Missão Rosetta "aterrou" num cometa há dez anos e as descobertas continuam - Ci&ecir

Há dez anos, a Rosetta chegou ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, transformando o conhecimento destes objetos e revelando peças importantes do puzzle do Sistema Solar. O desenvolvimento das missões espaciais mudou com esta viagem, havendo um antes e um depois do acontecimento que ficou na história. Missão Rosetta tek rosetta 12

A primeira nave espacial a voar ao lado de um cometa, enquanto este se dirigia para o interior do sistema solar, foi uma das missões mais ambiciosas de sempre. 💥️A Rosetta observou a transformação de um cometa congelado ao aproximar-se do calor do Sol. Mas, o que provavelmente teve mais impacto foi a primeira aterragem na superfície de um cometa.

O módulo de aterragem Philae recolheu amostras em torno do local de aterragem e captou imagens e muitos outros equipamentos cumpriram as suas tarefas de recolha de dados. Os cientistas, por seu lado, depois da emoção da chegada dos primeiros dados, continuam a descobrir novas informações até hoje. E, com as lições aprendidas, as viagens espaciais podem prosseguir com cada vez mais robustez.

Após dez anos de viagem no Espaço, a Rosetta aproximou-se do cometa em agosto de 2014, apanhou parte dos cientistas de férias e rapidamente começaram a surgir surpresas. Os cientistas que trabalharam nesta missão recordam o momento, 💥️num artigo publicado pela Agência Espacial Europeia (💥️ESA💥️ na sigla em inglês).

Esta é uma imagem da aproximação da Rosetta ao cometa

Rosetta's approach to Comet 67P Rosetta's approach to Comet 67P Rosetta's approach to Comet 67P créditos: ESA/Rosetta/Navcam

A equipa esperava que o “núcleo” do cometa tivesse a forma de uma batata, mas as imagens captadas pela câmara Osiris, na Rosetta, revelaram algo distinto: 💥️“tinha dois lóbulos em vez da forma de batata! Lembro-me de pensar que seria extremamente difícil aterrar o Philae num objeto tão complexo, mas também muito emocionante”,disse 💥️Claire Vallat, que planeou a missão científica.

Quando os cientistas começaram a observar as imagens encontraram “formas de relevo intrincadas e terrenos bizarros”. Alguns cientistas antecipavam por dados desta missão há 30 anos, desde a missão Giotto da ESA, que seguiu para o espaço profundo, em 1985, para explorar os cometas Halley e Grigg-Skjellerup.

Veja na galeria, imagens da missão Rosetta ao 67P/Churyumov-Gerasimenko:

A Rosetta foi concebida 20 anos antes de obter os primeiros resultados científicos e os investigadores estavam ansiosos. Foi com emoção e alívio que começaram a receber os primeiros dados, confirmando que a nave espacial funcionava como previsto e que os primeiros dos 21 instrumentos científicos que levava consigo recolhiam dados e os enviavam para a Terra.

Nem todos os instrumentos funcionaram na perfeição. A própria sonda Philae esteve mais de uma dezena de dias sem dar notícias. Outro caso foi a ferramenta Mupus que não ficou na posição prevista, pelo que poucos dados conseguiu recolher. Numa missão como esta há muito trabalho e pessoas envolvidas na preparação de cada um dos instrumentos. Por vezes mais de uma centena de pessoas.

💥️Após os primeiros vislumbres do cometa, a Rosetta continuou a recolher dados e contribui para mudar a nossa visão sobre a formação do sistema solar, dos planetas e do início da vida. 

Uma das grandes surpresas foi a forma do núcleo que levantou questões sobre a formação do próprio cometa. 💥️A análise de dados de diversos instrumentos confirmou a hipóteses de que o cometa foi criado pela colisão entre dois corpos distintos e forneceu informações fundamentais sobre a formação do Sistema Solar.

Nick Thomas, que fazia parte da equipa da câmara Osiris, deu dois exemplos concretos das descobertas da missão que mudaram o que se sabia até então. “Uma coisa de que não estávamos à espera era da importância das partículas de poeira que caem de novo no núcleo. Isto foi descrito nos anos noventa como uma 'saraivada de poeira', mas, na altura, ninguém percebeu a importância que tem, a quantidade de material que cai de novo no núcleo e forma esta cobertura de poeira, que reduz a atividade do cometa”. Acrescenta ainda que “A outra coisa que foi realmente chocante nas primeiras imagens foi a diversidade da superfície do núcleo. Há lugares que se esperaria que fossem afetados pelo mesmo calor e radiação do Sol, mas a textura da superfície é totalmente diferente”.

💥️A Rosetta também encontrou “muito material orgânico, viu penhascos a desmoronarem-se e forneceu dados que sugerem que alguns gases nobres na atmosfera da Terra provêm efetivamente de cometas”, disse Michael Küppers, outro dos cientistas.

Veja galeria com mais informações sobre a missão Rosetta:

Geraint Jones achou fascinantes as descobertas sobre 💥️a interação entre o cometa 67P e o vento solar: “O cometa liberta gás no plasma rápido que vem do Sol. É como atirar tinta para um ribeiro e a tinta se misturar com a água. 💥️A Rosetta sentada neste fluxo foi uma parte muito importante da missão, pois permitiu-nos compreender como se formam as caudas de plasma dos cometas”. O plasma é um estado carregado da matéria que constitui 99,9% do Universo visível, incluindo o Sol e outras estrelas.

A missão terminou oficialmente em 2016, e em direto, para todos assistirem, mas as descobertas continuam a surgir. 💥️Durante a missão era necessário operar os instrumentos, depois os cientistas puderam aprofundar a pesquisa dos dados recolhidos durante a viagem espacialDurante a fase ativa da missão, os cientistas concentraram-se na ciência baseada em dados recolhidos por instrumentos individuais. Depois puderam concentrar-se em combinar e comparar conjuntos de dados de diferentes instrumentos. 

Um artigo de 2023 abordou as auroras ultravioletas no cometa 67P. Foi a primeira vez em que foram detetadas auroras num cometa. “A descoberta exigiu a combinação de dados de vários instrumentos, o que só foi possível após os dados terem sido calibrados e compreendidos. Isto leva a descobertas que não são imediatamente óbvias!”, salienta Charlotte Götz, cientista de plasma.

💥️Comet Interceptor: a próxima missão

Comet Interceptor da ESA Comet Interceptor da ESA O Comet Interceptor da ESA será a primeira missão a visitar um cometa vindo diretamente dos confins do Sol, transportando material intocado desde os primórdios do Sistema Solar. Após o lançamento, a nave espacial ficará "estacionada" no espaço antes de se deslocar para intercetar um cometa imaculado adequado. Quando o cometa estiver próximo, a nave principal libertará duas sondas para observar o cometa de várias direcções ao mesmo tempo. ESA Standard Licence créditos: ESA Standard Licence

A ESA está a planear a próxima missão de visita a um cometa, a Comet Interceptor. Esta missão tem como alvo um novo cometa que chega pela primeira vez ao Sistema Solar interior. Mas, os cientistas vão tirar partido das lições aprendidas com a Rosetta no desenvolvimento e planeamento do trabalho do Comet Intercetor.

Antes de mais, importa distinguir os dois tipos principais de cometas. 💥️Os cometas de curto período, como os visitados pela Rosetta e pelo Giotto, giram à volta do Sol em menos de 200 anos; sempre que passam perto do Sol, são transformados pelo calor e pela radiação deste. 💥️Os cometas de longo período, por outro lado, visitaram o Sistema Solar interior muito raramente, nalguns casos nunca.

Os objetivos do Comet Intercetor são “💥️ver a superfície de um cometa antes de ser esculpida pelo calor do Sol e antes de os gelos mais exóticos se terem transformado em gás. Queremos ir a um tipo diferente de cometa - um cometa muito, muito imaculado, que seja uma verdadeira cápsula do tempo de quando o Sistema Solar se formou”, diz o investigador Geraint Jones.

O Comet Intercetor vai ajudar a determinar quais as características originais dos cometas e quais as que se formam quando o cometa passa à volta do Sol. Uma das coisas que os cientistas vão analisar é se a superfície do cometa Intercetor tem um aspeto diferente dos cometas de curto período encontrados anteriormente. “Será também tão escura como o carvão e, se não for, podemos saber o porquê?”

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