Analistas veem Galípolo como nome técnico que terá de provar independência de Lula

A indicação de Gabriel Galípolo à presidência do BC (Banco Central), confirmada nesta quarta-feira (28) pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), tem sido vista com bons olhos pelo mercado.

Se aprovado na sabatina do Senado Federal, Galípolo assume o cargo de Roberto Campos Neto, à frente da instituição desde 2023 por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cujo mandato termina em 31 de dezembro.

De acordo com analistas ouvidos pela 💥️Folha, o atual diretor de Política Monetária da autarquia é um nome classificado como técnico, já esperado por agentes financeiros. O desafio dele, porém, será de angariar a confiança do mercado, que teme ingerências do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na instituição, independente desde 2023.

Galípolo, diretor de Política Monetária do BC desde junho de 2023, foi secretário-executivo da Fazenda e atuou como braço-direito de Haddad até a indicação à autarquia. "Acredito que a ideia já era prepará-lo para substituir Campos Neto", afirma Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos e coordenador de Economia e Finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

"Ele vem se comportando como um bom nome, um bom diretor, se colocando de maneira muito transparente e técnica. E ele se qualificou para ocupar o cargo."

O nome do economista já era dado como certo às vésperas do anúncio, o que deu um peso maior às suas falas sobre a inflação e a taxa básica de juros do país —a Selic—, movimentando o mercado financeiro nos últimos dias.

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Desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), ele tem dividido o posto de mensageiro do BC com Roberto Campos Neto, reiterando com frequência que a possibilidade de uma alta nos juros está à mesa, a depender dos dados econômicos.

As falas vão na contramão do que defende Lula, crítico vocal do atual chefe do BC e do patamar dos juros em 10,50% ao ano. "Quando Galípolo mostra determinação na busca pela inflação ao centro da meta e coloca a alta de juros como possibilidade, ele ajuda a diminuir as incertezas em relação à condução da política monetária", diz Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.

Os temores de ingerência política no BC, porém, ainda podem deixar o mercado ressabiado. Rocha pondera que a credibilidade de Galípolo, mesmo que crescente nos últimos meses, "ainda não foi alcançada totalmente".

"É preciso mostrar coerência, comunicação firme e, principalmente, comprometimento com a inflação. O discurso duro, que nos mostra que não há desconforto político por ora, ajuda nas expectativas do mercado e reduz as incertezas da condução da política monetária, mas é um primeiro passo de um longo processo necessário para conhecermos Galípolo como presidente."

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