Oppenheimer nos mostra o melhor e o pior de Christopher Nolan na mesma medida
Quando se fala de Christopher Nolan para mim eu raramente tenho algo bom a dizer. Isso é um fato. Porém, às vezes tento fazer certo esforço devido a importância que, eu querendo ou não, sou obrigado a reconhecer que ele tenha na indústria cinematográfica. Aqui fiz e, até certo ponto, valeu a pena.
Oppenheimer se divide entre filme de guerra, biográfico e thriller político, os três gêneros mais burocráticos do cinema e, até seu segundo ato, ele consegue triunfar. Temos aqui uma construção de personagem ótima com flashbacks, e flashforwards constantes, o que, confesso, me confundiu um pouco em certos momentos. Mas o importante é que isso não tira méritos da obra.
Entretanto, um dos problemas constantes de filmes dirigidos por Nolan é encontrado aqui com grande frequência. O diretor parece ser incapaz de montar personagens que parecem pessoas reais, mesmo esse filme sendo uma biografia. O personagem que se salva dessa incapacidade narrativa de Nolan é o principal, que tem uma construção mais humana e, mais importante, calma. Oppenheimer tem sua origem contada de forma espetacular. Falta charme, é claro, mas não vamos exigir muito de Nolan.
Os efeitos visuais também são excelentes, com inserções de mundo quântico que fazem com que o telespectador comum tenha certa clareza do que está acontecendo e do que virá a acontecer.
Agora vamos para o maior ponto negativo do filme: o terceiro ato.
No último ato do filme Nolan joga tudo que fez por água abaixo. As duas primeiras horas são excelentes, temos um thriller contundente de forma fácil de se entender e, mais importante, vemos a construção da maior arma de destruição em massa já utilizada. Querendo ou não é envolvente.
O terceiro ato é a grande falha do filme. Perdemos o senso de urgência que nos foi apresentado durante as duas primeiras horas. Nolan é sim um tecnocrata. Ele nos coloca tramas de romance, traição, reconciliação, mas o que nos interessa é a física por trás da construção daquela grande arma.
Com o senso de urgência jogado de lado, o que nos resta? A burocracia. As intrigas políticas. As vinganças pessoais de pessoas que, no fim, não deviam ter tanta importância. O diretor perdeu uma oportunidade imensa de nos mostrar como é a culpa, a dor e suas consequências. Nolan mais uma vez nos falhou em mostrar humanidade. E não está tudo bem.
Precisamos parar de tratar o diretor como um visionário perdido que só faz obras primas, o que nunca foi verdade. Voltando um pouco no tempo lembramos de Interstellar onde Nolan tentou fazer o contrário, mostrar humanidade de mais e questionar a intelectualidade de sua audiência, e falhou. E claro, esse filme não conseguiu me emocionar, tenta de novo amigão.
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