Barbeiro faz sucesso cortando cabelo de crianças autistas: Meu propósito VivaBem
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O que para a maioria é algo comum e rotineiro, para crianças autistas e suas famílias, cortar o cabelo pode ser motivo de grande estresse, pois envolve diversas questões sensoriais que podem desorganizar a criança, a ponto de ser aversivo e doloroso para ela, explica a terapeuta ocupacional Ellen Mendes, que atua na área de desenvolvimento infantil, síndromes, distúrbios comportamentais e transtorno do espectro autista na clínica Emedi, em Belém, no Pará.
As primeiras vezes que cortou o cabelo de crianças com TEA (transtorno do espectro autista), Mallas não sabia que elas eram autistas e muito menos o que era autismo, mas o "feito" do barbeiro gerou uma repercussão positiva entre os pais que passaram a divulgar seu trabalho e a procura pelo serviço aumentou.
Para atender a demanda, Mallas pesquisou sobre autismo na internet e passou a estudar os atendimentos que fazia para ver o que funcionava e o que não funcionava, levando em consideração as peculiaridades de cada criança. A partir daí foi criando estratégias e fazendo testes.
Não existe fórmula mágica, mas de acordo com a neuropsicóloga e psicopedagoga Luciana Garcia de Lima, o profissional deve estar preparado, saber o que a criança gosta, o que não gosta, se é verbal, se usa algum tipo de comunicação alternativa, se possui alguma alteração sensorial, se é a primeira vez que corta o cabelo ou se já teve experiências anteriores e como foram.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por CARLOS H CAMILO (@mallasbarber)
Além disso, acrescenta a terapeuta ocupacional Mendes, o cabeleireiro precisa ser paciente, estar disponível e se envolver de forma lúdica com a criança, para que ela ganhe sua confiança e o veja como um amigo e não como uma ameaça.
Foi o que aconteceu com Artur, de 3 anos, que teve uma crise de choro ao chegar na porta da barbearia de Mallas devido a experiências ruins que teve em outros estabelecimentos.
"Saí do salão por alguns minutos e os deixei lá para ele se acalmar e se familiarizar com o ambiente. Depois enfileirei os carrinhos por cor que nem ele estava fazendo, ele até se aproximou, mas voltou a chorar quando mexi no cabelo dele. Demorei duas horas nesse atendimento, mas preferi não cortar o cabelo e pedi para os pais para retornarem posteriormente, porque tinha observado algumas coisas importantes. Na semana seguinte, eles voltaram e atingi o objetivo. A paciência é minha grande aliada", revela.
💥️Estratégias que fazem diferença
Entre tentativas, erros e acertos, Mallas desenvolveu algumas estratégias. Uma delas é ligar o ventilador para diminuir o barulho da maquininha e/ou esconder a maquininha atrás de um urso de pelúcia. Outra é umedecer a mão com água ou dar o borrifador para a criança, para que ela mesma borrife água no próprio cabelo ou fique menos reativa quando ele ou os pais borrifam, pelo fato de todos estarem "brincando".
Mallas não cobra mais pelo corte de cabelo de crianças autistasA seguir, duas especialistas consultadas por 💥️VivaBem dão dicas para que o corte de cabelo seja uma experiência positiva para crianças com autismo:
Pais podem fazer uma visita ao salão sem a criança para conversar com o cabeleireiro sobre as dificuldades, sensibilidades e preferências dela em relação a brinquedos, temas, músicas, personagens.
Não leve a criança em dias e horários de grande fluxo de pessoas no salão.
Prepare a criança em casa com antecedência, não deixe para avisá-la sobre a ida ao cabeleireiro no dia. Coloque o compromisso no calendário. Previsibilidade é essencial.
Para fazer a dessensibilização, utilize ferramentas como bonecos com cabelos feitos de linha, papel ou massinha para a criança poder cortar. Isso ajuda a criar vínculo e dar segurança.
Leia historinhas criadas para preparar o pequeno para uma situação específica; neste caso, a ida ao salão.
Pais podem usar figuras de comunicação, apps e pranchas de comunicação alternativa sobre o que a criança pode encontrar no cabeleireiro.
Não deixe para cortar o cabelo da criança quando estiver muito grande, pois o tempo que o cabeleireiro levará no procedimento será maior e talvez seu filho não tolere;
Preferencialmente, leve a criança de banho tomado, talvez ela não aceite se sentar em lavatórios.
Cabeleireiro deve ser flexível em relação às regras. Pode ser que a criança não consiga se sentar na cadeira e o corte tenha que ser feito no colo dos pais, ou com ela em pé ou no chão brincando.
Nunca segure a criança à força para cortar o cabelo.
É importante atender às necessidades individuais da criança em relação às questões sensoriais e de comunicação.
Profissionais podem usar capas de super-heróis, os pequenos adoram.
Se possível, o salão deve ter um espaço mais reservado para atender crianças autistas e recursos como almofadões, cadeiras de balanço e brinquedos da preferência do cliente.
Reforce a coragem da criança ao deixar cortar o cabelo: a presenteie com brinquedos simples, medalhas, adesivos, figurinhas, certificado de campeão.
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