Burning Shores aprofunda narrativa e impressiona pelos visuais
Horizon: Forbidden West Burning Shores é a DLC do título exclusivo da Sony, lançada em 18 de abril. Disponível apenas para o PlayStation 5 (PS5), a trama é ambientada depois dos eventos finais do jogo-base e mostra Aloy em uma nova aventura, dessa vez nas ruínas de Los Angeles, destruída pelo tempo. Lá, a heroína deve procurar por Walter Londra, o último dos Zenith, enquanto ajuda um grupo Quen a enfrentar problemas envolvendo desaparecimentos repentinos.
Apesar de curta, a DLC vem sendo muito elogiada e serve como boa opção para os "órfãos" da franquia Horizon que gostariam de passar mais um tempinho no universo do game. Além de uma área nova, Burning West traz mais habilidades, armas, máquinas e até mesmo um novo arco de desenvolvimento para Aloy – que vem causando polêmicas, mas extremamente necessário. Será que isso justifica o preço de R$ 104,90? O 💥️TechTudo jogou a expansão e vai te contar nesta análise!
🎮 Horizon: Forbidden West tem gameplay desafiadora e bom enredo; veja review
2 de 14 Burning Shores é ambientada em Los Angeles, que se transformou no Litoral Ardente — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsBurning Shores é ambientada em Los Angeles, que se transformou no Litoral Ardente — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
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Para além do Horizonte, no Litoral Ardente
Antes de continuar a falar da DLC, é preciso avisar que essa matéria vai contar com 💥️alguns spoilers sobre os eventos centrais de Forbidden West. Aliás, vale informar que, diferentemente do que acontecia em Frozen Wilds, DLC de Horizon Zero Dawn , Burning Shores só tem seu conteúdo disponibilizado para aqueles que completarem a história base. A DLC aborda diretamente as revelações que acontecem ao final do enredo. Dito isso, fica a critério de cada um decidir o quanto está disposto (ou não) a descobrir, caso ainda não tenha finalizado.
3 de 14 Em Litoral Ardente, Aloy conhece Seyka, com quem une forças para encontrar Londra e um grupo Quen desaparecido — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsEm Litoral Ardente, Aloy conhece Seyka, com quem une forças para encontrar Londra e um grupo Quen desaparecido — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Ao final de Forbidden West, Aloy derrota os membros restantes de Far Zenith em batalha. Na DLC, a heroína descobre, no entanto, que um deles continua vivo: Walter Londra, dono de algumas empresas localizadas em Los Angeles, o Litoral Ardente deste novo mundo. Aloy quer descobrir o que Londra anda tramando, visto que o grupo é um dos grandes responsáveis pelas condições em que a Terra se encontra. Além disso, com ele vivo, ela entende que pode ter mais informações sobre Nêmesis, a Inteligência Artificial maligna descoberta ao final da trama do jogo-base.
O que Aloy encontra, no entanto, é um Litoral Ardente habitado por um grupo Quen que se desgarrou da expedição de São Francisco depois de uma forte tempestade. Logo no início da gameplay, ela conhece Seyka, uma guerreira militar do povo Quen com quem une forças para derrubar uma série de torres capazes de explodir qualquer um que tente se aproximar.
Enquanto Aloy busca liberar o território para procurar por Londra, Seyka foca no objetivo de encontrar sua irmã perdida, assim como outros Quen. Juntas, elas exploram as ruínas a fim de encontrar mais informações, e também acabam desenvolvendo sentimentos inesperados uma pela outra.
Jogo bonito, jogo formoso
Se Horizon Forbidden West já impressionou pelos visuais, sobretudo em sua versão para PS5, Burning Shores parece estar ainda mais bonito. Sem o compromisso de trazer um porte para o PlayStation 4 (PS4), a equipe da Guerrilla Games conseguiu fazer algo que beira o impossível: deixar a ambientação do jogo-base, que já era de cair o queixo, ainda mais vívida e realista.
4 de 14 Burning Shores tem gráficos de cair o queixo e é, seguramente, um dos mais bonitos do PS5 — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsBurning Shores tem gráficos de cair o queixo e é, seguramente, um dos mais bonitos do PS5 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Além de texturas em alta resolução nos ambientes, vale destacar o trabalho feito nos modelos dos personagens. Até mesmo simples NPCs sem relevância na trama são bem detalhados – e permanecem assim em momentos de gameplay. A iluminação também é outro ponto capaz de tirar a fala de qualquer qualquer entusiasta dos gráficos. Aloy, especificamente, traz consigo uma aura que, por muito pouco, não faz a personagem transcender ao divino.
A direção de arte de Burning Shores também é algo a se louvar. Não à toa, a primeira coisa que salta aos olhos de qualquer pessoa que abre o game são seus visuais. Além de uma ambientação lindíssima, paletas de cores bem vívidas e que variam de acordo com cada parte do Litoral Ardente, é realmente impressionante a forma com que o jogo consegue aplicar a física à sua natureza. O jeito com que o vento bate nas árvores, por exemplo, é poesia pura. Para mim, só não é mais impressionante do que as ondas, que se deitam sobre a areia dourada de cada praia com requintes de magia (e muita tecnologia, obviamente).
5 de 14 A paleta de cores vívida e colorida faz a direção de arte saltar aos olhos de qualquer um — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsA paleta de cores vívida e colorida faz a direção de arte saltar aos olhos de qualquer um — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Não há outra forma de definir: os visuais de Burning Shores são arte em seu estado mais puro. E isso fica ainda melhor quando Aloy sobe em um Heliodo – ou em outra montaria exclusiva da DLC ainda mais legal do que ele – para rasgar os céus com os prédios de uma Los Angeles em ruínas ao fundo.
Depois da DLC, não resta dúvidas de que a Decima Engine, motor gráfico adotado pela Guerrilla, é um dos mais avançados na indústria – talvez, atrás apenas da Unreal Engine 5. E tudo isso rodando liso em ambas as opções de resolução: 4K nativo (2160p) a uma taxa de 30 fps ou 4K dinâmico a 60 fps. Se tamanha qualidade gráfica já impressiona agora, é inevitável imaginar (e se animar) com o que a engine ainda vai trazer no futuro.
6 de 14 Os voos de Aloy nos Heliodos são um ponto alto em Burning Shores — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsOs voos de Aloy nos Heliodos são um ponto alto em Burning Shores — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
O que há de novo?
Além de um novo mapa com bom tamanho, Burning Shores adiciona novos equipamentos, armaduras e habilidades para Aloy. Contudo, vale ressaltar que, diferentemente do que aconteceu em Frozen Wilds, nada do que a DLC traz muda a gameplay da água para o vinho.
Para os entusiastas que aprimoraram as armas favoritas e trajes até o final (como eu que escrevo essa análise, por exemplo), as novidades podem soar ainda menos interessantes. Até porque os equipamentos seguem as mesmas lógicas do que é visto no jogo-base. O que muda, basicamente, são os efeitos elementais que cada uma delas vai oferecer.
7 de 14 Em Burning Shores, os jogadores podem explorar as águas com um esquife — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsEm Burning Shores, os jogadores podem explorar as águas com um esquife — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Entre as habilidades, também não há nada imperdível. Há alguns Impulso de Bravura novos, mas nada que estimule o jogador a mudar o seu favorito. Evidentemente, há algumas coisas bem legais, como a possibilidade de usar o arco e flecha no planador e um dispositivo que faz subir um escudo na frente de Aloy. O combate corpo a corpo também ganhou novos mas continua sendo o "patinho feio" da série. Porém, em linhas gerais, a gameplay segue a mesma fórmula, o que pode ser muito bom para alguns jogadores e ruins para outros, que esperavam ver melhorias nesse sentido.
Entre as máquinas, há quatro novos modelos. Não vou entrar em detalhes porque acredito que a experiência de descobri-las é uma das melhores partes de Horizon – e fica a crítica ao marketing do Forbidden West, que revelou todas antecipadamente durante a divulgação do game. Contudo, o que posso dizer é que duas delas não me cativaram – a dupla Garra-quente e Garra-fria em Frozen Wilds, por exemplo, foi mais impactante. Mas as outras duas, há de se aplaudir. Uma delas, inclusive, acredito sinceramente que não poderia ser reproduzida em um PS4.
8 de 14 Burning Shores traz mudanças pontuais em termos de gameplay, mas o combate ainda é muito semelhante ao jogo-base — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsBurning Shores traz mudanças pontuais em termos de gameplay, mas o combate ainda é muito semelhante ao jogo-base — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Entre as duas DLCs da fraquia, Frozen Wilds certamente foi a teve aprimoramentos de gameplay mais apelativos. Afinal, a mudança mais radical que Burning Shores traz tem a ver com a exploração de Litoral Ardente, e não com combates em si. Frozen Wilds, por outro lado, trouxe um canhão de gelo, por exemplo, que já fazia com que os jogadores mudassem completamente suas estratégias. Era possível, inclusive, concluir a DLC antes mesmo do final de Zero Dawn e, assim, usar a arma contra o chefe final – e ele sucumbia rapidamente, vale mencionar.
Contudo, o enredo de Frozen Wilds nada mais era do que um enorme repeteco da campanha do jogo-base, trazendo outras criaturas, mas os mesmos problemas. A lógica mudou bastante em Burning Shores – e este, inclusive, é o seu grande triunfo.
O desenvolvimento de Aloy
Com cerca de cinco horas de campanha, a trama de Burning Shores é, definitivamente, a sua melhor parte. Além de estender a experiência de quem gosta do universo do game, o jogo faz isso de forma natural e sem soar desnecessário. Ao contrário do que acontece em São Francisco, que foi o grande foco do marketing do Forbidden West e ficou subaproveitado no jogo-base, a exploração de Los Angeles é um ponto bem resolvido e até mais estimulante. Os personagens secundários também são carismáticos e têm facilidade em envolver quem abraça a DLC.
9 de 14 Los Angeles é melhor aproveitada em Burning Shores do que São Francisco foi em Forbidden West — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsLos Angeles é melhor aproveitada em Burning Shores do que São Francisco foi em Forbidden West — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Vale destacar a profundidade que a DLC traz em relação ao povo Quen, que acabou ficando em segundo plano na trama base. A história também é interessante para descobrir mais sobre os Zenith e sua participação no colapso do mundo. Quem gosta do universo de Horizon certamente vai ficar satisfeito com mais detalhes sobre a – alguns deles, que ajudam a aumentar o para a vindoura sequência, já confirmada pela Guerrilla Games.
Contudo, quem mais se sobressai nessa curta aventura é Aloy. Digo isso porque, em Forbidden West, o (não) desenvolvimento da protagonista foi uma das minhas maiores críticas. Aloy entra e sai da história da mesma forma, sem as nuances e tampouco o brilho de Zero Dawn, onde teve que superar seus medos e inseguranças em uma jornada de autodescoberta. Em Forbidden West, a protagonista já é uma heroína consolidada, envolvida por uma humildade forçada e que pouco fez para sair dessa linearidade. Nem mesmo lidar com a morte no final do game a tira dessa zona de conforto – o que, pelo menos eu, vejo como uma oportunidade perdida.
10 de 14 O desenvolvimento de Aloy é um dos pontos altos de Burning Shores — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsO desenvolvimento de Aloy é um dos pontos altos de Burning Shores — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Contudo, a DLC deu um passo importante nesse sentido – e ainda mais relevante em diversos outros, na verdade. A proximidade de Seyka, que acompanha a protagonista durante todo o enredo, faz com que, inesperadamente, elas se conectem e – aqui vai um 💥️pequeno spoiler – elas acabam nutrindo sentimentos uma pela outra.
Apesar de gostar da ideia de Aloy não se envolver romanticamente (até porque acredito que exista sempre essa "cobrança" para personagens femininas) em Forbidden West, senti que a personagem foi tão afastada de seu lado humano que ela ficou invulnerável. Esse ponto foi prontamente resolvido na DLC, o que trouxe Aloy de volta para o mundo dos meros mortais.
Com Seyka, ela sente medo, se desespera e perde a postura da heroína inabalável que não pensa em nada além do bem da humanidade. Ainda bem, pois, na minha leitura, esse foi um dos pontos que a fizeram tão interessante no primeiro game.
11 de 14 Seyka é uma personagem que faz com que Aloy consiga se reconectar aos seus sentimentos — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsSeyka é uma personagem que faz com que Aloy consiga se reconectar aos seus sentimentos — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A comunidade tóxica
Contudo, esse desenvolvimento vem com um porém. Como praticamente todo relacionamento LGBTQIA+ no mundo dos games, isso fez com que parte da comunidade, que infelizmente ainda é tóxica e hostil às minorias, detonasse a DLC. Sites agregadores, como o , vem sofrendo com nos últimos dias por nenhum motivo, senão um possível beijo entre as duas. O mesmo aconteceu com The Last of Us Part II alguns anos atrás, quando dezenas de usuários disseram que o jogo só se preocupava em ser um "social justice warrior" (sjw), termo pejorativo parecido com "lacração" em português.
O que torna esse movimento ainda mais curioso no caso de Horizon é que, em Forbidden West, Aloy descobre que Elisabeth Sobeck, de quem é um clone – e, portanto, carrega as mesmas características genéticas – tinha um relacionamento com Tilda van der Meer. Logo, a personagem também fazer parte do grupo LGBTQIA+ não é nenhuma surpresa para quem prestou atenção ao desenrolar da trama do Oeste Proibido.
Da mesma forma, quem jogou a DLC Left Behind, de The Last of Us, sabia que Ellie também fazia parte da comunidade. E mesmo que não houvesse indicação prévia sobre a orientação sexual dessas personagens, a representação desses relacionamentos, sobretudo em um AAA, ainda se faz extremamente necessária.
12 de 14 O envolvimento entre Aloy e Seyka vem causando review bombs na Internet por nenhuma razão senão homofobia — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsO envolvimento entre Aloy e Seyka vem causando review bombs na Internet por nenhuma razão senão homofobia — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Prova disso é que, felizmente, esse tipo de movimento não parece estar afetando as desenvolvedoras, que vem oferecendo títulos cada vez mais preocupados em trazer diversidade e inclusão ao público. A própria Sony tem, agora, duas de suas protagonistas assumidamente LGBTQIA+.
Para além desse tipo de representatividade, em Horizon, há uma diversidade étnica muito interessante de ver, como acontece em Forspoken e as franquias The Last of Us e Life is Strange, que não só abraçam, como celebram a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero. E esse movimento tende a continuar.
Se antes as vitórias estavam concentradas no fato de que as mulheres poderiam assumir o papel de protagonismo nos jogos, aos poucos, eles também vão abandonando sua sina de entretenimento pouco inclusivo e voltado para o público masculino. E, para quem acredita que essas pessoas não devem ser representadas em games, eu sinto muitíssimo. As águas do Literal Ardente estão cheias de lágrimas de homofóbicos e, felizmente, assim elas vão continuar.
13 de 14 Em Burning Shores, Aloy nada nas lágrimas dos homofóbicos — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsEm Burning Shores, Aloy nada nas lágrimas dos homofóbicos — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Horizon Forbidden West: Burning Shores vale a pena?
Para quem gosta do universo de Horizon e ficou com um gostinho de “quero mais” depois do segundo jogo, a DLC é uma boa pedida. Apesar de curto, o conteúdo disponibilizado é interessante para aprofundar o que foi visto no jogo-base, dando um panorama mais amplo sobre os Zenith e os Quen, principalmente. Aloy, como mencionado, também fica bem mais interessante na expansão, abraçando a vulnerabilidade e quase recuperando o que fez dela uma personagem tão boa no primeiro game da franquia.
14 de 14 Para quem gosta do universo de Horizon, Burning Shores é uma boa pedida — Foto: Reprodução/Luiza M. MartinsPara quem gosta do universo de Horizon, Burning Shores é uma boa pedida — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
A gameplay, no entanto, pode deixar a desejar. Como ela é muito próxima ao que é visto no jogo-base, pode acabar decepcionando quem compra a DLC pensando em novidades significativas – sobretudo no combate corpo a corpo, que ainda precisa de uma boa reformulação. De novo, o fato mais interessante adicionado em Burning Shores está relacionado à exploração. Por outro lado, quem curte as mecânicas de Forbidden West deve ficar satisfeito.
Vale ressaltar, mais uma vez, que o jogo é, seguramente, um dos mais bonitos lançados para o PS5 até agora. Então, a compra da DLC também pode ser apelativa para quem quer ver o potencial do console em ação. No mais, Burning Shores deve agradar aos fãs e cumpre bem o seu papel. Mas, quando adicionamos a questão da representatividade, a DLC se torna espetacular.
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