Sexoterapia: em estreia de videocast, Ana Canosa fala de romance

Colaboração para Universa, em São Paulo

Para Ana, o problema é a ideia de ser para todo o sempre, ou de que a outra pessoa é responsável por te completar. "Isso é baseado na desigualdade de gênero dos papéis, no colonialismo e no machismo", diz.

"Mas entre a Cinderela que fica lavando, passando e cozinhando esperando o cara, e a Moana que vai pra jornada, as novas princesas que não estão nem aí pra relacionamento, existe, sim, um meio-termo."

A sexóloga também aponta que acredita que colocar todos os conflitos do amor dentro da formatação de amor romântico é uma forma de engano. E que frustrações e dor são comuns a todo relacionamento. "Então, se jogue no romance e no amor. Sem eles, a vida é chata pra c****", disse.

Bárbara pontuou que acredita que o que deve ser questionada é a falsa ideia de que o amor é perfeito e não tem brigas.

Convidada da semana, a jornalista Bela Reis declarou gostar da paixão. "Sempre fui namoradeira, pulei de um relacionamento pro outro, detesto ficar solteira."

Casada há quatro anos, disse que está curtindo muito a experiência. "Adoro morar junto, adoro ter essa família, pra mim deu muito certo."

Bela disse que ter casado aos 24 anos não a fez se sentir culpada ou estranha. "Sei que tem um recorte de meninas que querem, primeiro, construir uma vida profissional sólida pra, depois, pensar na maternidade".

Ela reforçou que sua mãe a teve com 26 anos e que, ao ver que ela construiu tudo depois, Bela entendeu que a maternidade não seria um impedimento.

Romance e feminismo

Ana Canosa compartilhou uma situação que viveu. "Tive um casamento de oito anos, fiquei três ou quatro anos sozinha, me apaixonei pelo meu marido atual e estou com ele há 20 anos. Já é o terceiro casamento com o mesmo marido. A gente teve algumas crises muito fortes e, numa das últimas, entrei num dilema."

Vivi o mito da heroína. Essa mulher que tudo faz, acontece, e jamais vai admitir algumas coisas. E aí eu me vi dizendo assim: 'Gente, olha só. Eu gosto desse cara mais do que imaginei e do que a minha feminista pode suportar'. Essa feminista torta, por que ela acha que não tem que se submeter, entre aspas, a abrir mão de algumas coisas. 💥️Ana Canosa

"Eu comecei a me reorganizar e fazer as pazes e entender esse feminismo em outro lado, outra história", pontuou.

Ana Canosa refletiu sobre como isso aparece em outros relacionamentos. "Vejo muitas mulheres entrarem nisso: o cara falou uma coisa e já é relacionamento abusivo, é folgado. Como se você não pudesse, pra viver em comum numa relação amorosa, sofrer algumas coisas sim. Por que vai sofrer, não tem jeito."

"A gente se enganou nesse discurso de que você ser mais ou menos feminista é virar, bater a porta e ir embora em qualquer obstáculo de uma relação, porque você não vai abrir mão de nada. É uma corda, um puxa pro lado, um puxa pro outro, nem sempre será um meio-termo", disse Bela Reis.

Bárbara completou o raciocínio. "Quando a gente parte pra essa coisa maniqueísta, de ter vilão e mocinha, isso sim é uma forma de se colocar num conto de fadas. Claro que existe um recorte e a gente vive numa sociedade machista, mas num relacionamento a dois, precisa ter conversa."



Assista à íntegra do programa:

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