Tenente usa psicodélicos para combater violência policial nos EUA
Policial durante o dia, terapeuta psicodélico à noite. O cotidiano do norte-americano Sarko Gergerian é, no mínimo, incomum. E nos dois expedientes, a missão é audaciosa: curar traumas, construir resiliência e ajudar a construir um policiamento mais humanizado.
Sua arma atual é a cetamina, único psicodélico autorizado para uso em tratamentos de depressão nos Estados Unidos. Gergerian faz parte do movimento que luta pela liberação de drogas psicodélicas para uso médico.
💥️Agora, o "policial - terapeuta" se prepara para realizar atendimentos com o MDMA (metilenodioximetanfetamina), droga psicodélica que na década de 1980 ficou conhecida como ✅ecstasy. O sinal verde do FDA (a Anvisa dos EUA) deve sair até 2024. "Quero levar a terapia psicodélica para a polícia, porque o trauma é um grande problema entre os policiais", disse Sarko em entrevista exclusiva a 💥️Ecoa.
É importante lembrar que o uso psiquiátrico do MDMA acontece em situações terapêuticas com supervisão e indicação médica. Esses estudos costumam excluir pacientes com distúrbios psiquiátricos graves, como transtorno bipolar e esquizofrenia, e pacientes com doenças cardiovasculares.
Uma polícia menos violenta
💥️O policial lidera uma equipe multidisciplinar na Secretaria de Segurança e Saúde Pública da cidade, encarregada de realizar intervenções com o objetivo de prevenir prisões e mortes. "Nós protegemos e servimos as pessoas como guardiões", diz.
Junto à comunidade, os agentes realizam um monitoramento constante e preventivo para identificar problemas locais de abuso de drogas ilícitas e álcool. O objetivo, segundo ele, é acolher pessoas em tratamentos terapêuticos e evitar que casos desse tipo se tornem ocorrências policiais.
Na opinião de Gergerian, no ranking dos problemas que causa, o álcool é uma das piores drogas. "E apesar de contribuir para gerações de trauma familiar, agressão sexual, acidentes de carro e doenças, está disponível em todos os lugares.
'Saúde pública é segurança pública e segurança pública é saúde pública
O modelo de trabalho que Gergerian ajudou a criar na polícia de Winthrop está alinhada com a promessa "One-Mind" da IACP (Associação Internacional de Delegados, em português).
💥️Criada em 1893, a instituição sediada em Alexandria, na Virgínia, tem mais de 32 mil membros distribuídos por 170 países e promove ações de educação pelo mundo em torno de um policiamento comprometido com comunidades mais seguras.
A campanha One-Mind busca promover interações bem-sucedidas entre a aplicação da lei e pessoas com transtornos psíquicos ou deficiência intelectual. "Nossos oficiais são treinados em primeiros socorros em saúde mental e em incidentes críticos", conta Gergerian.
Ou seja, para eles, o uso abusivo de substâncias também é um diagnóstico de transtorno mental. "Procuramos tirar esses casos da justiça criminal e levá-las para a saúde pública", explica.
Segundo o tenente de Winthrop, tudo começou com a pergunta "e agora?". A indagação surgia frequentemente em situações de overdose em que ele e seus colegas conseguiam manter a pessoa viva usando naloxone (medicamento usado em casos de intoxicação aguda por opioides). Passado o susto, e agora? O que essa pessoa que precisa urgentemente de ajuda vai fazer?
"💥️Fomos o primeiro departamento de polícia do país a desenvolver uma política de mobilização de equipes de recuperação", conta Gergerian. "Saúde pública é segurança pública e segurança pública é saúde pública."
'Policial - terapeuta' trabalha com cetamina, MDMA e kambô
'Me senti abraçado pelo amor'
Cápsula de MDMA, composto psicodélico usado em estudos da MapsNos EUA, os números de pessoas negras presas e mortas por overdose atingiram níveis epidêmicos, alerta Gergerian. Para ele, a questão passa pela campanha proibicionista da guerra às drogas, lançada em 1971 pelo então presidente norte-americano Richard Nixon.
Segundo o policial, esse movimento foi profundamente tendencioso e sem base científica. Como uma das consequências, pesquisas com substâncias psicodélicas realizadas há décadas foram interrompidas, impossibilitando os estudos sobre tratamentos.
"Se transformou em uma guerra contra pessoas. A guerra às drogas tornou as pessoas mais violentas, as drogas mais tóxicas e acelerou a morte de mais de 100 mil pessoas por overdose anualmente, só nos Estados Unidos", diz Gergerian.
Mas, para ele, há uma luz no fim do túnel: "Temos pesquisadores conduzindo boa ciência e publicando informações precisas, chegamos a um ponto de virada e os governos terão que atender às demandas cada vez maiores do público por acesso seguro a essas ferramentas de cura."
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