Antes de investir, descubra as perguntas certas para se fazer ou arrisque perder mais do que dinheiro
Imagine-se na seguinte situação: você acaba de receber uma quantia significativa de dinheiro, seja pela venda de um imóvel, um bônus do trabalho, ou até mesmo uma herança inesperada. A sensação de ter esse recurso em mãos é empolgante, mas logo surge uma dúvida que muitos enfrentam: onde investir esse dinheiro? As opções parecem infinitas: ações, fundos imobiliários, títulos públicos, títulos privados, renda fixa IPCA, prefixada ou pós-fixada, dentre outros. Cada uma delas possui preços, riscos, e prazos diferentes.
Essa diversidade de escolhas pode ser avassaladora e, em vez de facilitar a decisão, acaba gerando confusão. Como escolher as melhores alternativas sem correr risco desnecessário? Para ajudar nessa escolha, antes de decidir onde investir, você deve se fazer quatro perguntas fundamentais.
Qual liquidez eu preciso?
Primeiro, pense em liquidez como uma boia salva-vidas financeira. Se você precisar acessar o seu dinheiro rapidamente, ele estará lá, ao alcance, sem perder valor? Entender sua necessidade de liquidez é crucial. Dinheiro que pode ser necessário para cobrir despesas imprevistas ou planejadas, como consertos emergenciais ou contas do dia a dia, deve estar em um investimento seguro e facilmente acessível. Um CDB ou fundo DI, por exemplo, são opções com alta liquidez.
Imagine a situação: você tem uma emergência médica e precisa de dinheiro rapidamente. Como se sentiria ao descobrir que a maior parte do seu capital está presa em um investimento de longo prazo e difícil de resgatar? Não permita que a falta de planejamento o coloque em uma situação vulnerável.
Qual o horizonte de investimento?
Agora, reflita sobre o tempo. Quanto tempo você pode manter o dinheiro investido sem precisar dele? Pense em um horizonte de investimento como a duração de uma viagem planejada. Se você tem R$ 100 mil e pretende usar esse valor como entrada para comprar um imóvel daqui a dois anos, seria sensato evitar investimentos que vencem após esse período ou que cobram penalidades pesadas para resgates antecipados.
Um horizonte de tempo mais longo permite que você assuma mais riscos em busca de retornos maiores. No entanto, se o seu prazo é curto, a prudência exige que você escolha investimentos mais conservadores. Imagine estar prestes a comprar seu tão sonhado imóvel e perceber que seu dinheiro está preso em um investimento de cinco anos. A frustração e a perda financeira seriam significativas. Por isso, alinhe seus investimentos com seus objetivos de curto e longo prazo.
Qual cenário eu acredito e como posso me aproveitar dele?
Essa é a pergunta que muitos ignoram, achando que pertence apenas aos economistas ou especialistas. Mas não se engane: ela é vital para qualquer investidor. Quando falamos de cenário, estamos nos referindo tanto ao cenário econômico quanto ao cenário de mercado. Pergunte a si mesmo: qual é a sua expectativa para a economia nos próximos meses ou anos? Acredita que o CDI vai subir ou cair? E o IPCA, qual é a sua previsão? Qual índice de renda fixa você acha que produzirá o melhor resultado no horizonte que você selecionou?
Entender o cenário em que você acredita é fundamental para fazer as escolhas certas. Por exemplo, se você aposta que o CDI continuará alto, pode ser interessante investir em produtos indexados ao CDI, como CDBs, CRIs, CRAs ou debêntures referenciadas ao CDI. Se, por outro lado, você acredita que a Selic vai cair e que a inflação é um risco, pode preferir títulos públicos ou privados indexados ao IPCA, que oferecem proteção contra a inflação e uma taxa de juros real atrativa.
Se você aposta no mercado de ações brasileiro, está acreditando em um crescimento dos lucros das empresas ou na expansão dos múltiplos de valorização? Por exemplo, nos últimos cinco trimestres, o crescimento de lucros médio das empresas do Ibovespa foi negativo. Muitos acreditam que essa fase ruim será revertida, mas será que esse é o cenário em que você confia? E se o cenário mudar? Se os juros subirem inesperadamente, como isso afetará seus investimentos?
Planejar com base no cenário que você acredita, mas estar preparado para o inesperado, pode ser a chave para investir com mais segurança e potencializar seus ganhos.
Quanto eu aceito perder caso o cenário projetado se mostre errado?
Finalmente, conheça a sua tolerância ao risco. Investir é como navegar em um mar que pode ser calmo, mas também pode ser tempestuoso. Qual é a sua disposição para enfrentar as tempestades financeiras?
O mercado é volátil e os cenários econômicos mudam constantemente, muitas vezes por fatores inesperados. Se você decide investir em ativos de risco, como ações, fundos imobiliários e multimercados, deve estar preparado para enfrentar perdas. Pergunte a si mesmo: quanto estou disposto a perder se o cenário que previ não se realizar? Saber essa resposta ajudará a definir a proporção adequada de risco em sua carteira.
Continuando com o exemplo das ações, imagine que os juros aumentem inesperadamente, elevando os custos financeiros das empresas e comprometendo seus lucros. Isso poderia resultar em uma queda significativa nos preços das ações, que subiram recentemente. Como você reagiria a uma queda de 3% ou mais no valor de sua carteira em um único mês? Ter essa resposta clara ajudará a evitar decisões impulsivas e a manter a serenidade em tempos de crise.
Responder essas quatro perguntas sobre liquidez, horizonte de investimento, cenário econômico e de mercado e tolerância a perdas é essencial para tomar decisões de investimento mais seguras e alinhadas com seus objetivos pessoais. Lembre-se: investir não é apenas sobre buscar o maior retorno possível, mas sim sobre fazer escolhas que estejam de acordo com a sua realidade e suas necessidades. Ao responder a essas perguntas, você não estará apenas escolhendo um caminho, mas traçando um mapa seguro para o futuro financeiro que deseja construir.
Michael💥️ Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da 💥️Casa do Investidor💥️.
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