Infectologista explica sobre as principais doenças da época e como preveni-las
O Carnaval, período de festividade tão aguardado pelos brasileiros, transcende os limites da Quarta-feira de Cinzas, desdobrando-se em dias repletos de folia e celebração. Contudo, em meio à efervescência dos eventos carnavalescos, a preservação da saúde se impõe como uma prioridade inalienável. Tanto o uso de protetor solar quanto a hidratação adequada, aliados a uma alimentação balanceada e ao consumo moderado de bebidas alcoólicas, emergem como elementos vitais para garantir o bem-estar durante essa época.
A infectologista Dra. Michelle Zicker, explica que os cuidados que devem ser tomados durante o Carnaval: “A aglomeração de pessoas, o calor, chuvas repentinas e contato com diferentes tipos de alimentos e bebidas, criam o ambiente perfeito para a disseminação de diversas doenças causadas por vírus e bactérias, que podem ser evitadas com alguns cuidados”.
Dentre as enfermidades mais importantes nesse período festivo, destacam-se as intoxicações alimentares, as infecções respiratórias, a mononucleose, o herpes labial, a leptospirose e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Dra. Michelle oferece ✅insights sobre cada uma delas, delineando estratégias de prevenção e tratamento.
A intoxicação alimentar, frequentemente desencadeada pelo consumo de alimentos inadequadamente armazenados ou higienizados, bem como pelo uso de gelo proveniente de água não tratada, figura como uma preocupação proeminente. A adoção de uma alimentação saudável, oriunda de estabelecimentos idôneos, o consumo de água potável devidamente lacrada e a prática da higienização das mãos antes do manuseio de alimentos e bebidas surgem como medidas preventivas essenciais.
As infecções respiratórias, cuja incidência é exacerbada pela proximidade entre os indivíduos durante os eventos carnavalescos, englobam desde resfriados comuns até casos de Covid-19. Medidas como cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, higienizar as mãos regularmente e manter a vacinação em dia são preceitos fundamentais para evitar a propagação desses vírus.
A mononucleose, também conhecida como ‘doença do beijo’, é transmitida principalmente pelo contato íntimo, através da saliva. Os sintomas, que se manifestam após algumas semanas do contato com o vírus, incluem dor de garganta, febre e aumento dos gânglios do pescoço. A Mononucleose é uma doença viral aguda, cujos sintomas aparecem entre quatro e seis semanas após o contato com o vírus. Embora a maioria dos pacientes se recupere em poucas semanas, a vigilância é crucial para detectar complicações.
A herpes labial, provocada por um vírus disseminado através do beijo ou contato com a saliva infectada, é caracterizada por bolhas dolorosas ao redor da boca. O contato com o vírus pode acontecer ainda na infância e fatores como exposição solar e o estresse podem desencadear recorrências dessas lesões, que aumentam o risco de transmissão quando visíveis. Quando há lesões visíveis do herpes, a transmissão é muito mais provável de ocorrer.
A leptospirose, doença infecciosa febril aguda transmitida pela urina de animais, (principalmente ratos), contaminados pela bactéria Leptospira, sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. As inundações frequentes durante os períodos de chuva propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência dos casos. Os primeiros sintomas da leptospirose são febre, dor muscular (principalmente na panturrilha), falta de apetite, náusea e vômitos.
Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorrem manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença, com icterícia, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Pode haver necessidade de internação hospitalar. “Durante o Carnaval, procure utilizar calçados que protejam todo o pé, evite o contato com lama ou água de enchentes e proteja ferimentos com bandagem à prova de água”, enfatiza a infectologista.
Já as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 60% dos brasileiros acima de 18 anos afirmam não usar preservativo em suas relações sexuais. Neste período, em que há uma combinação de bebidas alcoólicas com a euforia da folia, os riscos de HIV, Sífilis, gonorreia, Hepatite B, herpes genital e o HPV aumentam. A única maneira de prevenir a transmissão dessas doenças é utilizando preservativo interno ou externo em todas as relações.
“Para a prevenção do HIV, há ainda a PREP (Profilaxia Pré-exposição) e a PEP (pós-exposição), com a utilização de antirretrovirais. Informe-se e, se tiver dúvida, não deixe de fazer o teste!”, reforça Dra. Michelle.
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