Aline Borges comemora entrada em ‘Pantanal’: 'Estamos em um tempo que vemos o levante de mulheres pretas’
A segunda família de Tenório (Murilo Benício), em 'Pantanal' — Foto: TV Globo/João Miguel Júnior
Em 💥️Pantanal, muito se fala de 💥️Zuleica. 💥️Guta (💥️Julia Dalava) e 💥️Maria Bruaca (💥️Isabel Teixeira), respectivamente, filha e esposa de 💥️Tenório (💥️Murilo Benício), já sabem da existência dela, e até o dito cujo disse o nome na cama, na hora errada. Mas, muito em breve, a personagem irá, de fato, ter um rosto e história. Interpretada por 💥️Aline Borges, ela é a segunda esposa do fazendeiro, da família escondida em São Paulo, mas que, em breve, se mudará para o 💥️Pantanal.
💥️Uma descrição breve para um núcleo com muito a contar a, principalmente, representar.
“Ela é uma mulher muito bem resolvida na vida dela, independente, muito determinada. E tem um amor e proteção muito grande por esses filhos. É uma mulher preta. Tem total noção do quanto a vida pode ser mais difícil para esses filhos. Por conta de tudo isso, ela tenta manter esse seio familiar, essa figura paterna ali também”, relata a atriz, a apresentar a personagem.
Para a própria Aline, Zuleica representa um ponto de virada em sua carreira, que, não por acaso, vai de encontro com um universo social mais amplo, até então, não retratado com a ênfase que merecia pela teledramaturgia.
“É muito difícil ter esse espaço. Para mim, foi importante chegar nesse lugar através da minha negritude. (...) Estou com uma personagem muito bacana, em um papel de destaque, sem esse lugar pejorativo destinado a atrizes pretas, que é a subserviência, servindo. Sempre a copeira, empregada ou bandida. Então, ver a Zuleica, uma mulher formada, com a carreira dela, que não depende em absolutamente nada desse homem, é um presente mesmo. Estamos em um tempo que vemos o levante de mulheres pretas, que estão ocupando seus espaços, tendo coragem de resgatar sua autoestima, se fortificando umas nas outras”, comenta ela, que ainda aborda as divergências internas da personagem.
2 de 2 Aline Borges dá vida a Zuleica, em 'Pantanal' — Foto: TV Globo/João Miguel JúniorAline Borges dá vida a Zuleica, em 'Pantanal' — Foto: TV Globo/João Miguel Júnior
Zuleica alterna a maternidade dos três filhos, com o estudo, cuidados do lar e a vida entre plantões – ela é enfermeira. A princípio, tudo a distancia de Maria Bruaca, que, por sua vez, largou a submissão a Tenório, após descobrir da família paralela.
Mas, mesmo com todas as diferenças, as personagens têm um ponto de convergência que muito as une e que não é o fato de dividirem o mesmo marido.
“Quando a história se desenrola, nos textos e nas cenas, fica nítido a preocupação que a Zuleica tem em relação a essa outra mulher. Existe uma sororidade, um respeito que o autor faz questão de deixar muito claro no texto. Não há rivalidade entre essas mulheres. Existe uma situação em que elas foram colocadas e várias camadas que prendem as duas ao Tenório por questões diferentes”.
Na construção da personagem, Aline destaca um contraponto que considera como interessante: como essa mulher tão independente pode se relacionar a um homem como o Tenório?
“O casamento deles é de acordo, de escolhas, por um segredo, uma questão do passado muito forte que a Zuleica carrega. Ela conhece esse homem, mas não sabe exatamente quem é o Tenório, talvez pelo fato de ele ser esse pai e marido passageiro. Por conta desse segredo dela, era muito conveniente (esse casamento). O Tenório chegou em um momento muito difícil da vida dela. Ela passou por uma situação violenta e abusiva e a abraçou. Ele ter chegado nesse momento fez com que ele tivesse um lugar muito especial. Ela topou ficar com ele antes de saber do casamento”, explica.
Na versão original, escrita por Benedito Ruy Barbosa, a personagem era interpretada por 💥️Rosamaria Murtinho e a família não era negra. A escolha pela atualização vem com um propósito bem traçado pelo autor do remake.
“O Bruno Luperi está reescrevendo muita coisa da novela, trazendo para o cotidiano do nosso tempo, afinal, são 30 anos de diferença” contextualiza ela. “O público vai entender, de forma muito sútil, que esse pai rejeitou esses filhos de uma certa forma por não reconhecer a identidade racial deles. E talvez, racista do jeito que ele é, assumiu uma relação com essa mulher por ela não ser uma preta retinta”.
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