Perereca extinta: Mata Atlântica perdeu 28 mil campos de futebol

Relacionadas

Área desflorestada ainda maior

O Atlas da Mata Atlântica possibilita, em toda sua série histórica, a identificação e comparação de desmatamentos a partir de três hectares, avaliando, dessa forma, a conservação dos maiores remanescentes de matas maduras e sem sinais de degradação no bioma, o que corresponde a 12,4% da área original.

Um outro sistema de monitoramento, o MapBiomas, no entanto, mapeia áreas de vegetação remanescentes acima de 0,5 hectare e em diferentes estados de conservação, incluindo florestas maduras e matas jovens em regeneração, em um total de 24% da área original.

O MapBiomas é a referência usada pelo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, iniciativa lançada em 2022 em uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a empresa privada Arcplan e o MapBiomas, com o objetivo de intensificar o monitoramento e combater o desmatamento.

De acordo com o SAD, entre janeiro e dezembro de 2022 foram registrados 9.982 alertas, somando 75.163 hectares perdidos entre florestas maduras e jovens. Segundo essa análise, a área total perdida é quase quatro vezes maior do que a contabilizada pelo Atlas, ameaçando tanto as matas jovens quanto as maduras do bioma.

No período de janeiro e fevereiro de 2023, o SAD detectou 853 alertas num total de 6.139 hectares desmatados, o que corresponde a uma taxa de 104 hectares perdidos por dia.

Estratégia para desmatamento passar despercebido

Além do mapeamento, a SOS Mata Atlântica realizou um sobrevoo em áreas de mata no Paraná, estado que, com importantes florestas de araucárias, ano a ano aparece entre os que mais devastam o bioma. O sobrevoo confirmou as informações do SAD Mata Atlântica que mostram um padrão de desmatamentos menores, porém persistentes, na região - além de "estratégias" para que os desmatamentos tentem passar despercebidos.

"São derrubadas em faixas laterais, que devoram a mata pelas beiradas, e em pequenas áreas interiores, como furos em um queijo suíço, feitas assim justamente para não serem detectadas pela maior parte das tecnologias, mas que agora o SAD é capaz de capturar", 💥️explica Luis Fernando Guedes Pinto.

Enquanto o Atlas oferece um panorama anual do estado de conservação dos grandes fragmentos florestais, que são de maior importância para a biodiversidade, os dados do SAD são divulgados semanalmente na plataforma MapBiomas Alerta de forma a ajudar, com maior rapidez, nas ações dos diversos órgãos responsáveis por combater e fiscalizar o desmatamento.

Bioma tem o maior número de espécies ameaçadas

De acordo com dados divulgados pelo IBGE, a Mata Atlântica também é o💥️ bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados. O levantamento tem como base as listas de fauna - elaboradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - e da flora, produzida pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), ambas divulgadas no ano passado.

Murucututu-de-barriga-amarela é coruja de grande porte comum da Mata Atlântica e ameaçada de extinção - © Aves de Rapina Brasil - © Aves de Rapina Brasil Murucututu-de-barriga-amarela é coruja de grande porte comum da Mata Atlântica e ameaçada de extinção

Segundo o estudo, as duas instituições avaliaram 21.456 espécies de animais e plantas em todos os biomas do país, o que representa cerca de 12% de toda a biodiversidade brasileira. A partir daí, técnicos classificaram as espécies em situação de ameaça: vulnerável (VU), em perigo (EM) e criticamente em perigo (CR).

A Mata Atlântica foi o bioma com maior número de espécies avaliadas: 11.811. E também é a área com maior total de espécies ameaçadas: 2.845, ou seja, quase um quarto (24,1%). Segundo o IBGE, 43% das espécies ameaçadas vivem na Mata Atlântica. É também o bioma com mais espécies declaradas extintas: oito, segundo o IBGE, sendo a💥️ mais recente a perereca-gladiadora-de-sino (Boana cymbalum).

De acordo com Leonardo Bergamini, pesquisador do IBGE, isso se deve, em parte, a características intrínsecas ao próprio bioma. No entanto, também influencia o fato de a Mata Atlântica ser o bioma brasileiro com maior histórico de ocupação.

"E há um terceiro fator: a maioria das instituições e centros de pesquisa está localizada nesse bioma, então existe uma maior disponibilidade de informações sobre sua biodiversidade, o que permite avaliar melhor o risco de extinção das espécies", ressalta.

Em seguida, aparece o cerrado que, com 7.385 espécies avaliadas, teve 1.199 espécies consideradas em risco (16,2% do total). Outros biomas com mais de 10% da vida selvagem ameaçada entre aquelas espécies avaliadas são a caatinga (3.220 ou 14,9%) e os pampas (229 ou 13,7%).

Os biomas com menor número de espécies ameaçadas entre as avaliadas são a Amazônia (503 ou 6%) e o Pantanal (1.825 ou 4,1%).

O IBGE também informou que o total de espécies avaliadas em 2022 aumentou em relação à lista elaborada em 2014. As plantas passaram de 9% do total (4.304) para 15% (7.517), enquanto os animais subiram de 10% (12.009) para 11% (13.939).

As espécies ameaçadas recuaram tanto na flora quanto na fauna. As espécies de planta com risco de extinção passaram de 47,4% em 2014 para 42,7% em 2022. Já os animais ameaçados caíram de 9,8% para 9% no período.

A queda, segundo o IBGE, pode ser explicada pelo aumento do número de espécies avaliadas.

le/ek (EBC, ots)

O que você está lendo é [Perereca extinta: Mata Atlântica perdeu 28 mil campos de futebol].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...