ESA e a NASA unem forças para responder ao enigma do aquecimento do Sol
Porque é que a atmosfera do Sol é mais quente do que a sua superfície? Este enigma, que contradiz a sabedoria convencional de que as coisas arrefecem quanto mais se afastam de uma fonte de calor, pode ter sido finalmente respondido, graças à ESA e à NASA.
Durante mais de seis décadas, os cientistas têm sido confundidos por um mistério cósmico: Porque é que a atmosfera do Sol é mais quente do que a sua superfície?
A atmosfera do Sol é constituída por plasma, um gás eletricamente carregado, e brilha a mais de 1 milhão de graus Celsius. No entanto, a temperatura da superfície do Sol 💥️é apenas de cerca de 6 mil graus Celsius.
Como é que isto é possível?
Para responder a esta questão de longa data, os cientistas há muito que suspeitam que a turbulência na atmosfera solar pode ser responsável pelo aquecimento do plasma na coroa. No entanto, a investigação desta teoria representava um desafio significativo. Para desvendar os mistérios do Sol, os cientistas precisavam tanto de deteção remota como de medições ✅in situ, 💥️mas era impossível recolher todos os dados necessários com uma única nave espacial.
A deteção remota acontece quando uma nave espacial estaciona à distância e usa câmaras para analisar o Sol e a sua atmosfera, mostrando resultados em grande escala - enquanto outra voa pela região a ser investigada💥️ e faz várias medições que fornecem detalhes específicos.
A Solar Orbiter, liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA), e a Parker Solar Probe, da NASA, são as duas naves espaciais.
Alinhar as naves da ESA e da NASA era a chave para o enigma do sol
A Solar Orbiter foi concebida para efetuar medições de deteção remota e ✅in situ, mantendo uma distância segura. A Parker Solar Probe, por outro lado, concentrou-se principalmente em medições ✅in situ e atreveu-se a aproximar-se ainda mais da estrela gigante.
A peça que faltava no puzzle era alinhar a Parker Solar Probe com a Solar Orbiter 💥️para captar as consequências em grande escala das medições ✅in situ.
Daniele Telloni, investigador do Instituto Nacional Italiano de Astrofísica (INAF), descobriu que, a 1 de junho de 2022, as duas naves espaciais estariam alinhadas. O investigador apercebeu-se de que o alinhamento estava a apenas 45 graus de distância de uma rotação e de uma direção que não permitiria ver a Parker Solar Probe.
Embora, inicialmente, não fosse claro se a equipa de operações da nave espacial autorizaria esta manobra, uma vez que a nave espacial foi concebida para apontar apenas em direções específicas no calor do Sol, 💥️a aprovação não tardou a chegar quando a natureza do potencial benefício científico se tornou evidente.
A revelação e as implicações
Ao captar medições simultâneas da configuração em grande escala da coroa solar e das propriedades microfísicas do plasma, a equipa fez a primeira estimativa combinada observacional e ✅in situ da taxa de aquecimento coronal.
Os resultados apoiam fortemente a hipótese de que💥️ a turbulência desempenha um papel fundamental na transferência de energia, semelhante à agitação de um café pela manhã.
A turbulência estimula movimentos aleatórios no fluido magnetizado, transferindo energia para escalas mais pequenas, algumas das quais se transformam em calor.
A presença de fluido magnetizado na coroa solar permite que a energia magnética armazenada contribua para este processo, culminando no aquecimento de partículas individuais, principalmente protões.
Embora seja necessária mais investigação para desvendar completamente o mistério do aquecimento solar, o trabalho de Daniele representa um importante passo em frente. Os físicos solares têm agora a sua primeira medição do processo responsável pelo aquecimento da atmosfera do sol, lançando luz sobre uma questão 💥️que deixou os cientistas perplexos durante décadas.
Trata-se de uma estreia científica. Este trabalho representa um importante passo em frente na resolução do problema do aquecimento coronal.
Comentou Daniel Müller, cientista do projeto.
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