Tem medo de aranha? Jovem cria estratégia para poupar vida dos aracnídeos

Aranhas coloridas em grandes teias começaram a surgir em um condomínio de Palmas do Tremembé, zona norte de São Paulo. Assustados, os moradores prontamente removeram as teias e mataram os aracnídeos.

Mas, em pouco tempo, o local muito arborizado fez com que uma nova prole dos bichinhos de oito patas voltasse a decorar o alto das árvores, muros e arbustos.

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A jovem Nicole Dourado, 24, analista de redes sociais e moradora do condomínio se compadeceu pelas pobres aranhas e decidiu agir com informação contra o "extermínio" dos insetos:

"Decidi pesquisar sobre a espécie que via por aqui e encontrei bastante coisa na internet explicando que, na verdade, elas são inofensivas. Decidi compartilhar essa informação com todo mundo. 💥️Criei alguns cartazes com informações de blogs científicos e espalhei pelo prédio. Tem um mês que comecei essa ação", conta.

A espécie encontrada por Dourado é conhecida 💥️como aranha-de-prata (Argiope argentata), 💥️uma espécie que dificilmente registra acidentes com humanos, de acordo com biólogos consultados por Ecoa.

Nicole Dourado, 24, espalhou cartazes em seu condomínio na zona norte de São Paulo para salvar vida das aranhas. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. Cartaz de Nicole foi espalhado por seu condomínio na zona norte de São Paulo e compartilhado em grupo de identificação de aracnídeos no Facebook. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. que estuda aracnídeos há 27 anos e já catalogou mais de 700 deles.

"Essa espécie é construtora de teia, e geralmente se instalam em locais altos. Portanto, 💥️para sermos picados seria preciso ir até a aranha e apertá-la", completa a bióloga.

Tourinho reforça que 💥️em caso de raros acidentes 💥️com essa espécie, 💥️pessoas devem ficar atentas às reações e possíveis inflamações, sobretudo as alérgicas, e devem consultar o médico o quanto antes - mas lembra que mesmo em caso de acidentes, a 💥️picada, apesar de dolorida, é inofensiva para quem não apresenta alergia.

O biólogo Kayron Passos, explica para colocar a aranha-de-prata para fora de casa é preciso fazer da forma mais amigável possível, com alguma proteção na mão e tentando manter distância do inseto.

"Toda aranha tem veneno, que é uma proteína relacionada à digestão delas. Mas nem toda aranha tem interesse médico, isso significa que a picada delas não surte efeito no nosso corpo, caso não seja uma pessoa alérgica. Em caso de picada, lavar com água corrente é a primeira providência", reforça Kayron.

À esquerda o cartaz feito por Nicole Dourado e à direita uma das aranhas - aranha-de-prata (Argiope argentata) encontradas em seu condomínio. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. - Arquivo pessoal/Nicole Dourado. À esquerda o cartaz feito por Nicole Dourado e à direita uma das aranhas - Aranha-de-prata (Argiope argentata) encontradas em seu condomínio.

Por que não matar? Aranhas protegem sua casa de outros insetos

Passos lembra que as aranhas alimentam-se de insetos de forma geral. E se elas aparecem por perto é porque há presença de alimento.

"As aranhas não sobrevivem em um local sem comida. 💥️Se há um problema com aranhas, significa que na verdade existe um problema com insetos. Então, matar as aranhas não é muito inteligente", defende Passos.

Entre as presas, podem estar insetos que causam um verdadeiro incômodo na casa, como baratas, mosquitos e pernilongos — que encontrarão uma barreira natural na teia das aranhas.

Ana Tourinho ressalta que aranhas são predadoras de topo de cadeia. "💥️São animais muito importantes para manter a estabilidade dos ecossistemas terrestres e controlam populações de outros insetos. 💥️Matar as aranhas acaba nos prejudicando pois perdemos as grandes consumidoras de insetos", aponta a bióloga.

Nicole admite que ainda há pessoas que retiram as teias e as aranhas em seu condomínio, mas espera que a informação as ajude a repensar a coexistência com os bichinhos.

"As pessoas acabam tomando muitas atitudes por falta de informação, então quando a gente torna esse assunto mais 'humano' as pessoas tendem a repensar as atitudes e ver os insetos com outros olhos. Eles são nossos companheiros e fazem muito pelo meio ambiente", diz Nicole.

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