Navegando metas: O roteiro emocional e estratégico do ano novo
O final de ano, época repleta de expectativas e celebrações, carrega consigo um peso emocional que pode impactar a saúde mental de muitos. No Brasil, uma nação marcada pela intensidade de sentimentos, é apontado pela Organização Mundial da Saúde como o país com a maior taxa de ansiedade do mundo, afetando 9,3% da população. O contexto profissional, nesse período, pode acentuar sintomas ansiosos, seja pela pressão das metas a serem atingidas ou pelas festas de confraternização. Além disso, questões organizacionais, prazos ajustados, cenário político e social, somados à pressão financeira com os gastos típicos do período, se unem à expectativa social de felicidade, muitas vezes distante da realidade individual de cada um.
A virada de ano se aproxima e com ela muitas pessoas têm o hábito de estipular metas para o ano que vai se iniciar. De acordo com um estudo, coordenado por pesquisadores de universidades do Reino Unido e da Austrália, 64% das pessoas abandonam as resoluções de ano novo em menos de um mês. Outros 54% costumam carregar as metas não realizadas do ano anterior para o ano seguinte.
A psicóloga Vanessa Vilela explora esse fenômeno, destacando que o novo ano desperta a renovação: “A chegada de um novo ano renova as esperanças, reacende a vontade de realizar desejos, sonhos e objetivos ainda não concretizados. Então, estipulamos novamente metas para o ano vindouro, metas essas que, em muitos casos, já haviam sido feitas nos anos anteriores. A frustração de não termos conseguido a realização desses sonhos, mescla com o sentimento de renovação, de recomeço da passagem de ano trazendo a possibilidade de reconstrução”.
Sobre a frustração de não ter realizado o objetivo traçado anteriormente, a especialista orienta. “O problema é que queremos resultados diferentes, agindo da mesma forma. Muitas vezes, o que acontece é que estipulamos metas muito grandes, para alcançarmos em curto período de tempo, ou de forma meio mágica, sem muito esforço. Na primeira dificuldade, desistimos, achando que não vamos conseguir e voltamos ao padrão anterior. Uma forma melhor de lidar com a frustração, é olharmos para ela com a maturidade de um adulto, que aprende com o que não deu certo, para fazer diferente”, destaca.
Estabelecer prazos e delinear ações específicas em direção aos objetivos são etapas fundamentais na concretização de metas. Essa estruturação temporal e operacional permite uma visão mais clara do caminho a ser percorrido, fragmentando um objetivo maior em passos realizáveis. Compreender que as mudanças são inerentes ao processo é crucial, essa aceitação minimiza o receio associado a elas, incentivando uma mentalidade adaptável e facilitando a busca por soluções flexíveis.
Ao sugerir a conquista de pequenas metas diárias, Vanessa Vilela traz uma metáfora esclarecedora. “Uma dica legal para a conquista de um objetivo é estipularmos pequenas metas. É como se fôssemos fazer uma viagem do Rio de Janeiro para São Paulo de carro, por exemplo. Quando você sai e pega a estrada não vê a outra cidade logo de cara. O que se vê são os próximos 50 ou 100 metros. É percorrendo o caminho que vamos enxergando os próximos passos, até que chegamos no destino. Fracione as metas, fazendo 1% a cada dia, olhando para os próximos 50 metros apenas. Com a soma dos dias, chegaremos onde queremos e muito provavelmente não nos frustramos por estar querendo alcançar rápido aquilo que depende de uma construção, tijolinho por tijolinho. Quando chegarmos no final do outro ano, estaremos 365% melhores, pois fomos 1% melhor a cada dia”.
A realidade é uma bússola na definição de metas. A necessidade de ser realista não se restringe apenas à ambição, mas à viabilidade e tangibilidade dos objetivos traçados. Metas excessivamente ambiciosas ou irrealistas tendem a gerar mais frustração do que motivação, muitas vezes minando o impulso inicial de conquista.
Olhar para trás é tão vital quanto planejar para frente. A análise do ano anterior possibilita uma revisão crítica e produtiva dos feitos passados, identificando metas realizadas, aquelas que necessitam de ajustes, obstáculos superados e estratégias eficazes. Esse olhar retrospectivo serve como um guia valioso para traçar novos rumos e evitar repetições de falhas.
A disciplina se revela como um pilar na execução dos objetivos. A segmentação das metas em áreas específicas da vida é uma técnica que não só organiza o trajeto a seguir, mas também oferece clareza e direção. Esse direcionamento preciso e detalhado proporciona foco e evita a dispersão de esforços em direções não alinhadas aos objetivos traçados. Reconhecer a importância do apoio externo é também um ponto crucial nessa jornada. Pedir ajuda quando necessário não representa fraqueza, mas sim sabedoria. A orientação de pessoas que possam contribuir é um recurso valioso para superar desafios e impulsionar o alcance das metas estabelecidas. Essas estratégias podem não apenas ajudar a planejar de forma mais clara metas para um novo ano, mas também proporcionam um senso de realização progressiva ao dividir grandes objetivos em tarefas menores e factíveis.
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