Mortes: Teve a sanfona como grande paixão e acalento na vida

Sebastião Manoel teve o primeiro contato com uma sanfona ainda criança, aos 12 anos. E foi com uma especial, a de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, enquanto tomava um café, pediu-lhe para cuidar do seu instrumento. Brincando de tocar, o menino chamou a atenção do músico famoso, que sugeriu ao seu pai que comprasse uma para ele. O encontro foi o início de sua paixão pela sanfona.

Em todos os shows do ídolo próximos a Bonito (PE), onde nasceu em 9 de novembro de 1940, Sebastião se fazia presente e era convidado a subir no palco. Adolescente, foi morar em São Joaquim do Monte (PE). Trocou a pequena sanfona por uma maior e começou a fazer shows em casamentos e batizados.

Foi em uma de suas apresentações que conheceu Josefa Francisca, com quem se casou ainda jovem. Em Pernambuco, o músico e a professora tiveram um casal de filhos, José Aparecido e Maria Nazaré.

Após uma viagem para Senhor do Bonfim (BA), Sebastião se encantou pela cidade e resolveu se mudar com a família em busca de melhores condições. Na Bahia tiveram mais uma filha e construíram a vida. Após mais de 50 anos ali, Tião dizia que era "bonfinense de coração".

Na cidade conhecida como a capital baiana do forró, tornou-se um dos nomes mais queridos das festas juninas. Foram incontáveis arraiás animados por seu trio pé de serra, o Raízes do Forró. O sanfoneiro tocava sempre com vestes tradicionais, customizadas pelas próprias mãos com pedrarias e enfeites.

"Ele era muito carismático com todo mundo, acho que Senhor do Bonfim toda o conhecia", diz a filha Maria Erivânia da Silva, 47.

O instrumento, de tão presente no seu dia a dia, se tornou seu sobrenome, e ele virou Tião da Sanfona. Foi também foi seu acalento nos momentos de dor, quando ficou viúvo, há 30 anos, e quando perdeu o filho, mais recentemente.

Tião não sabia ler nem escrever, mas tinha expertise para compor. Criava melodias na sanfona e guardava as letras na memória, que sempre foi boa, mesmo com o passar dos anos. Algumas de suas canções foram eternizadas em um CD lançado há cinco anos. "Na capital baiana do forró, o forró melhor é o forró do trem", canta em uma das músicas.

Também era muito bom de conversa, gostava de ir à rua para encontrar amigos e bater papo. Mas sua rotina era mesmo tocar e fazer versos. Como música preferida, igual a muitos sertanejos, tinha "Asa Branca", eternizada pelo mestre Luiz Gonzaga.

Tião da Sanfona, que durante sete décadas fez o povo dançar forró, morreu no último 14 de julho, aos 83 anos, após duas convulsões em casa. Deixa as filhas Maria Nazaré, 55, e Maria Erivânia, além de seis netos e três bisnetos.

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