Lyon: um guia para explorar a confluência dos rios e dos sabores - Mundo Viagens
Lyon é uma cidade situada no leste da França, na região de Auvergne-Rhône-Alpes. A História desta cidade remonta à época romana e isso é evidente na sua deslumbrante arquitetura. Fundada pelos romanos em 43 a.C., a cidade foi a capital da província romana da Gália e um importante centro cultural e comercial. Durante a Idade Média, Lyon tornou-se um importante centro religioso, com a construção de várias igrejas e catedrais. Mais recentemente, durante a Segunda Guerra Mundial, Lyon foi ocupada pelos nazis e serviu como sede da Gestapo em França. Actualmente, é a segunda maior área urbana em França.
Como chegar
À primeira vista, Lyon pode parecer um destino turístico peculiar, aparentemente sem grandes atrativos, mas uma análise mais detalhada e uma oportunidade de viagem a baixo preço mudaram esta perspectiva. O primeiro desafio surgiu assim que chegámos: como chegar ao centro da cidade? Surgiram duas alternativas viáveis: o Rhône-express, que custa 15 euros para uma viagem de 30 minutos, mas não nos deixa no centro; ou uma combinação de autocarro e metro, que leva uma hora, custa quatro euros e nos deixa em frente ao hotel... A escolha foi fácil e, como portugueses que somos, decidimos pagar menos e optar pela opção mais demorada. Já no centro, decidimos ir a uma pizzaria, a primeira de três refeições italianas, mesmo estando em... França. Infelizmente, voos tardios não permitem muito tempo para sermos turistas no primeiro dia.
O centro histórico
Vale a pena começar pelo bairro histórico de Vieux Lyon, classificado como Património Mundial da UNESCO. Além das ruas estreitas e dos edifícios medievais e renascentistas, esta área abriga a Catedral de Saint-Jean-Baptiste e a importante Basílica de Notre-Dame de Fourvière. Esta última, situada na colina de Fourvière, é um importante local de peregrinação e devoção religiosa. A construção da Basílica, projetada pelos arquitetos Pierre Bossan e Louis Sainte-Marie Perrin, teve início em 1872 e foi concluída em 1896. No interior da Basílica, podemos encontrar frescos, vitrais, uma variedade de elementos decorativos, um altar-mor adornado com mosaicos de ouro e prata e uma série de capelas laterais.
À direita, a Basílica de Notre-Dame de Fourvière créditos: Guilherme TeixeiraUma das maiores praças da Europa
O dia começou com uma breve passagem por uma das maiores praças da Europa, a Praça Bellecour, que, apesar de sua magnitude e enquadramento arquitectónico na cidade, não possui uma área verde. No entanto, não posso deixar de notar que as flores características desta época do ano trazem uma cor diferente ao predominante tom castanho da praça. Já no fundo da praça, tivemos a agradável surpresa de encontrar a estátua dedicada ao criador do “O Principezinho”, Antoine de Saint-Exupéry. Bastou percorrer alguns metros para atravessarmos a ponte que nos levou até Vieux Lyon e a nossa primeira paragem foi no pequeno mercado que se localiza em frente à Catedral de Saint-Jean-Baptiste (e, é claro, visitamos o interior da catedral também). Utilizámos o funicular para chegar à Basílica e apreciar a magnífica vista sobre a cidade, sem deixarmos de notar a névoa que paira sobre a mesma devido ao alto grau de poluição atmosférica. A próxima paragem foi o magnífico Museu de Belas Artes, no 2º Arrondissement.
Pelas ruas de Lyon créditos: Guilherme TeixeiraUma cidade dividida por dois rios
Os rios Rhône e Saône podem ser considerados como artérias vitais que moldam a geografia e a vida da cidade. Por um lado, o rio Rhône, um dos principais rios da Europa, flui de sul para norte, apresentando águas turvas e correntes fortes. Por outro lado, o rio Saône flui de norte para sul e contrasta com o Rhône, sendo um rio mais tranquilo, com águas mais claras e navegáveis. No centro desses dois rios, encontra-se a conhecida Presqu'île, uma península que abriga os 2º e 3º Arrondissements. É no ponto de conexão desses dois rios que se encontra um dos museus mais famosos da cidade: o Musée des Confluences. Inaugurado em 2014, o projeto idealizado pelo grupo arquitectónico austríaco-francês Coop Himmelb(l)au abriga uma impressionante exposição dedicada à compreensão da história natural, antropologia, etnologia e ciências de diversas partes do mundo.
A ponte Bonaparte sobre o rio Saône, com a Basílica de Notre-Dame de Fourvière visível créditos: Guilherme TeixeiraA última paragem foi no 4º Arrondissement, ou seja, no pitoresco bairro de Croix-Rousse, onde o passado relacionado à indústria da seda se encontra com a arte urbana moderna. Na verdade, encontramos elementos de arte urbana em cada esquina, desde os mais simples e pequenos até às enormes fachadas, como o famoso Mur de Canut: um mural que começou a ganhar forma em 1987 e que retrata a vida no bairro. Todo o bairro possui uma atmosfera boémia e criativa que atrai artistas e entusiastas da arte. Uma das áreas mais conhecidas é o Boulevard de la Croix-Rousse, onde os murais e grafites cobrem as paredes, trazendo um ar de criatividade e autenticidade para o bairro.
Lyon não é plana!
O Mur de Canut era o nosso objectivo final, porém, não sabíamos que teríamos de subir a colina que começa no Rio Rhône para chegar lá: achávamos nós que Lyon era plano! O clima húmido e quente não ajudou muito, mas, com calma, conseguimos ultrapassar as escadarias que servem de tela para os inúmeros artistas que dão vida a este bairro. A tarefa pode não ter sido fácil, mas posso dizer que valeu a pena: o mural é incrível! Agora, era hora de fazer o caminho de volta, sempre descendo, até pararmos para jantar numa pizzaria próxima ao rio (parece até que as pizzas são típicas da França).
Um dos segredos de Lyon
Há um segredo (mal guardado) sobre o bairro de Croix-Rousse e Vieux Lyon que gostaria de mencionar: as traboules. Estas estruturas são passagens invisíveis aos olhos menos atentos e atravessam vários prédios da cidade, permitindo um acesso rápido e discreto às ruas de Lyon. As traboules foram criadas com o objetivo de facilitar o transporte da seda, mas também serviram como rotas de fuga em tempos de conflitos ou perseguições. Uma forma de as dentificarmos é por meio das portas de entrada, geralmente são marcadas por um pequeno arco ou uma placa discreta. Ao entrar numa traboules, somos conduzidos por corredores estreitos que atravessam os edifícios e podem levar a pátios internos, praças ou outras ruas adjacentes. Uma das maneiras mais fáceis de procurar essas entradas é utilizando o aplicativo "Traboules by Lyon Tourism and Conventions", infelizmente disponível apenas na App Store.
Lyon é uma cidade que oferece uma experiência única, onde a história se mistura com a modernidade, a culinária é uma arte e a cultura está em cada esquina.
💥️✅Podem consultar um mapa com os sítios apontados pelo Guilherme no seu blog, onde uma versão deste artigo foi publicada originalmente.
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