Por mais de 35 anos diziam que meu cabelo crespo era feio

Ela afirmou que, apesar dos avanços, existe uma ditadura que tenta impor para mulheres negras que elas devem alisar seus cabelos e também destacou que essa imposição tem um impacto, inclusive, dentro do mercado de trabalho.

"A gente precisa entender que está em um país onde acabou de sair uma pesquisa recente dizendo que se as mulheres negras não deixam seus cabelos lisos ou presos elas não conseguem emprego. Tem mais de 50% de mulheres negras que alisam o cabelo para poderem participar de uma entrevista de emprego", disse.

Cris ainda pontuou que isso é facilmente percebido no mercado de trabalho, onde mulheres negras que usam tranças ou cabelos black power, por exemplo, são sempre vistas em cargos que não são de liderança ou de tomada de decisões. "É uma estratégia de controle dos nossos corpos através do nosso cabelo", completou.

Apesar das dificuldades, ela também reconheceu que houve um avanço nos últimos anos em produtos para cabelos crespos e cacheados no Brasil, mas um avanço movido pelo dinheiro.

"Nos últimos cinco anos a publicidade entendeu que esse era um espaço de dinheiro, então tem marcas famosas que antes vendiam só alisantes e hoje vendem produtos para cabelos crespos e cacheados. Mas a publicidade só usa a imagem da mulher negra de pele clara que tem um cabelo muito mais aberto e que cai nos olhos, aí esse cabelo se torna aceitável", finalizou.

'A gente tem uma cultura de disciplinar e controlar o cabelo', diz Cris Guterres

Para a colunista de 💥️Universa o mercado de produtos para cabelos está ficando "mais equilibrado" no Brasil, levando em consideração a diversidade da população e de seus tipos de cabelo. Embora exista um avanço, ela também apontou que sempre houve uma defasagem de produtos quando o assunto era cabelo crespo.

A gente tem uma cultura de disciplinar e 'controlar' o cabelo, mas ao longo dos últimos anos tivemos uma mudança principalmente com o avanço das discussões das questões raciais, aí a gente começou a falar de cabelo e as mulheres começaram a cobrar isso. 💥️Cris Guterres

Antes do avanço das discussões de pautas raciais, ela relembrou que era comum a necessidade de ir para outros países, como os Estados Unidos, para encontrar produtos específicos para cabelos crespos. Mas, ainda assim, falou de uma escassez dentro do mercado nacional.

"A gente precisa pensar que aqui dentro, hoje a gente tem poucos produtos. A gente ainda pode melhorar e mulheres negras e retintas precisam ir para fora do Brasil para encontrarem produtos para cabelos com qualidade", encerrou.

Assista ao 💥️Sem Filtro

Quando: às terças e sextas-feiras, às 14h.

Onde assistir: no YouTube de Universa, no Facebook de Universa e no Canal.

Veja a íntegra do programa:

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