Pesquisadores criam duas primeiras drogas antimaláricas 100% desenvolvidas na África

Cientistas do Centro de Descoberta e Desenvolvimento de Drogas (H3D, na sigla em inglês) da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, estão otimistas.

Isto porque, desde 2022, eles descobriram dois compostos diferentes capazes de inibir a ação do protozoário Plasmodium falciparum, causador da malária, em estudos em laboratório. A expectativa, após a chamada prova de conceito (em outras palavras, o teste de que a molécula de fato inibiu a ação em modelos em laboratório), é de iniciar os testes pré-clínicos (em animais) para, depois, avançar nos primeiros testes em humanos.

A novidade carrega uma forte esperança dos pesquisadores por dois motivos: as moléculas em teste são as duas primeiras que foram descobertas e criadas 100% no continente africano (enquanto muitas das drogas antimaláricas existentes tenham sido descobertas por laboratórios dos Estados Unidos ou continente europeu) e elas podem ser também testadas em um contexto de avanço da doença em países da África.

"Estamos bem otimistas, a nossa equipe inteira tem muito orgulho desta descoberta", disse à Folha John Woodland, bioquímico e pesquisador do H3D. "Principalmente porque 95% dos casos de malária graves causados por P. falciparum ocorrem em países subsaarianos."

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De acordo com o último relatório global de malária da OMS (Organização Mundial da Saúde), publicado em novembro de 2023, foram registrados 249 milhões de casos de malária no mundo em 2022, sendo a metade deles em países africanos como Nigéria (27%), República Democrática do Congo (12%), Uganda (5%) e Moçambique (4%). Mais de 600 mil mortes ocorrem anualmente.

No entanto, a África ainda importa cerca de 80% dos compostos e medicamentos utilizados para o combate da malária. Outro problema crescente tem sido a resistência dos protozoários às drogas, o que tem afetado o combate à malária em todo o mundo.

"Por isso é importante ter pesquisas feitas aqui, porque são drogas com um potencial de salvar muitas vidas para doenças infecciosas com alta carga no sistema de saúde", diz.

Combate à malária

Ações incluem prevenção, medidas de redução do vetor e tratamento

O primeiro passo para chegar em compostos anti malária foi o uso de uma ferramenta de inteligência artificial para filtrar, a partir de uma base de dados de milhares de moléculas, quais as com potencial para combater o parasito. Os pesquisadores identificaram então compostos conhecidos como inibidores de quinase –que são atualmente usados também no combate ao câncer– como potenciais medicamentos.

O primeiro deles foi o MMV390048 (que começou como MMV39001, MMV39002…. até a tentativa 48), uma molécula que bloqueia a ligação de uma proteína, conhecida como PI4K, do protozoário. Esta proteína tem uma função ativa no ciclo de vida do parasito. Nos testes, a molécula conseguiu inibir o desenvolvimento do P. falciparum em camundongos geneticamente modificados para apresentar células sanguíneas humanas.

Já a segunda droga em teste é considerada de segunda geração e recebeu o nome de UCT943, com a mesma função da MMV390048.

A malária é uma doença causada por um parasito do sangue, um protozoário do gênero Plasmodium. Ela é passada para humanos por meio da picada de mosquitos Anopheles (diferentes do Aedes e do mosquito comum) infectados. Na fase aguda da doença, são usados medicamentos à base de artemisinina, como a cloroquina, que é comprovadamente ineficaz contra a Covid.

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