Ataques aos Huthis no Iémen, tensões com o Irão e o ‘Eixo da Resistência’: Israel já luta em três frentes de
“Máxima alerta.” Após a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, no último sábado, Israel ativou todos os sistemas de segurança, em antecipação possíveis reações dos aliados da milícia libanesa. As respostas verbais não tardaram a chegar por parte do Hamas, do Irão e até mesmo da Turquia, mas foram os Huthis, do Iémen, os primeiros a abrir um novo frente: poucas horas após o assassinato do líder xiita, lançaram um míssil em direção ao Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, no momento em que Benjamin Netanyahu regressava de uma viagem a Nova Iorque. O míssil foi, no entanto, interceptado.
A ofensiva israelita não abrandou. Na manhã de domingo, os bombardeamentos contra Beirute e outras regiões do Líbano continuaram, resultando na morte de Nabil Qaouk, comandante da unidade de Segurança Preventiva da organização xiita. Paralelamente, a Guarda Revolucionária do Irão confirmou a morte do subcomandante de operações da força militar, o general de brigada Abbas Nilforushan, no ataque israelita contra Beirute na sexta-feira, que também resultou na morte de Nasrallah. “É obrigatório que todos os muçulmanos enfrentem o regime usurpador, cruel e maligno do cão raivoso sionista”, declarou o aiatola Khamenei.
Ao meio-dia, Israel lançou uma ofensiva contra o Iémen. Um ataque aéreo “em grande escala” destruiu os dois principais portos do país, localizados nas cidades de Al Hodeida e Ras Issa, bem como duas centrais elétricas. O Ministério da Saúde dos Huthis condenou “veementemente a brutal agressão sionista contra o Iémen” e garantiu que um ataque “dirigido a alvos civis não ficará sem uma resposta dura e dissuasora”.
De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), os alvos selecionados eram utilizados pelos Huthis para “transferir armas, abastecimentos militares e petróleo para o Irão”.
Os militantes iemenitas declararam que ataques deste tipo, utilizando mísseis balísticos ‘Palestina 2’, continuarão até que “a agressão contra Gaza e o Líbano cesse”, reiterando assim o seu apoio como parte do denominado ‘Eixo da Resistência’.
Em resposta à ameaça, Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, afirmou: “A nossa mensagem é clara: para nós, nenhum lugar está demasiado longe”, referindo-se ao ataque que ele próprio monitorizou a partir de uma sala de comando das forças aéreas.
As condenações por parte de Teerão não demoraram a surgir. “Este ataque é uma prova da natureza desumana do regime sionista”, afirmou o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. “Não se deve permitir que Israel ataque os países do ‘Eixo da Resistência’ um após o outro.”
Naser Kananí, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, acrescentou: “As ações do regime sionista com o ataque ao Iémen e às infraestruturas e serviços civis constituem uma clara e repetida violação da Carta das Nações Unidas, e a comunidade internacional tem a responsabilidade de enfrentar o regime.”
Simultaneamente, acusou os Estados Unidos de “apoiar incondicionalmente os crimes sionistas” após os ataques contra os Huthis.
“O Exército de Israel realizou um ataque preciso na zona de Dahye, em Beirute”, anunciou um comunicado militar no domingo. Além dos líderes xiitas, o Exército afirmou ter eliminado mais de duas dezenas de membros “de diversos escalões”.
“Estas mortes não significam o fim do Hezbollah, pois está profundamente enraizado na sociedade libanesa, mas permitem-nos empurrá-los para o norte do Líbano e criar as condições para que os residentes evacuados possam regressar às suas casas”, explicou o porta-voz militar, Roni Kaplan.
De forma semelhante, Miri Eisin, que serviu mais de 20 anos na inteligência militar israelita e dirige o Instituto Internacional de Contraterrorismo de Israel, afirmou que, apesar de se tratar de ataques “muito eficazes”, ainda não se pode falar num “xeque-mate” contra o grupo libanês xiita.
“Israel ainda enfrenta ameaças militares adicionais imediatas, apesar da morte de Nasrallah, como o arsenal e as armas do Hezbollah, bem como todos os túneis perto da fronteira”, acrescentou.
Por isso, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, revelou que o corpo militar está a avaliar uma “expansão das atividades” das forças armadas no fronte norte, que poderá incluir uma invasão terrestre, embora de carácter muito limitado, conforme indicou a imprensa israelita.
Apesar dos vários frentes simultâneos que Israel enfrenta, os ataques à Faixa de Gaza continuam intensos. As operações militares israelitas na região resultaram na morte de pelo menos 11 palestinianos, enquanto aviões de guerra bombardearam várias áreas no norte, centro e sul.
Uma escola que albergava palestinianos deslocados em Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, foi um dos edifícios atacados, provocando a morte de quatro pessoas e ferindo várias outras, segundo os médicos de Gaza.
O exército israelita afirmou ter alvejado militantes do Hamas que operavam a partir de um centro de comando integrado num recinto que anteriormente tinha servido como a escola Um Al-Fahm.
Num outro ataque, três pessoas perderam a vida numa casa na cidade de Gaza, de acordo com os relatos médicos. Outras quatro pessoas morreram em três ataques aéreos separados em Nuseirat e Jan Younis, nas zonas central e sul da Faixa de Gaza.
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