Novo tipo de 'açaí' ajuda a salvar árvore ameaçada e continua gostoso

Uma árvore nunca é só uma árvore. Na Mata Atlântica, a palmeira-juçara é um bufê popular e diverso. Dezenas de espécies de aves e mamíferos se alimentam de suas sementes e frutos. Algo em torno de 70 animais, como arapongas, antas, cotias, tucanos, sabiás e esquilos, devoram as sementes, envoltas por uma polpa fibrosa, e os frutos, ricos em gorduras e antioxidantes. De quebra, eles são essenciais para a dispersão das sementes e a disseminação da árvore.

O desmatamento da Mata Atlântica e a consequente queda da população dessas espécies animais (algumas com risco de extinção, como da jacutinga, ave símbolo da floresta) contribuem para a situação precária em que a juçara se encontra. Somada a isso tudo ainda está a extração do palmito: essa sim a maior ameaça à palmeira.

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O palmito da juçara é considerado de melhor qualidade, mas seu corte mata a árvore, algo que não ocorre na extração de palmeiras amazônicas, como a pupunha e o açaí. Além disso, a juçara demora até 12 anos para gerar um bom palmito, enquanto o palmito da pupunha leva só um ano e meio.

Por tudo isso, a árvore está em perigo de extinção. Mas, se o seu palmito representa uma ameaça para a sua sobrevivência, outra parte desta palmeira pode significar a sua salvação.

'Açaí' de Juçara

Juçaí - Diogo Mello - Diogo Mello Juçaí - Divulgação/Juçaí - Divulgação/Juçaí Comercialização do fruto da juçara preserva a palmeira que antes era derrubada para a extração do palmito

Juçara vs Açaí: há diferenças?

O executivo da Juçaí defende que seu produto tem cor e sabor mais vivos e agradáveis que o açaí tradicional. Na prática, você percebe pouca ou nenhuma diferença entre o fruto da juçara e o do açaizeiro.

E para a saúde? Em sua tese de doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a nutricionista Sheyla de Lins Baptista comparou os benefícios à saúde do açaí e do fruto da juçara.

Ambas as polpas aumentaram o chamado colesterol bom (HDL-c) e melhoraram a defesa antioxidante do organismo. Segundo Sheyla, os dois produtos "podem contribuir para melhorar a defesa antioxidante e atenuar o estresse metabólico e a inflamação, porém ainda é reduzido o número de estudos em humanos".

No estudo, o açaí amazônico aumentou quatro marcadores de defesa antioxidante e o da juçara, um. Mas a nutricionista afirma que isso não quer dizer que o da Amazônia seja melhor que o da Mata Atlântica. Ela considera um empate técnico. E para quem vive próximo a regiões de Mata Atlântica, a polpa da juçara acaba sendo um produto local e com benefícios a uma árvore ameaçada.

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