Lançamento da Revista Pihhy e o resgate da cultura indígena

Imagem Ilustrando a Notícia: Lançamento da Revista Pihhy e o resgate da cultura indígenaFoto: Alexandre Herbetta

No cenário dinâmico da cultura indígena no Brasil, surge a Revista Pihhy, um projeto que busca resgatar e disseminar os ricos conhecimentos ancestrais das populações originárias. Em uma entrevista com Alexandre Herbetta, coordenador da revista e professor do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI), foram revelados os bastidores e objetivos dessa iniciativa.

A ideia da revista nasceu no Ministério da Cultura, mais precisamente na diretoria de Educação e Formação Artística, sob a liderança da artista educadora Naine Terena, diretora de Educação e Formação Artística da Secretaria de Formação Livre e Leitura do Ministério da Cultura. Inspirou-se na diversidade cultural do Brasil para criar uma revista digital que se tornaria a primeira revista indígena apoiada no âmbito institucional e governamental.

A revista ‘Pihhy’ em mehi jarka, na língua falada pelo povo Mehi-Krahô, significa semente e representa a primeira iniciativa do ‘Programa Conexão Cultura e Pensamento’. Resultado da parceria entre o Ministério da Cultura e o Curso de Educação Intercultural, Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Goiás (UFG), a publicação busca fortalecer espaços públicos de reflexão e diálogo, especialmente ao integrar a presença indígena em diferentes campos de atuação. A proposta visa estimular a criação, produção e circulação de materiais de autoria indígena, baseados em conhecimentos plurais e ancestrais, evidenciando a riqueza da pluralidade epistemológica no Brasil.

“O Brasil possui mais de 300 povos indígenas e mais de 270 línguas identificadas, cada um contribuindo com uma riqueza inestimável. Esses conhecimentos oferecem perspectivas profundas e soluções para desafios contemporâneos, como sustentabilidade, aquecimento global e formas de governo democrático”, destaca Alexandre.

A equipe por trás da revista revela uma estrutura robusta e diversificada, liderada pelo coordenador Alexandre Herbetta, que compartilha a coordenação com o professor Gilson Tapirapé, o primeiro professor indígena da Universidade Federal de Goiás.

A equipe é composta por pesquisadores e curadores indígenas, com destaque para membros como Mirna Kambeba, Ana Cristina (formada em ciências sociais) e Alecrim, um artista indígena que contribui ativamente. Alexandre e Gilson são conectados a um curso de educação intercultural na UFG, colaborando com mais de 200 professores indígenas de cinco estados brasileiros (Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão e Minas Gerais) e mais de 30 populações indígenas. Essa iniciativa é vinculada a outros cursos de educação intercultural, formando uma extensa rede de professores, intelectuais, artistas e mestres indígenas.

“A proposta da revista é promover e expandir essa rede já existente, conectando professores e professoras indígenas, artistas, intelectuais e mestres e mestras em todo o território nacional,” destaca Alexandre. A busca pela ampliação dessa rede visa fortalecer os laços com os territórios indígenas e enriquecer ainda mais a diversidade cultural representada na revista.

💥️Lançamento e conteúdo da primeira edição

O grande dia do lançamento da revista está se aproximando, agendado para a próxima segunda-feira (29), com um programa diversificado que destaca a riqueza da cultura indígena e a importância da pluralidade de conhecimentos.

A manhã será marcada por uma cerimônia presencial na UFG, com a presença esperada de autoridades, incluindo representantes do Ministério da Cultura e da Universidade Federal de Goiás. O evento terá início no auditório da biblioteca central e será transmitido via webinário, conectando autores indígenas que contribuíram para a primeira edição.

O conteúdo da revista inaugural promete ser impactante, apresentando uma variedade de contribuições, como o professor Bruno Kaingang, o áudio-livro do educador José Cuchacricati com participação da escritora Desana Beth Morais, uma proposta artística de Desana Cariri, a performance da artista indígena Mirna Cambé, textos da professora Glicéria Tupinambá e do professor Vilmar Guarani sobre direito indígena, depoimento de uma anciã Henkraô traduzido pelo professor Fábio Tchancan Pará, e o lançamento de um livro de alfabetização em língua caingangue.

A proposta da manhã inclui não apenas a apresentação da revista, mas também uma fala institucional abrangente, contextualizando a importância do evento. Na parte da tarde, uma mesa redonda com atividades especiais reunirá figuras destacadas, como o professor Bruno, a professora Naini Terena, o professor Edson Caia Pó e a professora Creuza Prumqui Craô. O foco da discussão será a relevância das universidades, das políticas educativas e públicas, destacando a necessidade de reconhecer e valorizar a pluralidade de conhecimentos existentes no território brasileiro.

A mesa redonda explorará profundamente as implicações da violência e do empobrecimento quando o país negligencia a riqueza proporcionada pela diversidade cultural e de conhecimentos. Este evento promete ser mais do que um simples lançamento; é uma oportunidade para a reflexão e aprofundamento sobre a importância da preservação e promoção das riquezas culturais e intelectuais indígenas no Brasil.

💥️Primeira edição e destaque de contribuições

A primeira edição apresentará contribuições variadas, desde textos e áudio-livros até performances artísticas. Destacam-se nomes como o professor Bruno, a escritora Desana Bete Morais e a artista Desana Cariri. O evento será presencial na UFG, mas também transmitido virtualmente, visando uma ampla participação.

💥️Alcance nacional e perspectivas futuras

A proposta é avançar na ampliação do público ao longo das 12 edições da revista. Herbetta destaca a conexão com territórios indígenas, mestres e mestras da cultura como parte fundamental do projeto. 

A Revista Pihhy, através de suas edições mensais hospedadas no site do MinC, oferecerá uma ampla gama de materiais em língua portuguesa, bilíngues ou plurilingues, além de versões em inglês. Este ambiente digital abordará temas cruciais como educação, direitos, conhecimentos, política, ciência e artes, explorando categorias específicas como ‘Já me transformei em Imagem’, ‘Mestres de Cultura’, ‘Cadernos Educativos’, ‘Literatura Indígena’, ‘A Palavra da Mulher é Sagrada’ e ‘Vibrações, Sons, Corpos e Direitos Indígenas’.

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