbrando um futuro que pôde ou não se concretizar. Tem fogueira e mais que isso, tem espada, a cintilar nas mãos e no chão, fazendo a alegria que não se impõem a idade. Até quem é menina grande pode soltar a sua! Tem balão no céu e corações acesos (como os confetes e serpentinas que colorem a folia carnavalesca, seja na Sapucaí ou na Avenida Sete). E também corações que agora já não se fazem brilhar?
Histórias, processos, sutilezas poéticas que ajudam a desenhar momentos afetuosos que não se apagam da história com 'H' maiúsculo e minúsculo, e que nos formam, fazendo algo em nós melhorar. Caminhando para frente, no ditado da sanfona, de um bom modão ou no riffs das guitarras que trazem o rock para compor as canções. Como o do Mateus, da dupla com o Jorge. E será que não vale pensar incluir um batidão de eletrônico?
Tudo isso vivo e conectado ao som da cantora Mãeana, de quem pude assistir um show na última terça-feira (04/7), que laçou, de uma vez só, João Gomes e João Gilberto e os puseram na mesma frase - tal qual aquelas uniões e coisas que você mesmo nunca pensou viver, mas que viu se dá concretizada. E que para existir, só bastava acreditar. No divã que resgata o refinamento da bossa nova com os versos que fazem até um carioca sentir-se um vaqueiro em busca da morena.
"As notas das canções gravadas por João Gomes e João Gilberto na voz da cantora tornam-se maravilhas. Vários milagres acontecem". Não fui eu quem escreveu, e sim Caetano Veloso sobre o show. Show que dá vida a vida vivida e também aquela que se aguarda e guarda no fundo do peito e do pensamento, experimentado no sorriso e olhar que explicam tudo.
No dedilhado da pisada que faz esquecer, jamais, o que foi e é bom. E que não deixa se jamais. E nem precisa de inteligência artificial para reviver isso. Basta movimentar as lembranças e é lá, onde estão os momentos, que a gente acessa esse bocado de mar e mergulhos bons que fazem até encher de graça. Momentos, trocas e partilhas que não se perdem, mesmo quando o contrário é esperado.
Para você que me lê e entende, te afirmo sem dó: que bom viver isso.
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