Faial acolhe residência artística que vai explorar uso de rochas vulcânicas dos Açores

De 23 de fevereiro a 30 de março, o artista plástico Regis da Silva vai estar em residência no Faial para realizar um trabalho de exploração do uso das rochas vulcânicas locais em litografia (impressão sobre a pedra), e que vai resultar numa exposição que será apresentada na ilha, no Porto e em Inglaterra.

As rochas serão utilizadas não apenas como suporte para a realização das impressões, mas também para a criação dos pigmentos utilizados no processo de impressão de imagens, estando, ainda, previstos um workshop aberto ao público.

Na prática, são dois os projetos multidisciplinares que se vão cruzar na ilha do Faial; o projeto ‘Diálogos Plutónicos’, desenvolvido pelo artista plástico brasileiro Antonio Regis da Silva, com o apoio da Associação de Turismo Sustentável dos Açores (ATSF), e o projeto ‘Memórias do Pó: a pedra e o território como matéria’, um ciclo de atividades de investigação que se iniciam na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade e que se estendem agora ao território físico e cultural da ilha do Faial.

O presidente da ATSF, Pedro Rosa, afirma que estas iniciativas, que se vão concretizar “através da sinergia entre diversas instituições do Faial, do Porto e de Yorkshire, no Reino Unido, propõem um conjunto alargado de atividades que exploram os atributos e as especificidades de um território e dos seus recursos naturais endógenos no ato da criação artística”.

“Através do manuseamento e transformação de matérias-primas, como o basalto, aqui utilizado em processos inovadores de litografia e pigmentação, abordam-se temáticas que cruzam a cultura local com o desenvolvimento de novos processos tecnológicos e criativos que expandem a noção de território”, sublinha.

Segundo Pedro Rosa, a ilha do Faial e as suas especificidades geológicas, históricas e culturais tornam-se “a matéria principal destes processos de investigação e criação”.

Produzido pela Associação de Turismo Sustentável do Faial, este projeto realiza-se no “âmbito da estratégia de valorização e promoção da ilha do Faial enquanto local privilegiado para a criação artística e cultural”, salienta.

Recorde-se que Regis da Silva, artista brasileiro a residir no Porto, participou, o ano passado, no seminário “Faial: Descobrir a História, Pensar o Futuro”, da ATSF, e visitou na altura vários pontos da ilha, entre os quais as pedreiras, tendo identificado algumas rochas a partir das quais pode, também, produzir pigmentações, como é o caso da bagacina (lapilli).

O projeto ‘Diálogos Plutónicos’ propõe a realização de um conjunto de ações artísticas que exploram processos litográficos in situ utilizando rochas vulcânicas. O artista escolheu a ilha do Faial por ser “um lugar com forte presença da Natureza e por ter tido uma erupção vulcânica recente”.

A residência artística vai decorrer no espaço AvistaVulcão, no Capelo, e na Micro Galeria Camarupa, na cidade da Horta, e vai culminar numa exposição na Casa Manuel de Arriaga , cuja inauguração vai acontecer a 31 de março, estando, também, agendado um workshop sobre litografia aberto ao público, entre 9 e 20 de março.

Relativamente ao projeto ‘Memórias do Pó: a pedra e o território como matéria’, trata-se de um ciclo de atividades que decorre no Faial, de 30 de março a 6 de abril, expandindo processos de investigação desenvolvidos na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade.

O projeto tem por base o desenvolvimento de dispositivos litográficos móveis que possibilitaram a pesquisa in situ, ou seja, as pedras locais são testadas e utilizadas na litografia, procurando, além da expansão tecnológica, o desenvolvimento de dimensões culturais e imateriais com o território.

No Faial, esta atividade vai desenvolver-se na zona do vulcão dos Capelinhos e na cidade da Horta, onde os artistas e investigadores Antonio Regis da Silva, Graciela Machado e Domingos Loureiro vão realizar uma residência de investigação, um seminário, um workshop e uma exposição, estando também prevista uma publicação sobre este trabalho.

O seminário pretende apresentar a pesquisa que tem sido desenvolvida pelos grupos de investigação, nomeadamente as pesquisas realizadas nos territórios de Valongo, Arouca, Castelo de Paiva e agora no Faial. Pretende, ainda, cruzar as dimensões simbólicas e físicas do território, procurando um debate inter e transdisciplinar sobre o modo como a matéria e o território atuam sobre a memória e as pessoas.

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