Corrida une Pablo Marçal e Tabata Amaral, sua algoz na disputa pela prefeitura paulistana
Com seu domínio das redes sociais e maestria no uso da infame teologia da prosperidade, Pablo Marçal é o grande nome das eleições de 2024, quiçá das próximas também, para o mal e para o mal.
Magnético, provocador e deturpador das regras básicas de convívio, ao menos as dos debates eleitorais, o agora ex-coach tem, como se sabe, uma coleção de esqueletos no armário.
Alguns deles se conectam com a atividade física e, principalmente, com a corrida. Houve a morte de Bruno Teixeira, colaborador de 26 anos, numa "maratona surpresa" feita como dinâmica de grupo de uma das empresas do prefeiturável. Teixeira, segundo o laudo pericial, morreu de infarto agudo do miocárdio possivelmente provocado por "esforço excessivo".
E houve o resgate do grupo de "clientes" no Pico dos Marins, na Mantiqueira paulista, por bombeiros. A subida, que está longe de ser a mais desafiadora do montanhismo brasileiro, virou verdadeiro "survivor" dadas as terríveis condições climáticas.
Nos dois casos, o candidato do PRTB, o partido do Aerotrem, mudou versões, avançou e recuou na admissão de sua liderança – ou influência – nos eventos.
Mas como a vida imita a arte, Tabata Amaral, hoje por razões estratégicas a principal oponente de Marçal na campanha eleitoral – haja vista o vídeo demolidor que sua campanha divulgou esta semana –, é também corredora.
Ela participou da mara do Rio, no primeiro sábado de junho, concluindo ali a primeira meia maratona de sua vida. Estava ao lado de seu namorado, o prefeito de Recife, João Campos, outro corredor.
(E também deste colunista, mas isto não vem agora ao caso.)
Ao concluir os 21km, Tabata celebrou muito, como mostra sua conta do Instagram. Escreveu: "Correr mudou a minha vida! Além de fazer um bem danado para a mente, corpo e coração, o sentimento de cruzar a linha de chegada e de se superar é único.
E tudo isso me motiva a trabalhar para que a nossa população tenha acesso a espaços verdes, caminháveis e que estimulem a prática de atividade física. Muito feliz e orgulhosa."
Fiquei pensando se Tabata participaria da tétrica "maratona-surpresa" organizada pelo time de Marçal. Ou seja, se preparada para os 21km, como estava, tivesse subitamente de se virar nos 42km.
É consensual entre treinadores, fisioterapeutas e atletas com alguma experiência que a maior causa de lesões na corrida é o aumento súbito de volume (quilometragem) ou de intensidade (ritmo/esforço).
Quem já está acostumado a grandes quilometragens sente menos, portanto, o acréscimo de mais treino de volume; a mesma lógica vale para os adeptos do intervalado e seus tiros exaustivos.
Tabata, que faz da educação sua principal bandeira, certamente pensaria bem antes de tomar uma decisão na situação hipotética. Arrisco dizer que ela não se deixaria levar pela emoção e pelos gritos de ordem e incentivo do time de Marçal.
Esporte nos programas de governo
Os programas de governo de ambos os candidatos realçam previsivelmente o esporte como ferramenta auxiliar de educação e de bem-estar.
Marçal fala em "fomentar" parcerias com clubes, academias, universidades e empresas para "proporcionar recursos adicionais como treinadores qualificados, equipamentos esportivos e acesso a instalações de qualidade".
Tabata é mais objetiva e propõe "abrir as quadras das escolas em período noturno e aos finais de semana para a prática de esportes coletivos pela comunidade". Também sugere a criação de "um programa no modelo "free pass" para uso de academias públicas de ginástica".
A candidata quer ainda um "programa de incentivo ao esporte feminino nas escolas" para promover "igualdade de oportunidades no desenvolvimento de futuras atletas".
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