Asteroide Bennu vai além do seu potencial impacto na Terra
Sim, se não sabia, então esteja ciente que existe uma possibilidade, apesar que muito diminuta, do asteroide Bennu colidir com o nosso planeta daqui a sete séculos. Apesar de ser um motivo só por si interessante, pelo perigo que pode trazer às nossas gerações futuras, esta rocha gigante suscita outros interesses à NASA.
NASA: asteroide Bennu pode colidir com a terra... mas calma, não é para já!
A missão OSIRIS-Rex está prestes a chegar à Terra com as primeiras amostras deste asteroide potencialmente perigoso.
Bennu é um cometa muito interessante para os astrónomos, não tanto pela probabilidade (muito baixa) de embater no nosso planeta, mas porque é o objeto de uma das missões mais ambiciosas e menos conhecidas da NASA. O asteroide Bennu tem estado no centro das atenções nos últimos dias. Um dos aspetos mais marcantes deste corpo celeste é o facto de ser considerado "potencialmente perigoso", devido à sua grande dimensão e ao facto de a sua órbita se cruzar com a do nosso planeta. A probabilidade é pequena e distante no tempo.
Mas pequena não quer dizer que não vá colidir com a Terra, certo?
Em termos práticos não se pode "esvaziar" a possibilidade de uma colisão. De acordo com os últimos cálculos do Center for Near Earth Object Studies (CNEOS), o centro do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA que vigia as órbitas dos asteroides e cometas da nossa vizinhança cósmica, as probabilidades desta rocha colidir connosco num futuro próximo são de uma em 1800.
Este número representa uma estimativa da probabilidade cumulativa de impactos em muitas órbitas ao longo dos próximos duzentos anos, aproximadamente. Se nos concentrarmos em casos específicos, de acordo com as últimas estimativas (geradas em 2023), a aproximação mais perigosa ocorrerá 💥️em setembro de 2182, e a probabilidade de uma colisão será de uma em 2700 ou 0,037%.
Os danos que o asteroide poderia causar na Terra dependeriam de muitos fatores. Dois dos mais importantes seriam a velocidade de colisão e a sua massa. Bennu tem um diâmetro de 490 metros e uma massa estimada de 74.000.000 toneladas. Estima-se também que a sua velocidade no momento do hipotético impacto seria de cerca de 12,7 quilómetros por segundo.
Com base nestes parâmetros, o CNEOS calcula que o hipotético impacto de Bennu no ano 2182 libertaria cerca de 1.421 megatoneladas de energia. Isto é 28 vezes mais do que o que foi libertado pela Tsar Bomba, a maior bomba nuclear alguma vez criada pela humanidade. No entanto, há muitos outros fatores que podem pesar nos danos causados pelo impacto de um asteroide. Um deles é a composição do asteroide e a consistência da sua matéria.
OSIRIS-Rex pode trazer novidades importantes
É aqui que missões como a OSIRIS-Rex (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification and Security - Regolith Explorer) entram em ação. A nave espacial descolou da Terra em setembro de 2016 e chegou ao asteroide dois anos depois. Em 2023, a nave desceu em direção a Bennu para recolher amostras do regolito do asteroide, ou seja, as rochas da sua superfície. A missão foi um sucesso e a sonda enviou estas amostras para a Terra.
Três anos depois, a nave espacial está prestes a libertar o seu pacote em direção à Terra. Aterrará este domingo, dia 24, pouco depois das 16h00 (CET). Esta é, pelo menos, a altura em que a NASA começará a transmitir a chegada das amostras.
Será também Apophis (Apófis) uma ameaça?
Há alguns meses, a NASA anunciou que ia prolongar a vida da sonda encomendando-lhe outra missão: viajar até outro asteroide que já foi considerado perigoso para a nossa existência, o Apófis (Apophis).
Embora atualmente a NASA tenha excluído qualquer possibilidade de impacto deste corpo num período de 100 anos, os primeiros cálculos da sua órbita estimavam uma probabilidade de impacto de 2,7%. A próxima missão, denominada OSIRIS-APEX, terá como objetivo aproximar-se deste asteroide e estudá-lo em pormenor.
Missões como a OSIRIS e a DART (a missão que se despenhou sobre o asteroide Dimorphos para testar a possibilidade de desviar asteroides, se necessário) são fundamentais para conceber estratégias que possam evitar uma possível colisão de meteoritos com a Terra. No entanto, são também de grande importância para compreender a origem do nosso próprio sistema solar e do planeta que habitamos.
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