As mudanças no clima já estão pesando na conta de luz da sua casa; entenda
Tal dado revela que, embora mais de 99% da população brasileira tenha um domicílio conectado ao sistema de distribuição de energia elétrica, só isso não basta para garantir eficiência, segurança, saúde, bem-estar e direito à moradia digna. É preciso qualificar os números.
Essa realidade, que podemos chamar de pobreza energética, pode ficar ainda pior com as mudanças do clima no Brasil. O estudo Vulnerabilidades do setor elétrico brasileiro frente à crise climática e propostas de adaptação, lançado pelo ClimaInfo em nome da Coalizão Energia Limpa, mostra o porquê.
Crise hídrica = crise energética
💥️Quase dois terços da produção de energia elétrica no Brasil vem das usinas hidrelétricas, o que representa em torno de 10% da produção mundial. Essas usinas dependem das chuvas para operarem. Os regimes de chuvas, por sua vez, são cada vez mais alterados devido às mudanças climáticas.
💥️Ou seja, o relatório mostra que a crise hídrica é igual a crise energética em nosso país. Basta olhar para a história e ver como sofremos nossas piores secas na última década e, em 2023, a pior crise hídrica dos últimos 90 anos.
'É preciso revogar os jabutis da Lei 14.182/2021, a Lei de Privatização da Eletrobras'Caminhos para a justiça energética
Um dos principais apontamentos do estudo é que não estamos lidando com isso da forma que deveríamos no âmbito das políticas públicas.
Por isso, 💥️é preciso revogar os jabutis da Lei 14.182/2021, a já citada Lei de Privatização da Eletrobras;💥️ e revisar as termelétricas que foram contratadas de forma emergencial em 2023 quando o país estava sob risco de racionamento, mas que acumula vários contratos não cumpridos ainda em 2023.
Entretanto, 💥️a principal recomendação do relatório é que precisamos diversificar a nossa matriz elétrica por meio de um sistema hidro-solar-eólico, o que nos permitiria lidar com as mudanças climáticas de forma mais eficiente e segura.
Embora isto esteja em curso, temos espaço para avançar ainda mais. São elencados três passos para atingir tal apontamento:
o mapeamento de vulnerabilidades do setor
traçar um plano de resiliência e adaptação
construir uma maior reserva de potência no sistema interligado e um maior armazenamento de energia.
Essa transformação deve acompanhar, também, seu modo de implementação. 💥️Não é justiça energética se uma energia renovável viola os direitos humanos e territoriais de comunidades.
Os processos de aprovação e licenciamentos para projetos de energia, sejam quais forem, devem assegurar os direitos dos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses e demais povos que são afetados por eles, de modo a garantir a aplicação da consulta livre prévia e informada.
Fato é que as mudanças climáticas impactam de maneira desigual as populações, e, caso o Brasil não inclua tais variáveis do clima no planejamento e na gestão elétrica, elas irão intensificar ainda mais a pobreza energética que já é realidade para milhares de brasileiros, tornando a conta de luz mais cara e menos eficiente.
💥️Ter acesso a uma energia popular e de qualidade é um direito humano, mas que sem um compromisso sólido não será alcançado universalmente.
E quem sofre com isso continua no escuro em dose dupla.
✅*Bárbara Poerner é jornalista socioambiental e repórter freelancer. Atualmente, integra a equipe do ClimaInfo e EmpoderaClima.
O que você está lendo é [As mudanças no clima já estão pesando na conta de luz da sua casa; entenda].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
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