Veiga Valle: Celebrando o legado de um ícone das artes em Goiás
José Joaquim da Veiga Valle, conhecido como o imortal Veiga Valle, é uma figura notável no cenário das artes em Goiás. Nascido em 9 de setembro de 1806 no Arraial da Meia Ponte, hoje Pirenópolis, o artista autodidata alcançou reconhecimento por suas esculturas, principalmente no campo da arte sacra. Este ano de 2024 marca os 150 anos da morte do artista, e uma série de celebrações estão em curso para homenagear e lembrar o legado deste importante ícone da arte goiana.
No lançamento do selo comemorativo do sesquicentenário de Veiga Valle, organizado por Achkar Petrillo, os eventos inaugurais foram marcados por uma missa na Igreja São Francisco de Paula, na cidade de Goiás. Posteriormente, a Exposição a Céu Aberto foi aberta ao público, oferecendo uma visão das obras do artista, registradas pelas lentes de Paulo Rezende e com curadoria de PX Silveira. As homenagens também se estenderão à cidade natal de Veiga Valle, Pirenópolis, a partir de 21 de janeiro.
As comemorações em Pirenópolis estão previstas para iniciar no dia 21 de janeiro, com a exibição do filme ‘Passos da Tradição’, uma produção de Carlos Cipriano, marcada para às 14h no Cine Pireneus. O programa inclui um cortejo, missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, um recital e uma serenata pelas ruas, preenchendo o dia com atividades voltadas à celebração e reverência à vida e obra do ilustre artista Veiga Valle.
Envolvendo a Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, o Instituto Biapó, o Museu Casa de Cora Coralina e a Prefeitura de Goiás, a iniciativa também conta com o apoio fundamental da Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás).
No contexto da cidade de Goiás, os eventos de homenagem a Veiga Valle irão ocorrer de forma mais concentrada entre os dias 22 e 27 de janeiro. A abertura oficial das celebrações terá lugar na Igreja São Francisco de Paula, às 20h, com a exposição Veiga Valle, composta pelas obras do artista, capturadas pela lente da fotógrafa Karina Carvalho. Além disso, a programação irá incluir visitas guiadas ao Museu de Arte Sacra da Boa Morte, que apresenta um expressivo acervo de peças do artista, missas, serenatas e um painel de discussão envolvendo os principais estudiosos da obra de Veiga Valle.
💥️Legado de destaque
Embora não haja registros precisos do número exato de obras produzidas por Veiga Valle, a visibilidade de seu talento aumentou significativamente por volta de 1830, quando uma de suas esculturas do Divino Pai Eterno ganhou renome entre os devotos. Uma das obras mais conhecidas do artista é a escultura que hoje repousa no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, localizada na cidade de Trindade, Goiás, considerada uma das suas principais criações.
Em 1841, o artista mudou-se para a cidade de Goiás, onde dedicou-se à douração dos altares da Igreja Matriz e, posteriormente, intensificou seu trabalho nas esculturas sacras. Veiga Valle faleceu em 24 de janeiro de 1874, mas a verdadeira valorização de sua contribuição artística emergiu anos mais tarde, por meio de catalogações e exposições, inclusive no Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Veiga Valle é considerado o principal representante do estilo barroco em Goiás e um dos principais artistas sacros do estado. Frequentemente comparado ao “genial santeiro goiano” e referenciado como o Aleijadinho goiano ou o Fra Angelico brasileiro, seus feitos artísticos são registrados com admiração por estudiosos e pesquisadores, como destacou Fernando Martins dos Santos em sua dissertação de mestrado sobre o artista.
Seu legado artístico é guardado em mais de 200 criações expostas no Museu de Arte Sacra da Boa Morte, na cidade de Goiás, representando momentos vívidos de sua genialidade. As obras são não apenas um testemunho da habilidade técnica de Veiga Valle, mas também um reflexo de sua devoção e fé, perpetuando-se como um elo com a época em que foram criadas, atravessando gerações e colecionadores, mantendo viva sua arte e espiritualidade.
A vasta produção de Veiga Valle reflete a riqueza e diversidade de sua expressão artística. Suas esculturas, em especial as representações de Nossa Senhora e dos Meninos Jesus, testemunham a devoção e a importância religiosa na sociedade da época. Com maestria, ele capturava a essência e a piedade dos santos em suas peças, dedicando-se a cada detalhe das imagens sacras, imprimindo-lhes um profundo sentido espiritual.
Além de expressar a religiosidade popular, suas obras serviam também como testemunho de um período histórico-cultural em Goiás. A precisão nos detalhes e os acabamentos refinados de suas esculturas elevaram Veiga Valle ao patamar dos grandes mestres da arte sacra no país.
Seu estilo, profundamente enraizado no Barroco, revela uma habilidade técnica notável e uma sensibilidade para expressar a emoção e a fé por meio das esculturas. Embora o Neoclássico fosse o estilo predominante no século XIX no Brasil, a obra de Veiga Valle se destaca justamente por manter a tradição e a estética barroca, resgatando e preservando a herança artística e religiosa da região.
Veiga Valle, ao longo de sua carreira, dedicou-se não apenas à produção de imagens sacras para igrejas e irmandades, mas também deixou um legado de conhecimento e técnica artística para as futuras gerações de escultores em Goiás. Seu impacto na cultura goiana transcende sua própria vida, influenciando outros artistas e preservando a tradição da escultura sacra na região.
Vale ressaltar que a influência de Veiga Valle ultrapassou as fronteiras de Goiás. Sua contribuição para a arte sacra não apenas enriqueceu o cenário cultural do estado, mas também deixou uma marca expressiva na história da arte brasileira. Suas esculturas atuam como testemunhos silenciosos de devoção e habilidade artística, preservando a tradição e a história da fé religiosa na região Centro-Oeste do Brasil.
O legado de Veiga Valle, além de celebrado, é motivo de muitos estudos, não apenas pelo seu valor artístico, mas também por sua importância histórica e cultural. Suas obras continuam a encantar e inspirar, sendo preservadas e exibidas em museus e espaços dedicados à arte sacra, mantendo viva a memória e a devoção religiosa que marcaram profundamente a sociedade goiana do século XIX.
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