Como Leonilson fez da arte um diário de suas angústias, amores e do medo da morte
"Não sei o que estou procurando. Às vezes têm uns caras por quem fico apaixonado, e acho que eles são o lugar que tô procurando, mas eles são só uma paisagem linda no meu caminho", diz Leonilson em uma das gravações que compõem seu diário em áudio.
A confissão é um prelúdio para a obra de um dos principais artistas brasileiros contemporâneos, que mesclou desenho, pintura, bordado e poesia para falar das próprias angústias e paixões por outros homens, no período em que o preconceito era impulsionado pelo temor da Aids.
A partir desta sexta-feira, sua obra é retomada em uma grande mostra retrospectiva no Masp, que dedica este ano a exposições que refletem sobre a história LGBTQIA+ na arte, em sintonia com um movimento internacional que põe em evidência a produção de artistas queer.
Com o desenho de traço fino, às vezes acompanhado de palavras, Leonilson descrevia seus desejos e frustrações por símbolos, quase como um surrealista. Em algumas obras, a pintura se somava ao desenho, como numa tela em que um coração realista está ao centro, num fundo vermelho. Dele saem duas veias, nas quais lê-se "inconformado" e "solitário". Sobre a figura paira, como um agouro, a frase "Leo não consegue mudar o mundo".
O órgão se repete em outros trabalhos, como em "Pescador de Pérola". Aqui, o traço se transforma em linha, e o coração foi costurado sobre um tecido verde e transparente. Seus trabalhos têxteis, nos quais as figuras são costuradas como detalhes, foram os mais proeminentes nos últimos anos de sua vida —que, no Masp, correspondem aos últimos núcleos da exposição em ordem cronológica.
Em uma série de pequenos desenhos, Leonilson celebra cada um de seus amores. Em um deles, duas espadas se cruzam sobre o piano, com o título "O Músico, o Desastre". Em outro, um polvo segura uma bola colorida em cada tentáculo: "O Melhor Amigo, o Várias Possibilidades".
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