Poor Things é meu favorito ao Oscar e eu tenho um motivo

Talvez não o mais hypado para o Oscar, mas sim o melhor. | Foto: Reprodução

As vezes é complicado arranjar tempo né!? Pois é, passei por isso com ✅Poor Things e me arrependo. Desde que falei, pela primeira vez, “vou ver esse filme”, tentei incessavelmente, mas não consegui. Na última segunda-feira (26), realmente tirei meu tempo para ver, já que havia assistido todos os outros indicados ao Oscar de melhor filme.

Então, vou começar essa crítica já falando que sou um pouco parcial. Yorgos Lanthimos, que dirige o filme, na minha opinião, possui uma capacidade de construir estranheza e desconforto que só havia visto em David Lynch. Isso, na minha opinião, é algo maravilhoso. Adoro me sentir desconfortável durante duas horas assistindo um filme.

E, realmente, não é possível falar de Yorgos sem citar A Favorita, O Sacrifício de um Cervo Sagrado ou, o melhor de todos, A Lagosta. Mas ✅Poor Things (Pobres Criaturas) é diferente. A estranheza nos outros filmes são construídas em um conjunto intenso de personagens e até da obra em si. Olhe que não cheguei a citar Dente Canino aqui, que é um dos filmes mais estranhos que já vi na vida. Em ✅Poor Things é diferente (vou citar o nome do filme assim incansavelmente pois as vezes é difícil traduzir na minha cabeça).

Mas enfim, o que Yorgos Lanthimos faz aqui? É simples, ele dá seu olhar e sua visão contemporânea para um clássico. A príncipio vemos uma história meio Frankenstein, que também é meu livro favorito, mas aqui se mostra um pouco mais complexo em relação a culpa. Diferente do clássico de Mary Shelley, onde Victor Frankenstein tem medo do monstro que criou, o Prometeu Moderno, aqui, Godwin Baxter (Willem Dafoe) ama o “monstro” criado por ele e quer protegê-lo do mundo externo.

God (Deus) como é chamado por sua criatura, envolve Max (Ramy Youssef & criador e protagonista de uma das malhores dramédias já feitas, mas isso é assunto para outro texto), em sua trama. God realmente ama Bella Baxter (Emma Stone), e não a vê como uma criatura, mas como uma filha. Em certo ponto, ao ser questionado por Max sobre se havia criado Bella para ser sua amante, God fala “eu sou eunuco, eu não consigo ter nada com ela”, mas claramente não é apenas isso.

Bella, por sua vez, quer descobrir o mundo, e isso o faz. Mas não apenas sua personalidade, mas como sua imaturidade a faz ser precipitada e, em certo ponto, canalha (sem eufemismos). Tanto Bella, como personagem, como ✅Poor Things, como obra, tem coragem de ser diferente, e isso é extremamente valioso.

Não gosto de dar spoiler quando falo de obras e filmes de Yorgos é melhor manter isso. Então não irei me extender.

Logo, o que é ✅Poor Things? É um filme que te faz viajar pelo atípico, pelo diferente. Te faz pensar sobre a vida, te fazer questionar o que você viveu e, mais importante, te faz ter as melhores 2 horas do ano. Yorgos é sim um gênio, isso é inegável e, aqui, vemos sua genialidade em sua melhor forma. Lembrando que quem escreve aqui é alguém que acompanha o cineasta desde o início de sua carreira e que ama todos seus filmes pela sua estranheza, até os curtas que sou o único a assistir.

Acredito que Yorgos passou os últimos anos evoluindo, e piorando sua saúde mental (ele é a única pessoa que eu nunca quero que pise em uma terapia). Desde Dente Canino (2009), ele aperfeiçoou sua capacidade de ser o mais esquisito possível para que também pudesse atingir o grande público e, finalmente, ele conseguiu com maestria. Então, sim, assistam ✅Poor Things.

Ah, eu ia explicar os motivos que fazem esse filme ser meu favorito para o Oscar:

Ele tem tudo, romance (as vezes), estranheza, descoberta, amor paterno e, mais importante, Emma Stone. Só isso é o suficiente. E, além disso tudo, o suficiente para agradar vários públicos, e a Academia adora isso.

Por fim, já que estamos falando de Oscar, o único que, na minha opinião, bate de frente com ✅Poor Things é Past Lives (Vidas Passadas), mas me deu muita depressão e se eu escrever sobre ele choro, então fica para um dia que eu tiver melhor da cabeça.

Assistam ✅Poor Things. Assistam ✅Past Lives. Ignorem Oppenheimer.

E digo mais, próxima crítica é de “✅For Sama“, então se preparem pois estou há 4 anos tentando digerir esse documentário.

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