Falta prazer em transar? Um hormônio pode ser a salvação, diz pesquisa

Kisspeptina teria o poder de permitir que mulheres se conectem mais com o próprio erotismo - Unsplash

É possível que algumas condições especificas, como o transtorno de déficit de atenção e a hiperatividade ou mesmo alguns estados de ansiedade, promovam ou intensifiquem a intromissão de pensamentos, até mesmo os que não têm nenhuma relação com o sexo. Também o estresse, que normalmente deixa o corpo e o cérebro em estado de alerta, não ajuda na importante tarefa de ir se desligando do mundo externo para desfrutar dos sentidos eróticos.

Mas o tipo de pensamento que muitas mulheres têm, estando ou não acometidas dessas condições, tem também relação a uma construção cultural. "Estou demorando para gozar", "a pessoa vai se cansar em fazer sexo oral" ou "deixe a luz apagada para que minhas celulites não saltem aos olhos" são ideias repetitivas habitualmente relatadas nos consultórios de sexologia por mulheres com queixas.

Certamente que essas crenças estão relacionadas ao modo como o erotismo feminino, historicamente, foi tão associado a luxúria e ao pecado e como foi destinado à excitação e desejo masculino.

Mulheres que gostam de sexo exploram seus corpos e de suas parcerias, que se permitem narrativas eróticas fora do "padrão", que imprimem o seu jeito de fazer as coisas durante o sexo e valorizam seu prazer sempre ocuparam um lugar de estranhamento, e a liberdade sexual feminina é uma conquista ainda em andamento. Portanto, conectar-se com o desejo e com o erotismo é ainda um grande desafio para um grupo expressivo de mulheres.

O grupo masculino também se beneficiou nesse sentido. Houve uma redução do pensamento excessivo sobre a ansiedade de desempenho: um conjunto de crenças sobre tamanho do pênis, potência da ereção e tempo de ejaculação que os afetam sobremaneira.

Aqui salta aos olhos a construção dessa masculinidade falocentrada, que, por um lado, privilegiou os homens e a sua liberdade sexual, mas, por outro, os tornou reféns do próprio pênis e empobreceu a sua linguagem erótica.

A conclusão a que se chega é que talvez uma medicação a base de kisspeptina, lá na frente, depois que outros estudos clínicos sejam realizados, inclusive com um número maior de voluntários, possa ontribuir para nos conectarmos ao erotismo de maneira mais intensa, ampliando o prazer e o desejo de fazer sexo. Pressinto os laboratórios correndo ensandecidamente atrás dessa patente a fim de repetir o sucesso do Sildenafil —a substância ativa do Viagra.

Fico animada com a notícia. No entanto, lembro a vocês que a força do pensamento negativo é tão grande que é capaz de inibir até a ação de medicações para ereção.

Enquanto mantivermos a atividade sexual encarcerada em um conjunto de regras e performances, baseada em padrões machistas e desiguais para os gêneros, nenhuma mudança será estrutural.

Educação sexual de qualidade é fundamental para que, no futuro, nossas crianças e jovens, quando adultos, se permitam deixar fluir. E tenham muito prazer assim.

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