Autismo no adulto: É importante diagnosticar? - Fitness e bem-estar Life
A perturbação do espetro do autismo (PEA) apresenta-se como uma condição de base neurológica complexa, expressa-se de forma heterogenia, sendo possível dizer, que cada um terá o seu próprio quadro manifesto de autismo.
É caracterizada essencialmente por dificuldades na interação social e na comunicação, nos padrões de comportamento, repetitivos e estereotipados e em interesses específicos. Manifesta- se ao longo de toda a vida, e apresenta mutações na sua expressão clínica, sabendo que o diagnóstico precoce, assume-se como um fator de proteção relevante paro o desenvolvimento do individuo com autismo.
Crianças com sinais subtis de autismo, sem comprometimento cognitivo, nem atraso no desenvolvimento da linguagem (não sendo critério de diagnóstico, é comum estar presente), poderão passar despercebidas ao olhar dos clínicos que as acompanham, e à própria família. Se associarmos estes fatores, à heterogeneidade da apresentação dos sintomas, encontramos fatores facilitadores aos inúmeros casos de autismo não diagnosticados na infância.
O adulto diagnosticado tardiamente com uma perturbação do espetro do autismo, poderá trazer uma bagagem repleta de dificuldades nas suas relações sócio afetivas, nas interações sociais, na capacidade de integração nos diversos contextos onde se movimenta (escolar, profissional), sendo estes fatores, potencialmente desencadeadores de sentimentos de incapacidade na manutenção das rotinas diárias e no desenvolvimento de estados emocionais equilibrados e saudáveis.
O desconhecimento das bases que justificam o seu tipo de funcionamento, poderá potenciar a construção e posterior sedimentação de crenças negativas do próprio em relação a si mesmo, baseadas nos desafios e dificuldades com que se deparam ao longo do seu percurso de vida, e que poderão conduzir a processos severos de individualização do próprio sofrimento.
Importante será de referir que, por vezes, poderá existir a crença em relação à população em geral, que o individuo com autismo, não estabelece vínculos afetivos, que poderá não constituir família, que não será capaz de concluir os seus projetos, sabendo que estes pensamentos invalidam e não reconhecem as potencialidades de uma pessoa com autismo leve.
O autismo apresenta uma elevada taxa de comorbilidades, sabendo que, em média, 70% das pessoas com autismo possuem outras perturbações diagnosticadas, como perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA), ansiedade, quadros depressivos distúrbios do sono, perturbações alimentares, entre outras, sendo essencial um olhar cuidado, que possibilite a realização de um diagnóstico diferencial eficaz.
Quando um adulto inicia o seu processo de avaliação/diagnóstico, são habituais as manifestações de angústia, pela dificuldade em percecionar a causa dos seus desafios, geralmente associados à exposição social. Querer saber “Quem eu sou” é uma questão que habitualmente se coloca, e que estará relacionada a uma aprendizagem focada na interpretação das ações do outro, por forma a entenderem o que é esperado deles. Este processo poderá retirar acesso a um autoconhecimento consciente da sua individualidade e autenticidade.
Muitos são os casos, em que indivíduos adultos com PEA trazem no seu historial, episódios em que foram vítimas de bullying., A elevada taxa de prevalência deste tipo de situações, poderá
estar relacionada com dificuldades na leitura, adequação e ajuste ao contexto, na relação com os seus pares, tornando-os mais permeáveis e expostos a este tipo de experiências.
A importância de ter o diagnóstico na idade adulta, assume-se como uma possibilidade de compreender o seu perfil de funcionamento, facilitar o seu processo de autoconhecimento, validar e contextualizar dificuldades e desafios experienciados ao longo da sua vida, assumindo- se por si só como um fator com potencial terapêutico.
É importante, sensibilizar reconhecer e identificar os sinais, por forma a evitar a perpetuação de casos em que os são os “bullys”, os primeiros e, por vezes, os únicos a “diagnosticar”.
✅Um artigo da psicóloga clínica Alexandra Gago da Câmara.
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