Prêmio Inspiradoras: Heloisa Melillo é finalista do prêmio

Prêmio Inspiradoras: Heloísa Melillo é finalista na categoria Conscientização e Acolhimento - Mariana Pekin/UOL

de Universa, em São Paulo

"Hoje, dedico minha vida à mulher em situação de violência, visando a reconstrução de suas vidas", afirma.

Segundo ela, as mulheres chegam ao programa encaminhadas pela unidade básica de saúde, delegacia, família ou amigos.

A exceção é virem por iniciativa própria. Na maioria das vezes, elas nem sequer se reconhecem como vítimas de violência. 💥️Heloísa

💥️Só em 2022, o Bem Querer Mulher acolheu 17.591 mulheres e, nas delegacias de Defesa da Mulher (DDM), outras 1.392. O programa foi pioneiro ao lançar a primeira cartilha sobre a Lei Maria da Penha e o primeiro Fundo Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, em parceria com a Unifem, órgão das Nações Unidas que oferece assistência técnica e financeira a projetos e estratégias que contribuam para assegurar os direitos da mulher.

Prêmio Inspiradoras | Categoria: Conscientização e Acolhimento

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Acolhimento na delegacia

Em quatro DDMs da capital paulista, há uma assistente social do Bem Querer Mulher preparada para acolher os que chegam para fazer uma denúncia. A vendedora Carolina Coelho, 33 anos, é uma das mais de 1.300 mulheres que receberam esse atendimento humanizado no ano passado, depois de sofrer uma tentativa de feminicídio.

💥️Em janeiro de 2022, ela terminou o namoro de cinco anos, marcado por violência psicológica e física. "Ele me manipulava, dizia que a culpa da discussão era minha. Era difícil compreender que estava um relacionamento abusivo", diz Carolina.

Oito meses depois do término, a vendedora deu uma carona ao ex-namorado. O homem estava armado. Ela foi obrigada a passar para o banco do passageiro e levou um tiro na perna. Foram 12 horas em poder do agressor, que pegou a estrada, saindo de São Paulo. Para que o homem a levasse de volta para a cidade, ela prometeu que não contaria a verdade ao fazer o boletim de ocorrência, algo necessário, já que havia levado um tiro. Com medo e coagida, disse que tinham sido assaltados.

💥️Carolina precisou ficar alguns dias na UTI. Ao sair, decidiu acionar o Bem Querer Mulher. "Foi impressionante. Mandei uma mensagem contando o que havia acontecido e, cinco minutos depois, já havia um grupo no WhastApp com a Heloísa, uma advogada cível, outra criminalista, uma psicóloga, assistente social e mais outras pessoas para me darem apoio", lembra.

💥️Heloísa e o grupo do Bem Querer Mulher orientaram Carolina a voltar à delegacia e fazer um novo boletim de ocorrência. "Normalmente, a mulher chega à delegacia com uma fotografia, que nem sempre reflete o nível e a perenidade da violência que ela sofre. Quem a atende registra o que ouviu, não pergunta se o homem já havia feito aquilo antes", diz a diretora executiva do programa.

Já a profissional do Bem Querer Mulher procura acalmar a vítima para que ela consiga transmitir as informações mais relevantes para o boletim. Também oferece apoio psicológico, jurídico e acompanhamento para os filhos, caso necessário.

Outras nove DDMs da capital paulista esperam por uma parceria com o Bem Querer Mulher, que está em busca de recursos para conseguir manter assistentes sociais nas unidades. "O atendimento a mulheres vítimas de violência precisa ser feito com amor, mas só isso não basta. É preciso ter competência para que se possa pegar nas mãos delas e fazer com que aceitem ajuda", diz Heloísa.

"Minha sensibilidade vem de décadas de maturação"

💥️Por três décadas, Heloísa manteve guardado um trauma. Na infância, foi vítima de abuso. Demorou anos para falar sobre o assunto com pessoas próximas. "É como se eu tivesse jogado isso debaixo do tapete. Eu não falava, ninguém sabia", diz.

hm - Mariana Pekin/ysoke - Mariana Pekin/UOL

Prêmio Inspiradoras: Heloísa Melillo é finalista na categoria Conscientização e Acolhimento

Ela acredita que o trabalho e o contato com outras pessoas que passaram por situação semelhante a prepararam para romper o silêncio. O despertar, no entanto, não se deu no ambiente profissional. Ela enfrentou uma crise quando a filha de uma amiga teve bebê e —sem saber— escolheu o nome do abusador de Heloísa para batizar o filho. "O nome nunca mais tinha aparecido na minha vida."

💥️Então decidiu procurar ajuda profissional para lidar com o trauma. Hoje, acredita que a experiência influencia seu trabalho. "Faço questão de falar: não sou assistente social, não sou psicóloga, não sou advogada, mas minha sensibilidade vem de décadas de maturação. Foi acontecendo dentro de mim sem que eu percebesse e hoje se revela de uma forma consciente, clara e organizada".

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