Ladrão de livros raros, após documentário no Globoplay, escreve as suas memórias

O ladrão de livros raros Laéssio Rodrigues de Oliveira, que furtou milhares de obras de bibliotecas e museus brasileiros nos anos 1990 e 2000, está escrevendo, veja só, um livro. Será sobre sua passagem pelo complexo penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, onde esteve de 2007 a 2012, e detalhará diversos furtos, alguns deles cinematográficos, que o levaram ao encarceramento.

Laéssio foi objeto de uma série de reportagens da 💥️Folha em 2018 e 2023, quando escreveu uma carta ao jornal denunciando que algumas gravuras expostas no Itaú Cultural de São Paulo, na avenida Paulista, tinham sido furtadas por ele próprio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro 15 anos antes.

As obras pertenciam ao álbum "Souvenirs de Pernambuco", composto de 12 gravuras de autoria do alemão Emil Bauch, impressas na Europa em 1852. Após perícia, o Itaú Cultural devolveu as peças à Biblioteca Nacional e iniciou um processo de revisão de sua coleção Brasilianas.

Ainda buscando uma editora, Laéssio pretende mostrar "a realidade do sistema prisional por dentro", diz ele, como o fato de, em certa ocasião, ter pagado R$ 1.000 para dormir em um local menos lotado na prisão.

O livro tem o título provisório de "Abalei Bangu" e está em processo de escrita. "Tenho 150 páginas já prontas e faltam outras 150", diz ele, mostrando à reportagem dois cadernos universitários nos quais está escrevendo o texto à mão.

Laéssio vai contar, por exemplo, como furtou 40 mil gibis de uma biblioteca carioca no Carnaval de 2006. "Estavam no anexo da instituição e nem haviam sido catalogados ainda. Eram coleções da Ebal, do Globo e da Abril. Subornei os três funcionários do local e, um dia, cheguei com três caminhões."

"Foi preciso alugar três quartos do hotel em que eu estava, no Flamengo, para guardar as 40 mil revistas. Alguns dias depois, estavam numa casa de São Bernardo. Esses gibis fui vendendo aos poucos para colecionadores", conta.

Hoje, ele é conhecido pelos diretores de todas as instituições importantes do Brasil, de onde estima já ter "subtraído", como prefere dizer, 60 mil itens. A maioria é formada por revistas, mas há livros, gravuras e "umas 10 mil fotografias", em suas palavras.

Articulado, Laéssio foi à escola aprender a furtar melhor. "Entrei na faculdade de biblioteconomia para saber como me portar no meio dos bibliotecários, apenas para roubar melhor", conta ele, que cursou três anos na Fesp, na Vila Buarque, em São Paulo.

"Faltou um para me formar", afirmou à Folha em 2018. Quem quiser saber mais sobre a trajetória do criminoso pode assistir "Cartas para um Ladrão de Livros", documentário de 2017 dirigido por Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros. Com uma hora e 36 minutos, o filme está no Globoplay.

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